Dez mil pessoas serão integradas no projecto Gaza-Kruger-Gonarezhou No âmbito da avaliação dos progressos alcançados no processo de estabelecimento do parque transfronteira Gaza-Kruger-Gonarezhou, estiveram reunidos ontem, em Maputo, os titulares do pelouro da Agricultura e Desenvolvimento Rural dos três países envolvidos no projecto. Na ocasião foi anunciado que perto de 10 mil pessoas residentes dentro da Coutada 16 e áreas adjacentes, na província de Gaza, serão integradas nas oportunidades de desenvolvimento que serão criadas âmbito do projecto Gaza-Kruger-Gonarezhou, que envolve Moçambique, África do Sul e Zimbabwe. Com efeito, esta área deverá passar, a partir de Junho próximo, à categoria de Parque Nacional, medida que visa a conservação dos recursos faunísticos e aproveitar as potencialidades existentes para o desenvolvimento do ecoturismo. A África do Sul regista uma média anual de um milhão de turistas no Kruger Park e Moçambique espera que com a abertura da área de conservação transfronteira o número de turistas atinja, na primeira etapa, cerca de 100 a 200 mil por ano. O parque transfronteira compreende uma área de 40 mil km². Moçambique pretende investir cerca de 7,5 milhões USD na capacitação da estrutura de gestão, vedação das áreas comunitárias, desenvolvimento de infra-estruturas e envolvimento da comunidades na discussão das oportunidades que esta iniciativa vai criar. Estas iniciativas contam com o financiamento do Banco Mundial e do Banco Alemão de Desenvolvimento. (Notícias, 24/03/01) Parque Gaza-Kruger-Gonarezhou abre este ano Apenas 35% da população consome água potável O Ministro das Obras Públicas, Roberto White, revelou, na passada quinta-feira, que em Moçambique cerca de 65% da população não tem acesso à água potável e 72 % não gozam de condições de saneamento adequado. Falando, em Maputo, por ocasião do Dia Mundial da Água, celebrado sob o lema "Água e Saúde", disse que no país as práticas higiénicas são bastante deficitárias, facto que agrava o número de mortes devido às doenças de origem hídrica. No país, mais de 50 crianças com menos de cinco anos morrem por dia devido a doenças diarreicas tais como a cólera e outras relacionadas com a malária. Para White, a insalubridade que se verifica nas cidades contribui para o agravamento e perenidade dessas enfermidades. O Governo está a desenvolver esforços para que em cinco anos se possa elevar os níveis de cobertura em 45% no acesso ao abastecimento de água e 50% no acesso ao saneamento, tanto em zonas urbanas bem como em zonas rurais, com especial atenção para as zonas peri-urbanas. (Notícias, 24/03/01) Universidade pública em crise: Ao longo de toda esta semana Brazão Mazula, actual Reitor da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), prosseguiu com muita insistência a campanha para a sua própria recondução - usando recursos humanos e financeiros da Universidade como se fossem sua propriedade particular. Na terça-feira todos os docentes e trabalhadores receberam da Reitoria um calendário do ano 2001. Dois dias mais tarde foi distribuída pelos canais oficiais da UEM uma brochura de 36 páginas, em papel de luxo e a cores, chamada "Cinco anos na gestão da UEM: Brazão Mazula", publicitando os avanços dos últimos cinco anos na UEM como se fossem obra do Reitor. Na quinta-feira o campus foi invadido por cartazes de fundo amarelo, intitulados "Quem tem medo das eleições?", contendo um ataque violento ao secretário-geral do Sindicato dos Professores, o Dr. Inocente Mutimucuio, que apela ao boicote das eleições em que Mazula é o único candidato. Os cartazes estão a ser colados por funcionários da Reitoria, mas também por grupos de estudantes. Outros grupos de estudantes arrancam sistematicamente todos os cartazes que apelam ao boicote ou que criticam Mazula. Também na quinta-feira cartazes a cores com o retrato de Mazula foram distribuídos por funcionários da UEM, com instruções de serem afixados em todas as Faculdades. Os cartazes são provenientes da Comissão de Selecção, alegadamente para informar a "Comunidade Universitária" sobre "quem são os candidatos". Na sexta-feira o semanário Savana saiu com um Suplemento Especial de 12 páginas, intitulado "UEM completa 25 anos", que não passa de uma tentativa mal velada de projectar a imagem do Reitor. Mas o ponto mais baixo em toda esta campanha é um artigo, assinado por Wehia Ripua, com o título: "Professores indisciplinados e grevistas da UFICS querem destruir UEM", que saiu na quarta-feira no semanário Demos. No artigo Ripua afirma que o boicote da ONP é uma maquinação para destruir a UEM: "Hoje temos no nosso país independente um outro Mateus Gwenjere, que é o Dr. Fernando Ganhão, que semeia e dirige confusões na UEM a fim de destruir esta instituição académica do Estado. O objectivo do Dr. Ganhão é claro: privar o país de quadros nacionais, particularmente negros." "Os professores grevistas da UFICS, nomeadamente brancos, indianos, canecos, mulatos e negros comprometidos que fazem parte deste grupo dizem que eles não se sentem bem estarem a ser dirigidos por um negro." Não é o primeiro artigo em que o Demos apoia Mazula, recorrendo a "argumentos" racistas. O Reitor não só nunca se distanciou destes artigos, como mandou copiar e distribuir um desses artigos entre os estudantes. Hoje, sábado, o Reitor está a visitar as residências estudantis, entrando em todos os quartos, exortando os estudantes a votar. Para esta noite está programado um concerto do conjunto Kapa Dêch, para o qual todos os estudantes são convidados por Mazula. No bairro residencial universitário é feita uma campanha casa-a-casa, tentando convencer os docentes a votarem. (MOL, 24/03/01) Eleições na UEM: Mazula inicia campanha, docentes boicotam Se quiser ler mais sobre a luta dos docentes, visite o site do Movimento pela Moralização da Universidade: Notícias de ontem (23 de Março): CE aprova financiamento para Orçamento do Estado |