Mabote enterrado no Monumento aos Heróis Os restos mortais do Colonel-General Sebastião Mabote foram ontem depositados no Monumento aos Heróis Moçambicanos, na capital do país. As cerimónias fúnebres começaram com o velório público e um culto religioso no edifício da Assembleia da República. Daí o cortejo fúnebre dirigiu-se à Praça dos Heróis, onde se tinha concentrado um número muito grande de pessoas. A Televisão de Moçambique e a Rádio Moçambique transmitiram as cerimónias em directo. Eduardo Mulémbwè, Presidente da Assembleia da República (AR), leu uma mensagem do chefe de Estado; Chissano está a acompanhar a sua esposa, que está a recuperar de uma intervenção cirúrgica ao joelho, num hospital no Brasil. A mensagem de Chissano destacou o heroísmo de Mabote e afirmou que o Estado e o povo moçambicano têm uma dívida de gratidão para com o malogrado. Chissano caracterizou Mabote como defensor do humanismo e disse que "Soldados inimigos capturados foram por ele protegidos, os civis sempre respeitados. A sua bravura era lendária. A sua inteligência assegurou as vitórias de "Nó Górdio" (ofensiva do exército colonial em 1969/70) e a travessia do Zambeze." No Monumento aos Heróis já pousam os restos mortais de, entre outros, Eduardo Mondlane, fundador e arquitecto da unidade nacional, e de Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique independente. (Notícias 02/02/01) Lagrimas de crocodilo por Mabote Nem o comunicado do Governo, nem o do partido Frelimo dedicam uma única palavra ao afastamento de Mabote do exército moçambicano em 1986, nem aos 14 meses que o seu herói ficou detido - preso porque os seus correligionários o acusaram de estar a conspirar contra o Estado. No meio de tantas lágrimas de crocodilo de quem estava desesperadamente a precisar de um "herói nacional" só nos resta esperar que a família do malogrado não seja vítima da memória muito selectiva dos camaradas, como já aconteceu quando ele estava preso... notícia de 1 de Fevereiro: Luto nacional pela morte de Mabote notícia de 29 de Janeiro: Morreu Sebastião Marcos Mabote Em cinco meses: Entre Janeiro e Maio do ano passado, o SIDA matou cerca de 540 professores no país. Segundo Pedro Biché, do Ministério da Educação (MINED), a média de mortes por mês é de 108, tempo esse em que não se forma o mesmo número de professores para preencherem as vagas abertas. Biché que falava aos professores recém-formados em Nampula, chamou à atenção destes para não se envolverem em assédios sexuais contra alunas. Em Nampula, uma das razões que fazem com que as raparigas abandonem as escolas são as gravidezes precoces, na sua maioria provocadas por professores que usam a sua posição para assediar as alunas. (Notícias, 02/01/01) Associação Algodoeira desmente Plano Económico-Social do Governo: Segundo dados divulgados ontem pela Associação Algodoeira de Moçambique (AAM), Moçambique espera produzir na presente campanha agrícola (2000-2001) mais de 75 mil toneladas de algodão, o que representa um aumento em mais de 100% relativamente à produção da campanha anterior. O país poderá obter com as exportações do algodão na presente campanha, receitas que se situam entre os 20 e os 25 milhões USD. Estes dados contrastam com os contidos no Plano Económico Social (PES) do Governo para 2001, já aprovado pela Assembleia da República, que apontam para um crescimento de apenas 1,1%. A conferência de imprensa, na qual a AAM divulgou estes números, tinha por objectivo "esclarecer a actual situação em função dos graves erros registados no PES-2001" e responder a uma alegada "campanha lançada num dos diários nacionais contra o papel das empresas algodoeiras, responsáveis pelo fomento e comercialização do algodão junto do sector privado". Carlos Henriques da LOMACO disse que o sector do algodão envolve actualmente cerca de 300 mil produtores do sector familiar e emprega directamente cerca de 10 mil pessoas na indústria, para além de ter um impacto significativo ao nível da vida rural, fundamentalmente no norte do país. (Notícias, 02/01/01) Celebra-se hoje o "Gwaza-Muthini" Assinala-se hoje mais um aniversário da batalha de Marracuene, Gwaza Muthini, ocorrida em 1895 e um dos marcos da luta contra a dominação colonial portuguesa em Moçambique. A batalha deu-se 10 anos após a Conferência de Berlim, que determinava a "ocupação efectiva" de África pelas potências colonizadoras, quando os portugueses, comandados por Caldas Xavier, envolveram-se numa sangrenta batalha com os guerreiros de Nwamatibyana, que se opunha à dominação colonial. Nas celebrações do "Gwaza-Muthini", onde os anciãos evocam os espíritos através do "Kuphahla", juntam-se em Marracuene a autoridade tradicional, membros do Governo e populares. No ano passado a efeméride foi manchada por acidentes de viação que fizeram muitas vítimas mortais. Segundo o Arquivo Histórico de Moçambique, Gwaza-Muthini é uma palavra que se ramifica em duas: "gwuaza" que significa picar ou matar com um objecto contundente, e "Muthini" que significa inimigo. (Notícias, 02/01/01) |