Moçambique on-line

mediaFAX de 17 de Dezembro 2002

1. Waty ainda não foi notificado
2. Opa vs Nini Satar


Caso Carlos Cardoso:
Waty ainda não foi notificado

(Maputo) Algumas testemunhas de defesa no caso do assassinato do jornalista Carlos Cardoso ainda não tinham sido notificadas até ontem. O mediaFAX apurou que o PCA do Casino do Polana, Teodoro Waty, ainda não estava informado sobre a possibilidade de ir a Tribunal depor como testemunha da defesa, esta semana. Waty disse-nos ontem que soube do assunto através da notícia do mediaFAX, acrescentando que "ir depor ao Tribunal é uma tarefa nobre na medida em que se trata de colaborar com o Estado e com a justiça".

Ele mostrou-se surpreendido com uma passagem da notícia do mediaFAX, segundo a qual ele acabava de receber da direcção do Casino documentação relacionada com as transacções efectuadas por Nini Satar. A surpresa assenta no facto de ele não ter sido ainda notificado, e logo não ter necessidade de se documentar sobre o assunto. Pelo menos, um dos três procuradores mencionados no nosso artigo de ontem também ainda não tinha sido notificado. A defesa do caso Carlos Cardoso deverá começar a apresentar as suas testemunhas a partir da próxima quarta feira.
(da redacção)

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Opa vs Nini Satar

(Maputo) Opa Manganhela, testemunha da acusação que presenciou várias cenas e conversas entre arguidos do caso CC na BO, reafirmou ontem o essencial da suas declarações prestadas no acto de produção antecipada de prova, ocorrido no mês de Outubro. Opa Manganhela foi arrolado pelo Ministério Público para participar numa sessão de acareação com o réu Nini, em função das contradições suscitadas pelos depoimentos dos dois ao longo dos autos.

Nas suas declarações de Outubro, Opa declarou ter presenciado uma discussão entre Anibalzinho e Nini na BO, a qual terá terminado com Anibalzinho a desferir um soco no estômago de Nini. Opa acrescentou que foi ele quem, em conjunto com dois outros agentes policiais, separou os dois réus.

"Depois dessa confusão, o Nini aproximou-se de mim e lamentou o facto, dizendo que ele tinha pago um bilhão a Anibalzinho e que este apenas dera 30 milhões ao Carlitos e ao Escurinho". Chamado a pronunciar-se sobre estes factos, Nini desmentiu-os categoricamente, dizendo que Opa estava mentir, que ele nunca se envolvera em pancadaria com Anibalzinho na BO.

A segunda questão que foi alvo de acareação tinha a ver com um suposto pagamento de Nini ao testemunha Dudu, no valor de 50 mil USD, com o objectivo de Dudu elaborar uma confissão de arrependimento, alterando o seu depoimento inicial prestado na PIC. Nesta confissão, Dudu revelaria que ele foi aliciado por Gery Roup, do Casino do Hotel Polana, para mandar prender os irmãos Satar na sequência do litígio com os famosos cheques. Opa disse ontem que, quando ele foi transferido para a Cadeia Civil, foi portador de um telemóvel para Dudu, oferecido por Nini. E acrescentou que Dudu abordou-lhe na Cadeia Civil perguntando como é que ele poderia receber os 50 mil USD que Nini lhe prometera para alterar o seu depoimento inicial. "Eu sugeri que talvez era melhor ele usar a mãe".

Convidado a pronunciar-se sobre o assunto, Nini voltou a negar as alegações de Opa, dizendo que este homem estava a mentir: "Eu sei que o Opa está hospedado no Kaya Kwanga e as suas declarações são forjadas". Opa reagiu dizendo que tudo o que dissera era verdade e que a referida confissão de arrependimento de Dudu tinha sido redigida não só por Nini como também por Vicente Ramaya e Ayob Satar. "Eles escreviam tudo em conjunto", contou Opa, referindo-se a vários textos publicados na imprensa sobre o caso, assinados por Momad Assif.

A acareação de Opa com Nini foi antecedida de um debate sobre aspectos legais. O advogado Eduardo Jorge tentou que Opa não fosse ouvido, alegando a sua "incapacidade para ser testemunha, dado se encontrar detido e impender contra si dois mandados de captura". O juiz alegou que o despacho sobre a necessidade da acareação com Opa em tribunal tinha sido dado em tempo oportuno, tendo a defesa sido notificada também em devido tempo. Pelo que, argumentou o juiz qualquer reacção da defesa a esse despacho devia ter acontecido nessa altura. Conformando-se com a decisão do juiz, Eduardo Jorge lançou uma série de questões para Opa, mas Augusto Paulino estabeleceu que só aceitaria as questões contraditadas e que diziam respeito ao caso Carlos Cardoso.

Ontem, três outras testemunhas da acusação não compareceram no tribunal, nomeadamente Lello da Silva (proprietário da viatura Citi Golf usada no dia do crime), Shaid Gulamo (que terá vendido uma viatura Fiat Uno a Anibalzinho, a qual ficou como propriedade de Escurinho) e Rohit Kumar, pessoa que disse ter sido abordado pelos irmãos Satar, 18 meses antes do crime, para procurar alguém para assassinar Carlos Cardoso. Os depoimentos relevantes de Shaid e Kumar foram lidos. Sobre Kumar, a defesa tentou mostrar que ele não era uma testemunha idónea, realçando o seu passado alegadamente criminoso e destacando as contradições entre o que ele disse à Polícia sobre o seu paradeiro no dia 22 de Novembro e a sua verdadeira localização nessa data.

Está registado nos autos que Kumar dissera que, nesse dia, ele encontrava-se na África do Sul. Mas a defesa diz ter recebido informações oficiais segundo as quais ele, Kumar, não entrou na África do Sul por volta dessa data. Logo pela manhã, o Tribunal ouviu o gerente e um empregado na Mesquita Anuaril, que confirmaram o facto de anibalzinho ter ido ao local parquear, entre outras, uma viatura Citi Golf. Em último lugar foi ouvido Mário Matola, cujo nome consta nos autos como sendo o indivíduo que, em conjunto com Anibalzinho e Escurinho, assaltou, à mão armada, a viatura Citi Golfe que viria a ser utilizada no acto criminoso. Matola negou ter participado nesse roubo, alegando que tudo o que consta nos autos a este respeito foi fruto de depoimentos prestados sob efeitos de álcool e pressão.
(M.M.)

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