Governo acusa Renamo de querer paralisar o país
Segundo um alto funcionário do Governo, a Renamo está a preparar uma série de acções de desobediência civil à escala nacional, num movimento de alegado repúdio e protesto contra a indicação, pelo Presidente da República, dos novos governadores provinciais. Em conexão com os preparativos dos desmandos, foram detidos, semana passada, na cidade da Beira cinco membros activos da Renamo, acusados de tentarem espalhar panfletos incitando à violência e ao tribalismo.
Segundo o "Notícias" o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, teria dado ordens às chefias do partido para prepararem uma série de manifestações públicas - a "Jornada Nacional de Manifestações" - à escala nacional, que deveriam antecipadamente ser comunicadas às autoridades para efeitos de legalização, e que teriam início após o seu regresso dos Estados Unidos. Para a cidade da Beira, Dhlakama deu ordens à Renamo para que 50 homens armados se infiltrassem entre os manifestantes e respondessem a qualquer tentativa da Polícia de manter a ordem e evitar actos de vandalismo. (Notícias, 14/08/00)
Renamo iliba-se das acusações do Governo
Reagindo à notícia veiculada pelo "Notícias" a Renamo refutou todas as informações e assegurou que não está por detrás de "nenhuma manifestação pública à escala nacional" pelo que, se tal acontecer, "será da própria população, que se sente humilhada pela imposição do Governo à força das armas policiais".
O Secretário-Geral da Renamo, João Alexandre, deslocou-se pessoalmente ao "Notícias" para explicar que o seu partido não está a organizar nenhuma manifestação mas salientou que, tal como afirmado por Afonso Dhlakama, "nunca mais apelaria à calma e ao bom-senso dos moçambicanos que pretendam manifestar-se contra a má governação da Frelimo". Alexandre acrescentou que "a Renamo nunca e jamais reconhecerá o Presidente da Frelimo Joaquim Chissano, como Presidente da República de Moçambique, bem como o seu Governo". (Notícias, 15/08/00)
PPPM reage e fala de "guerra fria"
O Partido PPPM considera as alegadas "ameaças de desobediência civil e de incitamento à violência" imputadas à Renamo, como um produto da "guerra fria" entre o partido de Afonso Dhlakama e a Frelimo. Segundo o líder do PPPM, Padimbe Kamati, tal guerra será dissipada pelo povo moçambicano cansado de conflitos.
Aquele líder acrescentou que, "O povo está mais preocupado com a consolidação da paz e da unidade nacional do que com discursos políticos, alguns dos quais belicistas". Kamati, que é deputado da Assembleia da República pela coligação Renamo-UE, afirma que dentro da sua coligação em nenhum momento houve ordens, sejam de quem for, no sentido de incitamento do povo à violência ou à desobediência civil. (Notícias, 18/08/00)
Ministério do interior recebe 5 viaturas
Cinco viaturas "Casspirs" para transporte das unidades especiais da Polícia da República de Moçambique foram entregues ao Ministro Almerino Manheje pelo Ministro da Segurança da África do Sul, Steve Tshwete. Os "Casspirs" são veículos para todo o terreno, especializados para o transporte de forças paramilitares e munidos de instrumentos para "desencorajar" acções criminosas, tidos na África do Sul como símbolo da repressão do "apartheid".
Almerino Manhenje ajuntou que os "Casspirs" entregues à Polícia serão usados para a manutenção da paz e estabilidade.
Outras operações conjuntas entre as polícias dos dois países resultaram na detenção de traficantes de droga, no encerramento de uma fábrica de "Mandrax" em Maputo e na destruição de milhares de armas de assalto do tipo "AK47", mais de 35 milhões de munições e de outras armas de vários calibres. (Notícias, 13 e 14/08/00)
Corrupção viabiliza solturas ilegais em Moçambique
Durante uma visita que efectuou à cidade e província de Maputo, o Procurador Geral da República (PGR), Joaquim Madeira, detectou que alguns reclusos são postos em liberdade mesmo antes do cumprimento das respectivas penas, alegando-se que saíram em "comissões de serviço". Face à situação, o PGR disse que "medidas sérias serão tomadas com vista a desencorajar este tipo de atitudes, que mancham em grande medida os órgãos da administração da justiça".
Os reclusos negoceiam as solturas ilegais com indivíduos ligados às direcções das cadeias e das entidades empregadoras, pelo que algumas vezes são libertados indivíduos perigosos, que no meio social prosseguem com as acções criminosas. (Notícias, 18/08/00)
Ministro dos Transporte "limpa a casa"
Tomás Salomão, Ministro dos Transportes e Comunicações, sancionou a expulsão da Função Pública de quatro funcionários da Administração Marítima de Sofala. Os funcionários expulsos ocupavam os cargos de Administrador Marítimo, Administrador Marítimo adjunto, Administrador Marítimo Adjunto para a Área das Finanças e o Chefe da Secretaria. Estes trabalhadores foram expulsos na sequência de um processo disciplinar instaurado "por irregularidades cometidas por eles", que decorria desde Agosto de 1999. (Notícias, 18/08/00)
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