que inclue estrangeiros Banco Austral mais uma vez assaltado Insegurança nas ruas pode ter facilitado
(Maputo) O Banco Austral foi outra vez alvo de um roubo, agora
por assalto à mão armada, na noite de segunda-feira. O assalto
teve lugar na chamada “Tesouraria 2001”, localizada na Av.
Fernão de Magalhães, na baixa de Maputo e, segundo a Polícia,
os gatunos estão ainda a monte, não tendo deixado rastos.
A Polícia descreveu assim o roubo: pouco depois das 19 horas,
três homens acercaram-se da entrada da Tesouraria e disseram a
um dos guardas que queriam falar com um funcionário. Traziam
umas caixas alegando que era dinheiro para depositar. O guarda
dirigiu-se para o interior do banco e regressou com a autorização
de que os homens podiam entrar. Aí, o guarda virou-se para abrir
a porta, mas foi logo baleado mortalmente.
Os homens, armados com uma AKM, entraram e soltaram
disparos continuadamente, ferindo outros dois guardas e
instalando o medo entre os funcionários da dependência, que se
atiraram para o chão para se protegerem. Os ladrões recolheram
o dinheiro que conseguiram. A “Tesouraria” estava em processo
de conferência. A Polícia falava ontem em terem sido retirados
desse local cerca de 2,5 milhões de contos, mas o próprio banco,
num contacto com o “mt” ontem à tarde, negou confirmar este
valor pois “estamos ainda em processo de conferência. Não sei
onde é que a Polícia foi buscar esses dados”, disse-nos Jaime
Manhique, Director para a Área de Serviços.
A “Tesouraria 2001” não é propriamente uma dependência para
pequenas operações, é “um prolongamento de dependência”,
segundo Manhique, que serve para depositar valores acima de 2
mil contos e para recolha de valores ao domicílio de clientes que
assim o queiram. Jacinto Cuna, porta-voz da PRM, disse-nos
ontem que a Polícia continuava a fazer buscas para localizar os
ladrões. Testemunhas contaram que os agentes da PRM só
chegaram ao local uma hora depois da ocorrência.
Ontem, falando à RM, Cuna reconheceu este facto e acrescentou
que a Polícia tinha, naquela noite, vasculhado a zona à procura
dos ladrões. As únicas pistas que a corporação está agora a usar
são as cápsulas das balas disparadas e as descrições dos
funcionários e dos guardas sobreviventes.
Cuna negou desenvolver a teoria da conivência de qualquer
funcionário do banco, muito sugerida na opinião pública, mas
Jaime Manhique disse que, embora não se tenha ainda dados
detalhados sobre o assunto, essa “era uma hipótese a não
excluir”. Manhique confirmou o relato da Polícia sobre a forma
como o roubo se deu.
Embora o roubo à banca comercial tem sido generalizado, tanto
através de fraudes com envolvimento de funcionários de dentro
como através de roubos como o de segunda-feira, o Banco
Austral é porventura o mais afectado, pelo menos se tomar-se
em conta as fraudes e os assaltos mediatizados.
Fontes do sector reconhecem haver ultimamente uma frequência
de fraudes nos bancos, muitas das quais não chegam às
redacções pois as instituições esmeram-se no segredo como
forma de “preservar a sua imagem e não causar más expectativas
no seio dos clientes”
Neste momento em que acaba de ser assaltado, o Banco Austral
está a lidar com um caso “fresco” de burla alegadamente
protagonizada por um funcionário e sobre a qual “já estão detidas
várias pessoas”. Sobre este assunto, Manhique não revelou os
valores em causa, dizendo apenas que o caso esta nas mãos da
Polícia.
Perguntamos a esta fonte o que é que, na sua opinião, tinha
facilitado o assalto. Ele disse que, provavelmente, as condições de
segurança cada vez mais frágeis que a cidade vive tenham
contribuído, lamentando o facto. E teorizou sobre a existência de
uma gang na cidade, “especializada em assaltos a bancos e que
inclue estrangeiros. Pela forma como os assaltos se dão, como o
de Marracuene, pode-se concluir isso”. Manhique negou, no
entanto, que o assalto de segunda-feira tenha sido feito com os
métodos dessa alegada gang.
À tendência de os bancos esconderem os roubos de que são alvo,
junta-se agora a seguinte evidência: um banco da praça escapou
recentemente a uma burla de cerca de 3 milhões de contos;
suspendeu mais de 10 trabalhadores durante as averiguações e,
depois de apuradas as responsabilidades, acabou expulsando os
implicados, não movendo qualquer acção judicial.
Quanto à frequência de fraudes e assaltos, um dirigente do BSTM
disse recentemente que Moçambique não era um caso especial,
que as fraudes “acontecem em todo o mundo”. metical - arquivo 2000 |