Assassinato de Cardoso: O jornal "metical", na sua edição da sexta-feira passada, afirma que são três as pessoas detidas por envolvimento no assassinato de Carlos Cardoso. Ernesto Vasco, Sebastião Manhiça e Justiço Bila teriam sido detidos na vizinha Suazilândia, donde foram deportados para Moçambique como emigrantes ilegais, dado que não existe nenhum tratado de extradição entre os dois países. A Polícia suázi levou os homens até à fronteira onde os esperava um comité de recepção da Polícia moçambicana, ao que se supõe dirigida pelo próprio ministro do Interior, Almerinho Manhenje. O jornal diz ter de "fontes dignas de crédito" que os três acusados já têm advogados de defesa e dado que "os três homens parecem ser indivíduos bossais e sem grandes meios," pergunta "quem está a pagar a esses advogados." Surpreendentemente, o semanário "Domingo" traz, na sua edição de ontem, uma reportagem na qual os nomes dos detidos são outros. O jornal apresenta como principal culpado um indivíduo de nome Carlos Pinto da Cruz, mais conhecido no mundo do crime como Anibalzinho, um mulato claro de pouco mais de 30 anos. Ao ser preso no Ezulwini, na Suazilândia, no dia 25 de Fevereiro, ele teria mostrado um passaporte português, em nome de Aníbal António dos Santos Júnior. No entanto, ele também é portador de um passaporte moçambicano. Na mesma ocasião teria sido detido um indivíduo chamado Manuel dos Anjos Fernandes, também conhecido por Anão. Depois de condenados como imigrantes ilegais na Suazilândia, os dois homens teriam sido entregues à Polícia moçambicana no dia 28 de Fevereiro. Os dois detidos já foram identificados como os indivíduos que, nas semanas antes do assassinato de Cardoso visitaram várias vezes as instalações do metical, alegadamente para comprar o jornal (que normalmente é enviado por fax ou e-mail). Ainda de acordo com o "Domingo", um terceiro suspeito, conhecido por Ismael, já teria sido preso no dia 23 de Fevereiro na fronteira de Namaacha. O registo sul-africano da fronteira de Ressano Garcia mostra que na manhã do dia 23 de Novembro, o dia seguinte ao do assassinato, Carlos Pinto da Cruz entrou em território sul-africano num City Golf vermelho que tem todas as características da viatura usada pelos dois homen nas suas visitas ao jornal "metical" e com um dos carros que transportaram os assassinos de Cardoso no dia 22 de Novembro. Da Cruz teria voltada a Moçambique ainda no mesmo dia, mas sem o carro. A matrícula do carro, no registo automóvel, corresponde a outro carro, registado em nome do Comité Central do Partido Frelimo. O artigo no "Domingo" vem acompanhado da fotografias dos passaportes dos dois suspeitos. O jornal não revela as suas fontes, mas tudo leva a supor que o material para a realização da reportagem tenha sido obtido junto da Polícia. Como observa o "metical" de hoje, isto representa uma "brusca mudança de atitude face ao até aqui impenetrável e sacrossanto «segredo de justiça»" usado até agora como "subterfúgio para não esclarecerem ao público o andamento deste processo". O "metical" também revela que a reportagem do "Domingo" foi feita sem nenhum contacto com os jornalistas do jornal de Cardoso. Tendo o semanário toda uma história de artigos publicados propositadamente para despistar a atenção do público, juntamo-nos ao "metical" e "desconfiamos da fartura da esmola que nos foi presenteada". (metical 02 e 05/03/01, Domingo 04/03/01) Cahora Bassa está a descarregar a 100% A barragem de Cahora Bassa (HCB) atingiu no fim-de-semana o seu limite máximo de encaixe, que é de 3226 metros, e está a descarregar a 100% em quatro comportas e a 50% na quinta, libertando um caudal de 8800 m3/s. A situação implica inundações nos distritos de Mutarara, Chinde, Marromeu e Mopeia, a acontecer hoje, 72 horas depois do início das descargas. Fonte da HCB disse que caso as chuvas não parem à montante do Zambeze e continuarem as grandes descargas na barragem de Kariba, na Zâmbia, os próximos dias serão piores à jusante. Mais de 1700 pessoas foram evacuadas das zonas afectadas na bacia do Zambeze com a intensificação da operação nos últimos dias. Outras 8 mil pessoas conseguiram sair das zonas inundadas com os seus próprios meios. As pessoas evacuadas compulsivamente fogem dos centros de acomodação à calada da noite a nado ou com recurso a canoas. Em consequência disso, só no distrito de Mutarara, morreram 12 pessoas devoradas por crocodilos e por afogamento. A ponte Dona Ana, a maior do país, que liga as províncias de Tete e Sofala, está parcialmente destruída pelas águas, daí que a assistência às vítimas das cheias em Tete só é possível por via aérea, o que complica as já difíceis condições nos 21 centros de acomodação, onde várias pessoas padecem de malária e diarreias. Bombeiros portugueses e uma equipa de médicos seguiram ainda ontem para as zonas afectadas, onde irão desenvolver acções de socorro e de assistência sanitária às populações afectadas. Estes trazem consigo uma tenda hospitalar. O PMA reforçou as suas reservas de alimentos em mais de 11 mil toneladas, depois de esgotadas as provisões de que dispunha. (Notícias 05/03/01, TVM 04/03/01) Há 100 mil pessoas por evacuar Afectados necessitam de 662 toneladas de sementes Segundo o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) são necessárias cerca de 662 toneladas de sementes para responder à situação de emergência no centro do país. Para o efeito são necessários cerca de 1,3 milhão USD. Dados preliminares dão conta de que cerca de 44 000 "kits" de sementes deverão ser distribuídos a igual número de famílias afectadas na região para poderem intervir na segunda época da presente campanha agrícola. Perspectivas do MADER indicam que cada família deverá receber um "kit" contendo 5 kg de sementes de milho, feijão manteiga e feijão nhemba, 50 kg de hortícolas diversas, duas enxadas, uma catana, um machado e uma foice. Estima-se que até ao momento, pelo menos 27 mil hectares com diversas culturas tenham sido perdidos na sequência das inundações nas províncias da Zambézia, Sofala, Manica e Tete. (Notícias, 05/03/01) Quinze pessoas morrem soterradas em Chibuto Na cidade de Chibuto, província de Gaza, 15 pessoas perderam a vida, de uma só vez, quando ficaram soterradas em resultado da erosão dos solos. Não são descritas com detalhes as circunstâncias do incidente mas sabe-se que a cidade está sob ameaça da erosão há mais de oito anos. Entretanto, estruturas municipais indicam que há mais 600 pessoas em zonas de risco, que aguardam pela sua transferência para zonas consideradas seguras. Na vã tentativa de evitar o avanço da erosão o Governo local plantou árvores à volta da cidade, mas tal não surtiu os efeitos desejados. Actualmente as autoridades de Chibuto, com apoio da Universidade Eduardo Mondlane, estão a fazer um levantamento da situação para posterior actuação. (TVM, 04/03/01) Notícias de sábado passado (3 de Março): Cheias: há 100 mil pessoas por evacuar |