Em Mutarara: Há escassez de alimentos nos centros de acomodação das vítimas das cheias no distrito de Mutarara, província de Tete, devido ao elevado número de pessoas que continuam a chegar, em consequência do agravamento da situação das cheias. As reservas alimentares criadas no âmbito do plano de contingência estão quase esgotadas, quando a província de Tete necessita de mais de 3500 toneladas de alimentos. O Instituto Nacional de Gestão das Calamidades Naturais (INGC), que confirma o agravamento da situação, afirma que as embarcações e meios aéreos disponíveis são insuficientes para as operações de resgate e de canalização de víveres. Em Mutarara mais de 90% das vias rodoviárias estão intransitáveis, o que anula qualquer operação via rodoviária. A barragem de Cahora Bassa prevê manter 7 817 m³/s de descargas por mais alguns dias, na tentativa de manter a capacidade de encaixe. Entretanto, a barragem de Kariba anunciou ontem o aumento das descargas por razões de segurança, uma vez que a capacidade de pleno armazenamento foi ultrapassada em 65 centímetros. (Notícias, 01/03/01) O Zambeze invadiu Marromeu "Batucadas" da Renamo marcam Arrancou ontem a IV sessão ordinária da Assembleia da República (AR), com fortes desinteligências quanto ao ordenamento dos pontos de agenda apresentada ao plenário para aprovação. A Renamo-UE pretendia que a questão do levantamento da imunidade parlamentar dos deputados indiciados de "envolvimento nas manifestações de 9 de Novembro", último ponto da agenda, deveria ser o primeiro. A exigência, contrária ao consenso da Comissão Permanente que deliberou inscrever o assunto para a discussão em plenário, não foi aceite pelo Presidente da AR, Eduardo Mulêmbwè. Os deputados da Renamo-UE, insatisfeitos com a explicação do Presidente socorreram-se no preceituado no artigo 11 do regimento interno da AR, na sua alínea d), segundo a qual a agenda de trabalhos e a ordem do dia das sessões ordinárias obedecem a seguinte prioridade: "apreciação das sanções aplicadas aos deputados quando delas haja recurso", para legitimar a sua exigência, ao que Mulémbwè explicou que era preciso dar tempo à Comissão dos Assuntos Jurídicos, Direitos Humanos e Legalidade (CAJDHL) para produzir a sua apreciação. A Renamo-UE afirmou que não havia hipótese senão cumprir o que está previsto no regimento. Face ao impasse recorreu-se à votação da qual a Frelimo, maioritária na AR, ditou que o assunto só seria discutido logo que a CAJDHL concluísse o seu parecer de apreciação. O impasse persistia e os deputados da Renamo-UE desataram à " batucada", à semelhança do que fizeram aquando da apresentação do informe sobre o estado da nação pelo Presidente Joaquim Chissano no ano passado. O barulho prosseguiu durante o tempo que durou a discussão e aprovação da agenda, tendo os deputados da Renamo-UE optado por não participar no voto, ao que o Presidente da AR sancionou com um dia de desconto salarial. Entretanto, a agenda ora aprovada contém 18 pontos, com destaque para a informação anual do Procurador-Geral da República, a ser prestada no próximo dia 8, a informação da Comissão de Inquérito para averiguações dos acontecimentos de 9 de Novembro passado, a informação da comissão "ad-hoc" para a revisão da legislação eleitoral, a criação da comissão de inquérito para averiguação dos fundos doados para as obras de reabilitação e ampliação do edifício da AR, a criação da comissão de inquérito para analisar a situação da Procuradoria-Geral da República, entre outros. (Notícias, 01/03/01) Assassinato de Cardoso: O Ministro do Interior, Almerino Manhenje, quebrou ontem o silência que ia observando há quase três meses. Numa conferência de imprensa, convocada para o efeito, o Ministro disse que, em conexão com o assassinato do jornalista Carlos Cardoso, a 22 de Novembro do ano passado, a Polícia efectuou algumas detenções e apreendeu alguns materiais que teriam estado envolvidos no crime. Manhenje voltou a referir que logo após o assassinato de Carlos Cardoso a PRM tratou de comunicar o sucedido ao "mundo inteiro" e à Interpol, ao mesmo tempo que solicitou apoio das suas congéneres sul-africana, zimbabweana e suázi. O Presidente, Joaquim Chissano, solicitou apoio à Grã-Bretanha, e na sequência disso dois oficiais investigadores da Polícia daquele país se deslocaram a Moçambique. O Ministro não respondeu a perguntas dos jornalistas dos órgãos convidados para o local. Estranhamente, o "metical", jornal do qual Cardoso era editor, não foi convidado para a conferência de imprensa. Manhenje também não transmitiu, antes da sua declaração à imprensa, qualquer informação à família do jornalista assassinado. Em relação ao recrudescimento do crime em Maputo, Manhenje disse que foram feitas detenções de várias quadrilhas que se dedicavam ao roubo de viaturas e seu transporte para o norte do país, ao mesmo tempo que foram recuperados carros e apreendidos alguns materiais que eram usados pelos criminosos. (Notícias, metical, 01/03/01) Notícias de ontem (28 de Fevereiro): O Zambeze invadiu Marromeu |