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Notícias do dia 1 de Março 2001

Em Mutarara:
Comida já escasseia nos centros de acomodação

Há escassez de alimentos nos centros de acomodação das vítimas das cheias no distrito de Mutarara, província de Tete, devido ao elevado número de pessoas que continuam a chegar, em consequência do agravamento da situação das cheias. As reservas alimentares criadas no âmbito do plano de contingência estão quase esgotadas, quando a província de Tete necessita de mais de 3500 toneladas de alimentos.

O Instituto Nacional de Gestão das Calamidades Naturais (INGC), que confirma o agravamento da situação, afirma que as embarcações e meios aéreos disponíveis são insuficientes para as operações de resgate e de canalização de víveres. Em Mutarara mais de 90% das vias rodoviárias estão intransitáveis, o que anula qualquer operação via rodoviária.

A barragem de Cahora Bassa prevê manter 7 817 m³/s de descargas por mais alguns dias, na tentativa de manter a capacidade de encaixe. Entretanto, a barragem de Kariba anunciou ontem o aumento das descargas por razões de segurança, uma vez que a capacidade de pleno armazenamento foi ultrapassada em 65 centímetros. (Notícias, 01/03/01)

Leia também: notícia de ontem
O Zambeze invadiu Marromeu

"Batucadas" da Renamo marcam
abertura da IV sessão da AR

Arrancou ontem a IV sessão ordinária da Assembleia da República (AR), com fortes desinteligências quanto ao ordenamento dos pontos de agenda apresentada ao plenário para aprovação. A Renamo-UE pretendia que a questão do levantamento da imunidade parlamentar dos deputados indiciados de "envolvimento nas manifestações de 9 de Novembro", último ponto da agenda, deveria ser o primeiro. A exigência, contrária ao consenso da Comissão Permanente que deliberou inscrever o assunto para a discussão em plenário, não foi aceite pelo Presidente da AR, Eduardo Mulêmbwè.

Os deputados da Renamo-UE, insatisfeitos com a explicação do Presidente socorreram-se no preceituado no artigo 11 do regimento interno da AR, na sua alínea d), segundo a qual a agenda de trabalhos e a ordem do dia das sessões ordinárias obedecem a seguinte prioridade: "apreciação das sanções aplicadas aos deputados quando delas haja recurso", para legitimar a sua exigência, ao que Mulémbwè explicou que era preciso dar tempo à Comissão dos Assuntos Jurídicos, Direitos Humanos e Legalidade (CAJDHL) para produzir a sua apreciação. A Renamo-UE afirmou que não havia hipótese senão cumprir o que está previsto no regimento.

Face ao impasse recorreu-se à votação da qual a Frelimo, maioritária na AR, ditou que o assunto só seria discutido logo que a CAJDHL concluísse o seu parecer de apreciação. O impasse persistia e os deputados da Renamo-UE desataram à " batucada", à semelhança do que fizeram aquando da apresentação do informe sobre o estado da nação pelo Presidente Joaquim Chissano no ano passado. O barulho prosseguiu durante o tempo que durou a discussão e aprovação da agenda, tendo os deputados da Renamo-UE optado por não participar no voto, ao que o Presidente da AR sancionou com um dia de desconto salarial.

Entretanto, a agenda ora aprovada contém 18 pontos, com destaque para a informação anual do Procurador-Geral da República, a ser prestada no próximo dia 8, a informação da Comissão de Inquérito para averiguações dos acontecimentos de 9 de Novembro passado, a informação da comissão "ad-hoc" para a revisão da legislação eleitoral, a criação da comissão de inquérito para averiguação dos fundos doados para as obras de reabilitação e ampliação do edifício da AR, a criação da comissão de inquérito para analisar a situação da Procuradoria-Geral da República, entre outros. (Notícias, 01/03/01)

Assassinato de Cardoso:
Ministro do Interior diz que há detidos

O Ministro do Interior, Almerino Manhenje, quebrou ontem o silência que ia observando há quase três meses. Numa conferência de imprensa, convocada para o efeito, o Ministro disse que, em conexão com o assassinato do jornalista Carlos Cardoso, a 22 de Novembro do ano passado, a Polícia efectuou algumas detenções e apreendeu alguns materiais que teriam estado envolvidos no crime.

Manhenje voltou a referir que logo após o assassinato de Carlos Cardoso a PRM tratou de comunicar o sucedido ao "mundo inteiro" e à Interpol, ao mesmo tempo que solicitou apoio das suas congéneres sul-africana, zimbabweana e suázi. O Presidente, Joaquim Chissano, solicitou apoio à Grã-Bretanha, e na sequência disso dois oficiais investigadores da Polícia daquele país se deslocaram a Moçambique.

O Ministro não respondeu a perguntas dos jornalistas dos órgãos convidados para o local. Estranhamente, o "metical", jornal do qual Cardoso era editor, não foi convidado para a conferência de imprensa. Manhenje também não transmitiu, antes da sua declaração à imprensa, qualquer informação à família do jornalista assassinado.

Em relação ao recrudescimento do crime em Maputo, Manhenje disse que foram feitas detenções de várias quadrilhas que se dedicavam ao roubo de viaturas e seu transporte para o norte do país, ao mesmo tempo que foram recuperados carros e apreendidos alguns materiais que eram usados pelos criminosos. (Notícias, metical, 01/03/01)

Notícias de ontem (28 de Fevereiro):

O Zambeze invadiu Marromeu
Centro e norte têm brigadas anti-contrabando


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