Manuel Pereira ameaça dividir o país
O delegado provincial da RENAMO na província de Sofala, Manuel Pereira, ameaçou sexta-feira passada numa entrevista à Radio Moçambique fechar a ponte sobre o rio Save e dividir o País. "Os que são do Sul ficarão no Sul, os que são daqui ficam aqui. Nada passará", declarou Manuel Pereira e acrescentou: "Dentro de umas semanas, ou no máximo dois meses Dhlakama tomará posse e a Renamo subirá ao poder, porque este é o desejo do povo".
O Secretário-Geral da FRELIMO Manuel Tomé comentou que as declarações de Pereira mostraram "grande irresponsabilidade" e disse "não acreditar que Dhlakama ia embarcar numa aventura desta".
Máximo Dias, líder do MONAMO e deputado para a Renamo-União Eleitoral no parlamento disse sobre as declarações de Pereira: "Não vale a pena comentar".
João Alexandre, Secretário Geral de RENAMO, contactado pela imprensa desmentiu as declarações de Pereira e disse que "as declarações são de Pereira e reflectem o sentimento da população de Sofala, mas não são política oficial da RENAMO".
Interrogado sobre como um delegado provincial da RENAMO, numa conferência de imprensa da RENAMO, pode exprimir-se desta forma, João Alexandre respondeu que era "prática democrática". "Na RENAMO somos assim, porque não somos comunistas. Cada um pode dizer o que quer." (AIM 15/09/00)
RENAMO consulta sociedade civil
A RENAMO começou uma série de consultas à sociedade civil para recolher opiniões sobre o boicote do partido às sessões da Assembleia de República.
Numa reunião com jornalistas na terça-feira, Máximo Dias disse que "têm havido alguns efeitos negativos do boicote das sessões" e que a RENAMO-UE ia "adoptar uma nova postura" na próxima sessão.
Mas na quinta-feira o chefe da bancada da RENAMO-UE, Ossufo Quintine, foi pessoalmente aos escritórios do Jornal Notícias para negar que a posição do Máximo Dias representa a posição da coligação. Segundo Quintine, Dias falou por conta do partido MONAMO só, embora o encontro fosse organizado pela RENAMO e presidido pelo deputado e porta-voz da RENAMO, Dionísio Quelhas.
Segundo Quintine a atitude da RENAMO-UE de boicotar as sessões era correcta e muito aplaudida pelo público. Ele prometeu que a RENAMO ia continuar desta forma a não reconhecer o Presidente Chissano e o Governo. "Se o senhor Máximo Dias quer reconhecer o Governo, ele tem a liberdade de fazê-lo, mas não devia falar em nome toda a coligação", acrescentou.
Segundo Máximo Dias os encontros entre a RENAMO-UE e a sociedade civil tinham por objectivo "mudar as coisas". "Nos encontros com instituições religiosas, a imprensa e organizações de direitos humanos era óbvio que estas não concordam com o boicote das sessões parlamentares". (AIM 15/09/00)
Em desacordo com a Convenção, Governo mantém os "stocks" de minas
O Governo de Moçambique ainda não deu nenhuma indicação visando a destruição dos "stocks" de minas existentes nos diversos paióis do país, segundo a denúncia feita pela Campanha Moçambicana Contra as Minas. A Convenção de Otawa sobre o banimento de minas no mundo recomenda num dos seus artigos a destruição em cerimónia pública dos "stocks" de minas armazenadas nos paióis dos estados que rubricaram o tratado, mas Moçambique, apesar de diversas promessas, ainda não procedeu à destruição daqueles artefactos fatais.
Durante a semana de 11 a 15 de Setembro, os países signatários da Convenção reuniram-se em Genebra, capital da Suíça, numa conferência destinada a proceder a uma inventariação do que foi feito depois do encontro de Maputo realizado no ano passado. No terreno, o processo de desminagem está a conhecer dificuldades diversas, devido alegadamente à tecnologia usada para o efeito e à segurança dos sapadores. (Notícias, 09/09/00)
Desminagem em "águas turvas"
O Instituto Nacional de Desminagem (IND) considera que há anarquia no processo de desminagem no país e promete estancar a situação. Paralelamente, há falta de coordenação entre o Governo e os vários operadores de desminagem que operam no país, falta também de uma definição clara das prioridades de desminagem envolvendo companhias especializadas e os governos provinciais e distritais. Para a inversão do cenário, o IND acredita que "a priori" não é fácil acabar com o problema porque o país depende maioritariamente de recursos financeiros da comunidade internacional, alocados sob forma de de empréstimo para desminagem onde o modelo estabelecido pelos doadores na canalização desses fundos não ajuda o instituto embora ser o órgão de controlo da desminagem no país. (Notícias, 11/09/00)
Régulos de Caia passam a andar de bicicleta
Cerca de 250 bicicletas foram distribuídas aos régulos de Caia e aos seus colaboradores directos, bem como a algumas parteiras tradicionais daquele distrito da província de Sofala. Trata-se de uma oferta do Programa de Desenvolvimento Humano Local, orçado em 24 mil USD. Para o deputado da bancada parlamentar da Frelimo, Isaú Meneses, que presenciou a entrega daqueles meios, a distribuição de bicicletas para a estrutura tradicional significa o reconhecimento do Governo do papel que estes desempenham nos programas de desenvolvimento do país.
As bicicletas vão facilitar o contacto com as comunidades, facto que permitirá que o programa do Governo ganhe um novo impacto. Os mais de 200 régulos e seus colaboradores comprometeram-se na altura a mobilizar a população para se empenhar nos programas de desenvolvimento não só em Caia, mas também noutros pontos da província. (Notícias, 16/09/00)
Do prometido em Roma, já estão assegurados 227 milhões USD
Dos 452 milhões USD prometidos pelos parceiros de cooperação na conferência de Roma já estão assegurados 227 milhões USD para o sector público, segundo o Primeiro-Ministro Pascoal Mocumbi. Os fundos destinam-se à reabilitação de infra-estruturas destruídas pelas cheias no país. O PM revelou ainda que outros 27,5 milhões USD já estão garantidos para o sector privado, no âmbito do mesmo processo.
Mocumbi disse que o Conselho de Ministros, reunido na sua 28ª sessão, aprovou um decreto que limita as despesas do Orçamento Geral do Estado e decidiu submeter à Assembleia da República (AR) o projecto de revisão do Plano Económico Social (PES) para o ano em curso. O plano anteriormente elaborado previa um crescimento económico na ordem dos 6% mas, devido às cheias, não se poderá garantir a realização desse crescimento. Assim, o novo PES a submeter à AR, prevê um crescimento de apenas 3,8%. A inflação poderá atingir os 10% ainda que a sua evolução actual não seja alarmante. (Notícias, 15/09/00 e TVM, 14/09/00)
Mais 19 milhões de francos suíços para reconstrução
Moçambique tem depositados no Banco de Genebra mais de 19 milhões de francos suíços, resultantes das contribuições que continuam a dar entrada naquele mesmo banco, depois do apelo lançado há cerca de mês e meio pela Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), destinado a apoiar os programas de reconstrução pós-cheias.
Esta informação foi dada a conhecer pelo representante do FICV em Moçambique, Marl Wilson, que indicou ainda que esse montante é parte do apelo global de 38 milhões de francos suíços feito por aquela organização. (Notícias, 11/09/00)
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