Os filhos rebeldes do Senhor Presidente Os filhos de Joaquim Chissano tornaram-se conhecidos em Moçambique pelos seus negócios obscuros, os desacatos e a arrogância com que se comportam OS FILHOS do Presidente Joaquim Chissano são muito famosos em Moçambique. Há já vários anos que os dois jovens - Nhimpine, de 31 anos, e Naite, de 29 - chamam a atenção da sociedade por causa das suas atitudes violentas, enriquecimento rápido e alegado envolvimento em negócios obscuros. Com a detenção de Nhimpine, supostamente por posse de cocaína, na África do Sul, noticiada na semana passada pela imprensa deste país, essa fama ultrapassou as fronteiras de Moçambique. O casal presidencial tem quatro filhos - dois rapazes e duas raparigas. Nhimpine Chissano, o mais velho, nasceu ainda a Frelimo lutava contra o
colonialismo português. Por isso, o seu nome significa em changana, a língua da etnia do Presidente, "na guerra". Fontes da Ponta Vermelha, o palácio presidencial de
Maputo, admitem que Chissano está "desiludido" com os filhos. A sua "má fama", em particular a de Nhimpine, terá começado há cerca de cinco anos, depois
de o rapaz ter regressado dos Estados Unidos, onde se diz que cursou Business e iniciou um processo de enriquecimento rápido a coberto do estatuto do pai. Negócios em profusão Hoje, Nhimpine está metido em muitos negócios. Um deles, por exemplo, é o exclusivo do fornecimento de viaturas para as conferências internacionais que se realizam em Maputo - um negócio que vive da importação temporária de Mercedes de luxo da vizinha África do Sul. Outro é a importação de bebidas alcoólicas, o que, segundo se diz, nem sempre é feito da maneira mais legal... Jornais moçambicanos já denunciaram o facto de o filho do Presidente usar o poder do pai para fazer singrar os seus negócios. Mas Nhimpine deve também a sua fama aos desacatos que provoca e à arrogância de que dá mostras.Recentemente, o jornal "Metical" contou um episódio ocorrido a propósito de um acidente de viação com um dos seus carros, cujo condutor foi levado à Polícia. Informado sobre o facto, Nhimpine irrompeu na esquadra, insultando os agentes e atirando coisas ao chão. Segundo o jornal, o comandante da esquadra protegeu Nhimpine, acusando os guardas que detiveram o motorista de "excesso de zelo". O falecido editor do "Metical", Carlos Cardoso, assassinado em Novembro por investigar, entre outras coisas, os crimes económicos em Moçambique, tinha dado instruções aos jornalistas para não voltarem a ouvir Nhimpine sempre que chegassem à redacção queixas sobre os seus negócios sujos. De cada vez que os repórteres do jornal contactavam Nhimpine, este reagia violentamente, insultava e ameaçava. Mas também Naite Chissano, o filho mais novo, parece estar a enveredar pelos caminhos do irmão. Em Novembro de 2000, depois de um ladrão ter roubado o emblema do seu Mercedes à porta de uma famosa discoteca de Maputo, Naite sacou da sua pistola e pôs-se a ameaçar de morte os guardas da discoteca. "Ele apontou-nos uma pistola. Encostou a pistola à cabeça de um meu colega e insultou-nos sem parar. Chamou-nos incompetentes e filhos da puta", contou um dos guardas ao EXPRESSO. Histórias como esta levam muitos moçambicanos a interrogar-se por que razão Chissano permite que os filhos se comportem assim. Uma fonte da Ponta Vermelha comentou ao nosso jornal que o Presidente não gosta disto e que entre ele e Nhimpine até já se gerou um ambiente de animosidade. O EXPRESSO apurou que Nhimpine age agora sób a protecção da mãe, que também se embrenhou no mundo dos negócios.
É que ela tem um certo poder sobre o pai, já que a guarda de elite de Chissano é comandada por homens makondes, a etnia de Marcelina. |