Cheias no vale do Zambeze: A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), que tinha encerrado as suas comportas desde o princípio da semana para evitar o agravamento da situação de cheias no baixo Zambeze, vai recomeçar as descargas por razões de segurança, uma vez que já atingiu 85% da sua capacidade de encaixe. Ontem, a HCB estava a espera duma orientação da Direcção Nacional de Águas (DNA) sobre a quantidade de água que deve descarregar, uma vez que a reabertura das comportas é inevitável. A barragem está a receber cerca de 16 mil m³/segundo de água, quase o dobro do caudal que estava a receber no passado dia 13. A DNA diz que a subida deve-se fundamentalmente às descargas da Barragem de Kariba no Zimbabwe, que desde ontem está a libertar 3770 m³/s e às precipitações que ocorrem na bacia. Em Mutarara o Zambeze estava a 35 centímetros do nível de alerta, em Marromeu a mais de meio metro e em Caia a mais de 2 metros. Em Mutarara foi aberto mais um centro de acomodação, elevando o número destes para quatro, todos superlotados. Em Sofala, o rio Púnguè superou o nível de alerta em 1,53 metros, na estrada nacional nº 6. O vale do rio Púnguè, que banha o posto administrativo de Tica, está inundado, pelo que arrancaram ontem as operações de resgate das populações, através de canoas. Dezenas de palhotas estão submersas e centenas de hectares com culturas são dadas como perdidas. Em Nhamatanda mais de 30 famílias estão aglomeradas numa ponte sobre o rio Muda à espera de resgate. Na província de Manica, os distritos de Mossurize e Tambara estão isolados, três pessoas morreram afogadas nos rios Mossurize e Mudzingaze. Perto de 20 toneladas de alimentos foram já transportadas por avião para Caia. A operação, destinada a apoiar cerca de 2500 pessoas acomodadas na vila de Caia e no posto de Sena, vai ser complementada com outras 50 toneladas de produtos diversos que estão a ser transportados por camiões. Para Zambézia e Sofala, a Comunidade Muçulmana em Maputo enviou ontem 26 toneladas de carne enlatada, via marítima, e outras 10 toneladas de produtos diversos seguem para Beira, via terrestre. (Notícias, 16/02/01) Chuvas continuam a matar e desalojar no centro do país: Mais uma fábrica de alumínio em Moçambique? A empresa alemã Ferrostaal AG, ligada ao grupo MAN, estaria interessada em instalar em Moçambique um projecto siderúrgico de alumínio que utilize a energia produzida por Cahora Bassa. O investimento inclui concepção, financiamento, construção e operação de uma fábrica de alumínio. A empresa apresentou esta semana o projecto, no qual também podem entrar investidores norte-americanos, ao Governo português. Portugal tem uma dívida acumulada de 430 milhões de contos portugueses (mais de dois mil milhões de USD) para reaver em Cahora Bassa e pode ver neste projecto a possibilidade de recuperar parte do seu investimento. A Ferrostaal pertence ao consórcio que ganhou recentemente dois concursos na África do Sul para a venda de submarinos e navios de superfície, ao abrigo da qual deverá lançar com parceiros sul-africanos uma siderurgia de aço, no valor de 200 milhões de dólares. Recorda-se que em 1999 a Ferrostaal foi acusada, num artigo na revista Der Spiegel, de ter pago 200 000 marcos alemães ao então presidente indonésio Habibie; o pagamento teria sido feito em 1993, quando Habibie era ministro de Investigação e Tecnologia, e teria facilitado a adjudicação à Ferrostaal do projecto de construção de uma fábrica de aço na Indonésia. (O Público, 16/02/01) Em Maputo: Fernando Gomes, Delegado da Radio e Televisão Portuguesa (RTP) em Moçambique, foi vítima de uma tentativa de assalto à mão armada numa das avenidas da cidade de Maputo. Gomes estava dentro do seu veículo, parado num sinal vermelho, quando dois homens se aproximaram, um com uma pistola em punho, e tentaram forçar a abertura das portas da frente da viatura. Na ocasião um dos indivíduos, vendo que não conseguia abrir a porta, disparou um tiro que se alojou na parte superior da porta do carro de Gomes, que entretanto arrancou, batendo no "Audi" dos assaltantes que lhe barrava a passagem. Segundo Gomes, a cena foi assistida por um polícia da 3a Esquadra que se encontrava a 200 metros do local do incidente. Fernando Gomes está em Moçambique há 28 meses ao serviço da RTP e nunca tinha sido vítima de acto violento. (RM e Notícias, 16/02/01) Na gestão das florestas: O abate indiscriminado de espécies, a emissão de licenças falsas, a corrupção nos serviços da administração do Estado, o envolvimento de funcionários das direcções provinciais de Agricultura no corte de madeira e em roubos de grande vulto, cotas de abate atribuídas a amigos, duplicação de livros de registo, fuga ao fisco, exploração em zonas protegidas, marginalização do pessoal competente e a promoção de auditorias viciadas para esconder a verdade, eis a imagem do sector florestal no país. Esta é, de forma resumida, a conclusão a que chega um artigo, não assinado, no semanário Savana desta semana. A Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia (DNFFB), do Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural, é o organismo do Estado que responde pelo sector; mas na realidade os fundos do Orçamento do Estado, em vez de serem usados para proteger os interesses do país, servem para promover os negócios privados dos funcionários. Para ver os seus projectos aprovados pelo Ministério e pela Centro de Promoção de Investimentos (CPI), os investidores são obrigados a comprar os "serviços" da Sociedade de Estudos e Investimentos, propriedade do Director Nacional de Florestas e Fauna Bravia, Arlito Cuco, e de um técnico sénior do CPI ou da Eureka Lda., propriedade do ex-director nacional da DNFFB, Sérgio Chitará. Nas províncias obtém-se uma licença para abater quantidades acima do que a lei permite ou de espécies protegidas, passando cheques nominais a favor de determinados funcionários. O artigo apresenta uma série de exemplos concretos e afirma que as queixas vêm em primeiro lugar dos próprios empresários - aqueles que não fazem parte das redes de influência das chefias - mas também de técnicos do sector, de ONGs e da sociedade civil em geral. Em finais de Fevereiro terá lugar uma Reunião Nacional do sector. (Savana 16/02/01) Encerrada para obras: A ponte sobre o rio Inharrime, na província de Inhambane, que havia sido fechada ao tráfego durante 24 horas foi ontem reaberta a todo o tipo de viaturas, após a conclusão dos trabalhos de reabilitação. As obras consistiram no levantamento da respectiva estrutura metálica para uma altura de um metro da superfície, por forma a conferir mais espaço para a realização de trabalhos adicionais que se impõem na ponte, localizada ao longo da estrada nacional nº 1. A plataforma metálica ora levantada, foi colocada depos das enxurradas de 1999 terem danificado a ponte. A reabilitação completa e definitiva, a cargo da empreiteira CMC Esterro, deverá terminar em finais do próximo mês de Março. No interior da província de Inhambane, a ligação rodoviária entre a sede do distrito de Mabote e o Parque Nacional de Zinave está interrompida desde a noite de quarta-feira, na sequência das chuvas intensas que estão a cair na região. Por outro lado, há restrições na circulação de viaturas ao longo da EN1, mais particularmente no troço Pambara-Save. (Notícias, 16/02/01) Notícias de ontem (15 de Fevereiro): Procurador Geral Adjunto baleado por desconhecidos |