O nosso colaborador Joseph Hanlon, a pedido do metical, transformou um estudo que fez recentemente sobre Bancos em Moçambique, numa série de
artigos que passamos a publicar a partir de hoje. Matando a galinha dos ovos de ouro Mais de 400 milhões de dólares desapareceram do sistema bancário na década de 90 em Moçambique. Carlos Cardoso e António Siba-Siba Macuácua foram provavelmente assassinados para impedir a verdade sobre isto e sobre a maneira como os roubos foram efectuados. Todos os países usam os bancos para fins políticos. Em Moçambique, os bancos foram usados para construir o socialismo, para manter o país a funcionar durante a guerra e depois, na nova era capitalista, para promover empresários locais e manter a economia livre de mãos estrangeiras. Porém, banqueiros e homens de negócios, nacionais e estrangeiros, apropriaram-se simplesmente de muito dinheiro e foram muitas as mãos que foram ao saco. Talvez haja uma diferença entre roubar dinheiro e promover uma nova elite. Mas os que mataram Cardoso e Siba-Siba tinham perfeitamente a noção de que nunca poderiam tirar dinheiro e justificá-lo publicamente - e que tinha sido tirado dinheiro suficiente para justificar duas mortes pelo menos. Talvez tenham conseguido garantir que os pormenores nunca venham a ser conhecidos. Mas isso faz com que ainda seja mais importante passar em revista aquilo que se sabe e colocá-lo em contexto. Este estudo baseia-se em entrevistas com banqueiros e pessoas que conhecem o cenário da banca moçambicana mas que deixaram de estar envolvidos quer com o BCM, quer com o Banco Austral. O Banco de Moçambique recusou falar connosco. Numa série de 11 artigos tentaremos mostrar:
Lamento ter de dividir este ensaio em pedaços curtos, mas no final as 11 partes terão coberto o seguinte:
Não haverá revelações e poucas coisas são realmente novas. Mas juntando aquilo que já é conhecido, espero mostrar que a
ganância crescente acabou por matar a galinha dos ovos de ouro. Ao fim e ao cabo a elite política perdeu o controlo dos bancos. E em vez de ter servido para reforçar o
poder económico dos moçambicanos, o resultado foi o controlo estrangeiro sobre a banca moçambicana. metical - arquivo 2001 |