Bispos católicos: só o diálogo traz a paz
Os bispos católicos de Moçambique aconselham ao diálogo entre a Frelimo e a Renamo para a preservação da paz em Moçambique, lamentam a "relutância do diálogo político, venha de onde vier", e condenam vigorosamente "a violência, manipulação e instrumentalização de pessoas e grupos". A Conferência Episcopal emitiu na quarta-feira passada uma nota na qual apela às autoridades para que façam tudo o que estiver ao seu alcance para que a repressão, a violência e as mortes cessem.
Os bispos colocam os confrontos violentos da quinta-feira da semana passada num perspectiva, "passando de tensão a mal-estar, às provocações, às ameaças, intimidações generalizadas, violência verbal, perseguições de indivíduos, rusgas à mão armada, detenções, para hoje se chegar à morte de inocentes, numa escalada de violência física e desordem social em algumas províncias" e apelam para "todas as forcas vivas da nação, para que não se deixem arrastar para um jogo e círculo de violência que inviabilize a democracia no país".
Solicitam à comunidade internacional que "ajude a cessar a violência e consolidar a paz". De notar que a nota episcopal foi praticamente ignorada pela imprensa local. O jornal Notícias somente se refere à nota na sua edição de hoje. (Notícias 18/11/00; LUSA 15/11/00)
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, conferenciou esta semana com a maior parte dos embaixadores acreditados em Moçambique, em resposta à preocupação destes com relação às manifestações protagonizadas pelo seu partido. O assessor político de Dhlakama, Agostinho Ussore, que revelou esta informação à imprensa, disse que o líder da Renamo explicou aos embaixadores a situação política actual de Moçambique, que descreveu como sendo de crise.
Ussore afirmou que tal crise política só poderá ter solução a partir do bom entendimento entre a Frelimo e a Renamo. Segundo o seu assessor, Dhlakama explicou que as manifestações resultam do descontentamento da população face à "má governação" da nação pela Frelimo, bem como aos resultados eleitorais, que a Renamo acredita serem resultado de fraude. (Notícias, 18/11/00)
Sobre a HCB: Moçambique e Portugal chegam a consenso
Os governos de Moçambique e Portugal iniciaram negociações, numa base considerada consensual, para a viabilização da Barragem de Cahora Bassa (HCB). A base do consenso reside em três vertentes importantes, nomeadamente encontrar novos caminhos para a estrutura accionista da HCB, a restruturação da dívida de que Portugal é credor, definição e construção de um novo contrato de fornecimento de energia eléctrica a partir de Cahora Bassa e também um contrato de concessão.
As duas partes acordaram um princípio segundo o qual as discussões devem ser numa base dinâmica tendo em conta a evolução do tempo e o contexto actual da HCB que, para além de fornecer energia eléctrica à região deve ser um motor de desenvolvimento do Vale do Zambeze. Esta nova proposta de negociação do "dossier" HCB foi apresentada ontem ao Governo moçambicano pelo Ministro português das Finanças, Pina Moura, que se reuniu com o Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Castigo Langa, a Ministra do Plano e Finanças, Luisa Diogo, e com o Primeiro-Ministro, Pascoal Mocumbi. As duas partes voltam a reunir a 11 de Dezembro ao nível técnico para detalhar como avançar com acções práticas tendo em conta os três pontos em discussão. (Notícias, 18/11/00)
Exames iniciam na segunda-feira Cerca de 400 mil alunos do ensino primário, secundário geral e técnico-profissional serão submetidos este ano, em todo o país, às provas de exames finais, cujo processo arranca na próxima segunda-feira. No entanto, alunos da província de Gaza e de alguns distritos das províncias de Inhambane e Sofala, regiões seriamente afectadas pelas cheias ocorridas este ano, serão submetidos a exames especiais que terão início no dia 4 de Dezembro. Trata-se de uma medida tomada pelo Ministério de Educação para não prejudicar os alunos daquelas zonas, que, em consequência das cheias, para além de terem começado tardiamente as aulas perderam todos os seus haveres, incluindo material didáctico. (Notícias, 18/11/00) Notícias de ontem (17 de Novembro):
Raul Domingos defende comissão de inquérito independente
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