(Maputo) O governo não está a encarar novas estratégias de combate à criminalidade na capital do país, mesmo depois que uma nova vaga do fenómeno se tenha instalado na cidade nos últimos meses. Ontem, no seu habitual encontro com a imprensa, perguntado sobre que soluções o governo tinha para combater à actual onda de roubos, assaltos e assassinatos, o Primeiro Ministro, Pascoal Mocumbi, respondeu: "Caminhos velhos". E explicou-se: "Capacitar as autoridades policiais. Mas a solução pressupõe que a comunidade esteja preparada". Trata-se de reanimar a velha filosofia da ligação polícia/comunidade, a qual parece nunca ter surtido efeitos, tal é o descrédito da Polícia no seio dos citadinos. A solução de Mocumbi aponta para que os citadinos abram cada vez mais os cordões às suas economias domésticas, em vez de medidas claras de reforço à segurança pública. "As pessoas devem reforçar a segurança das suas casas, as fechaduras", disse ele. Por isso, "a Polícia não pode ser responsabilizada por aqueles que se desleixam quanto a segurança dos seus bens". Em suma, o PM crê que se vai combater o crime com "acções pontuais". Para ele, o papel do Estado é "evitar que os cidadãos façam justiça pelas próprias mãos". CRIMINALIDADE AUMENTOU As estatísticas da corporação revelam que a vaga de criminalidade é menor nos bairros suburbanos, como por exemplo no DU nº 2 (Chamanculo, Xipamanine, Aeroporto, Munhuana e Minkadjuine), e no DU nº 4 (Mavalane, Hulene, Laulane e Magoanine). A fonte que nos forneceu os dados disse que estes bairros "foram os mais calmos". É curioso notar que bairros frequentemente tidos como de maior criminalidade, como o Alto Maé, situam-se numa zona intermédia nas
estatísticas policiais. A Polícia apontou como razões do aumento de casos criminais o êxodo de pessoas no sentido campo-cidade, o desemprego e as calamidades
naturais que afectaram drasticamente a zona sul do país nos primeiros meses do ano. E registou que a maioria dos criminosos são jovens dos 18 aos 35 anos. metical - arquivo 2000 |