Moçambique on-line


Artigos do metical de 1 de Setembro 2000


SIDA e o desenvolvimento da criança

(Maputo) A situação do HIV/SIDA em Moçambique é tão alarmante que o país não vai atingir a previsão que consta no Relatório do Desenvolvimento Humano que indica que em 2010 a média da produção nacional/pessoa estará acima de 350 USD. Os dados indicam que em Moçambique há 700 casos de infecção/dia. Esta foi uma das conclusões saída de uma mesa-redonda sobre o Relatório Nacional do Desenvolvimento Humano: “Implicações nos direitos da criança”, organizada quarta-feira última pelo UNICEF.

Os participantes concluíram igualmente que o combate à SIDA é a primeira prioridade para um rápido desenvolvimento humano, o que contribuirá para melhor implementação dos direitos da criança.

Um estudo feito este ano pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento refere que das 504 mil crianças órfãs de mãe em Moçambique, mais de 340 são as que perderam as mães por SIDA. No tocante à educação, a SIDA, que já está a matar alguns professores, vai contribuir para que a criança tenha pouco conhecimento. Muitas vezes, os órfãos de SIDA são obrigados a abandonar a escola para se dedicar ao trabalho infantil para conseguir algum rendimento para o sustento.
(A.M.)

O Governo e o caso Alberto Adriano

(Maputo) O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Dr. Leonardo Simão, manifestou ontem, em Maputo, o seu apreço para com o governo alemão pela “rapidez” e “prontidão” no tratamento do caso Alberto Adriano, vítima de xenofobia alemã em Junho deste ano, ao julgar e condenar os três xenófobos em tempo record.

(...)

Simão, que falava em conferência de imprensa, disse que as penas dadas aos jovens alemães “não irão trazer a vida ao nosso compatriota. Mas é um sinal que as autoridades alemãs estão decididas a lutar contra a xenofobia e racismo”. Acrescentou que “o governo alemão cumpriu na íntegra a sua palavra”, pois prometera “que o caso teria uma resolução rápida”.

A dado passo, Leonardo Simão comentou que o problema de xenofobia afecta cidadãos de outros países e que tem sido debatido com os europeus na ACP, pois estão preocupados com o tratamento a que são submetidos os africanos na Europa. Na mesma abordagem, o governante advertiu que o oposto pode ocorrer em países africanos relativamente a cidadãos europeus. “Esse é um assunto que preocupa a todos. O esforço tem que ser comum a nível dos governos”.

Simão reconheceu igualmente que a sociedade civil moçambicana exigiu que a justiça fosse feita sobre o caso Adriano Alberto. A Associação Moçambicana dos Direitos Humanos e Desenvolvimento entregou, no mês passado, ao embaixador alemão, em Maputo, uma petição dirigida ao Presidente da República Federal de Alemanha, Johannes Rau; à carta estava anexado um abaixo-assinado protestando, repudiando e exigindo que a justiça fosse feita contra os criminosos de Alberto Adriano.

Questionado sobre acções que o governo tem feito para evitar, Simão disse que para o caso da Alemanha “não temos um mecanismo permanente”. Acrescentou que, a nível da ACP assinou-se um acordo com a UE cuja preocupação de destaque aí manifestada foram os maus tratos por que passam alguns cidadãos dos países da ACP na Europa e a aplicação da justiça.
(Arménia Mucavele)


metical - arquivo 2000


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