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Ano 02 - Edição 46 - 4 de Dezembro de 2000
 


POLÍTICA


Encontro entre Chissano e Dhlakama é para breve

O Presidente da República, Joaquim Chissano e o líder da Renamo-União Eleitoral, Afonso Dhlakama, deverão reunir-se nos próximos dias para debater a situação actual do país, informação avançada pelo Primeiro Ministro (PM), Pascoal Mocumbi, no seu habitual encontro com jornalistas. O local e a data da reunião já foram marcados mas o PM escusou-se a revelá-los.

Chissano reconheceu há dias que a situação em Moçambique era crítica. Dhlakama tem insistido na discussão do dossier eleitoral. Chissano pretende abordar o futuro de Moçambique nos próximos 20 anos, a famosa agenda 20/20.
 


Centenas depositam flores para Carlos Cardoso

Na quarta-feira dia 29 de Dezembro centenas de pessoas depositaram flores no local do assassinato do jornalista Carlos Cardoso. Entre essas pessoas destacaram-se personalidades da vida política e artística do país como a Graça Machel, Malangatana, Mia Couto e outros.

A onda de protestos que o assassinato do Carlos Cardoso continua a gerar mostra que as balas que o mataram, não atingiram o jornalista, mas atingiram a coração de muitas pessoas que querem o "futuro melhor" num país livre de "gangsterismo".

No web site dedicado a Carlos Cardoso, www.ccardoso.tropical.co.mz, já perto de três mil pessoas de todas as partes do mundo assinaram uma petição exigindo justiça. No mesmo site podem se ler artigos dos diversos média sobre a obra do Carlos Cardoso e deixar mensagens de solidariedade para com a família.
 


PM: "Governo estava ausente em Montepuez"

Pouco a pouco está a chegar, através dos diversos média, uma imagem horrorosa das circunstâncias que levaram à morte de 75 dos 94 reclusos numa única cela em Montepuez. Os 94 reclusos, entre eles muitos populares, foram fechados numa área de 21 metros quadrados, com apenas duas janelinhas e não comiam pelo menos durante os últimos três dias. Com quatro pessoas por metro quadrado os reclusos não tinham espaço para sentar nem deitar-se e devem ter morrido aos poucos sem alguém se cuidar de abrir a porta, de tirar os corpos e tratar dos que ainda estavam vivos. A morte dos reclusos tem chocado o país e manchado a imagem do país internacionalmente como um país democrático e respeitando os direitos humanos.

A morte dos reclusos tem gerado reacções fortes de dentro e fora do país. Mia Couto num artigo no "metical" disse: "Seja qual for o resultado do inquérito, uma coisa já sabemos ter acontecido em Montepuez - o profundo desrespeito pela vida.

O Governo enviou a Montepuez, além de uma equipa médica, uma equipa de especialistas de diferentes áreas, numa tentativa de criar uma transparência que deve limpar a imagem agora comprometida. O Presidente Chissano, falando à imprensa no fim da cimeira dos Chefes do Estado sobre o conflito congolês, disse que o governo "há que apurar responsabilidades pelas mortes em Montepuez".

Entretanto num "briefing" à imprensa o PM disse que: "O Governo não vai indemnizar as famílias", alegadamente por não dispor de capacidade financeira para tal. No mesmo encontro o PM disse que desde o dia 9, (dia das manifestações), "o Governo estava ausente de Montepuez"... Quem então prendeu as pessoas e as meteu numa cela se o governo estava ausente, ficou sem esclarecimento.

O Estado pretende "apurar que tipo de erro humano teria sido cometido". Mas diversas reacções vêem nos mortes em Montepuez uma falta de respeito generalizada no seio da polícia e da justiça para os reclusos e sugerem que o Ministro de Interior devia demitir-se voluntariamente ou ser demitido.
 


AR: elementos da comissão de inquérito conhecidos

Já são conhecidos os sete deputados que vão constituir a comissão de inquérito da Assembleia da República (AR) que irá investigar as causas de morte de mais de 40 cidadãos e ferimento de outros 100, em consequência das manifestações da Renamo-UE no passado dia 9 de Novembro.

A bancada parlamentar da Frelimo avançou com os nomes de Açucena Duarte, Miguel Alawi Mussá, Hilário Pires Beja e Vírgílio Ferrão. A Renamo-UE vai propor ao plenário os nomes de Vicente Ululu, Terturiano Juma e Jerónimo Malagueta. (Notícias 01/12/2000)
 


Chissano apela ao fim dos tabus em torno da SIDA

O Presidente da República, Joaquim Chissano, defende que uma das armas mais importantes para o combate à SIDA é falar da doença sem tabus. "Vamos quebrar o silêncio. Vamos falar abertamente da SIDA. Vamos deixar de estar calados", enfatizou o Chefe de Estado nas cerimónias centrais do Dia Mundial da luta contra a SIDA, realizadas na província de Tete.

O Ministro da Saúde, Francisco Songane, também presente nas cerimónias, revelou que as estimativas de óbitos rondam agora os 80 mil/ano, num país em que se calcula que mais de um milhão de pessoas estejam infectadas.

Em relação aos esforços de angariação de fundos para suportar os programas de luta contra a doença, sabe-se que o país já conseguiu 105 milhões de UDS dos 261 milhões necessários para a execução do plano de acção de combate ao HIV/SIDA, do Conselho Nacional de Combate à SIDA (CNCS), durante os próximos três anos. (Notícias 02/12/2000)
 


Cultura na SADC em discussão

Durante quatro dias, os Ministros da Cultura da SADC discutiram o papel e o lugar da Cultura na agenda da integração regional. Os Ministros delinearam acções com vista a fazer da cultura um instrumento para o desenvolvimento na região austral.

Decidiu-se a criar um fundo regional que sustente os programas culturais dos países membros da organização, trabalhar com afinco na protecção dos direitos do autor em produtos culturais como CD's e obras literárias e de arte. Abranger os produtos culturais no Protocolo Comercial da SADC também é uma aposta dos Ministros da Cultura da região austral. (Televisão de Moçambique 30/11/2000)

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