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Artigo do metical de 4 de Agosto 2000


Governo não tem estratégia contra o crime

(Maputo) O governo não está a encarar novas estratégias de combate à criminalidade na capital do país, mesmo depois que uma nova vaga do fenómeno se tenha instalado na cidade nos últimos meses. Ontem, no seu habitual encontro com a imprensa, perguntado sobre que soluções o governo tinha para combater à actual onda de roubos, assaltos e assassinatos, o Primeiro Ministro, Pascoal Mocumbi, respondeu: "Caminhos velhos".

E explicou-se: "Capacitar as autoridades policiais. Mas a solução pressupõe que a comunidade esteja preparada". Trata-se de reanimar a velha filosofia da ligação polícia/comunidade, a qual parece nunca ter surtido efeitos, tal é o descrédito da Polícia no seio dos citadinos.

A solução de Mocumbi aponta para que os citadinos abram cada vez mais os cordões às suas economias domésticas, em vez de medidas claras de reforço à segurança pública. "As pessoas devem reforçar a segurança das suas casas, as fechaduras", disse ele. Por isso, "a Polícia não pode ser responsabilizada por aqueles que se desleixam quanto a segurança dos seus bens". Em suma, o PM crê que se vai combater o crime com "acções pontuais". Para ele, o papel do Estado é "evitar que os cidadãos façam justiça pelas próprias mãos".

CRIMINALIDADE AUMENTOU
O Comando da PRM na cidade de Maputo registou, no primeiro semestre deste ano, 5 530 crimes, contra 5 202 verificados no mesmo período do ano passado; ou seja houve mais 328 crimes. Os crimes de roubo (de viaturas e aparelhagens) foram os mais frequentes. Quanto às zonas de maior incidência, o Distrito Urbano n° 1 foi a que registou "maior densidade criminal", com 2 315 crimes, contra 2 060 do primeiro semestre de 1999. Neste distrito, segundo a Polícia, os bairros mais afectados foram os da Malhangalene, Polana Cimento e Sommerschield.

As estatísticas da corporação revelam que a vaga de criminalidade é menor nos bairros suburbanos, como por exemplo no DU nº 2 (Chamanculo, Xipamanine, Aeroporto, Munhuana e Minkadjuine), e no DU nº 4 (Mavalane, Hulene, Laulane e Magoanine). A fonte que nos forneceu os dados disse que estes bairros "foram os mais calmos".

É curioso notar que bairros frequentemente tidos como de maior criminalidade, como o Alto Maé, situam-se numa zona intermédia nas estatísticas policiais. A Polícia apontou como razões do aumento de casos criminais o êxodo de pessoas no sentido campo-cidade, o desemprego e as calamidades naturais que afectaram drasticamente a zona sul do país nos primeiros meses do ano. E registou que a maioria dos criminosos são jovens dos 18 aos 35 anos.
(M.M. e A.A.)


metical - arquivo 2000


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