Filho do PR vai gerir a Lotarias? (Maputo) Uma empresa de capitais malaios, da qual, alegadamente, faz parte o conhecido filho do PR, Nhimpine Chissano, está a tentar gerir a empresa de Apostas Mútuas de Moçambique ( E.E.). Trata-se da Afrásia. Um funcionário da Inspecção Geral de Jogos confirmou-nos o interesse de Nhimpine e dum malaio de nome Abdul Satar, na gestão daquela empresa. Um outro funcionário sénior daquela instituição, o Inspector Geral de Jogos, António Sumburane, confirmou-nos que a Afrásia pediu autorização para abrir lotarias. Foi-lhe explicado que uma empresa privada, com fins lucrativos, não pode por lei (13/93), ser proprietária de lotarias e actividades similares em Moçambique. Só o podem fazer entidades não lucrativas. Duas delas vão receber autorizações nesta área, confirmou ele. Uma é a FDC de Graça Machel. Essa lei inclui a "exploração de lotarias, totobola e concessões de jogo" nas actividades a serem exercidas em "regime de exclusividade" pelo Estado. Segundo António Sumburane, a IGJ disse a Afrásia que o que a Lotarias podia fazer legalmente era contratar uma empresa privada para a gerir. E confirmou-nos o interesse da Afrásia nessa opção, tendo Abdul Satar regressado a Malásia para discutir o assunto com a sua empresa. Não conseguimos apurar se já veio uma resposta. Porque é que a gestão privada da lotarias não vai a concurso público? "Não é forçoso haver concurso, já que se trata apenas de transferência de know how" Mas Sumburane especificou que o assunto está agora nas mãos do Ministro do Plano e Finanças, Tomás Salomão, o que dá a entender que a IGJ já cumpriu a sua parte. Aparentemente, o ministro ainda não tomou a decisão. LOTARIAS Uma fonte da Lotarias também nos confirmou o interesse da Afrásia. Segundo ela, entre Agosto e Setembro de 97 houve um encontro no qual estavam presentes a Afrásia, a Lotarias e a inspecção de jogos. O encontro serviu para a Lotarias tomar conhecimento do assunto. Eis o que apurámos na Lotarias: Tentámos durante vários dias contactar Abdul Satar. Ele, aparentemente, continua na Malásia. Comentário do "mt": 1. Que saibamos, a empresa Lotarias sempre deu lucro. Caso isto seja verdade, por que privatizar a sua gestão? Sem um argumento convincente, portanto, não concordamos com a privatização. Transferências de "know how" fazem-nas quaisquer empresas, privadas ou estatais. Isso não depende do regime de propriedade das empresas. E, caso fosse necessário dar esse passo, teria que ser por concurso público - num caso destes, exclusivamente para empresas nacionais. Não concordamos com entregas destas sem transparência, seja a quem for, e muito menos quando tudo aponta o envolvimento de um familiar do PR. 2. O leitor perguntará porque não ouvimos Nhimpine. Não o contactámos devido a duas razões: Em 97, aquando de um nosso trabalho sobre
o BPD, ele usou um tom de ameaça para connosco e, esta semana, por causa de um outro trabalho (ver "mt" 164), ele disse-nos claramente que não queria falar mais connosco.
Estamos, pois, libertados da obrigação de ouvir a sua versão dos factos. Se, no futuro, o Sr Nhimpine mudar de postura, naturalmente, registaremos o que tiver para
dizer. metical - arquivo 1998 |