Políca espanca e detém cidadãos arbitrariamente A Polícia da República de Moçambique (PRM) está a "liderar" uma onda de desmandos na capital do país, Maputo, espancando e detendo cidadãos sem no mínimo exigir alguma identificação. No passado dia 30 de Março, o bairro Luís Cabral e arredores viveu uma verdadeira noite de terror, quando uma brigada dos "agentes da Lei e Ordem", que se fazia transportar numa viatura começou a espancar e a recolher para as suas celas os residentes e transeuntes. Cerca das 21 horas e 45 minutos, um jornalista - que pediu anonimato por recear represálias - foi interpelado pela Polícia que desatou à "cacetada". Foi espancado por cinco polícias, um dos quais à paisana munido de um "cavalo-marinho", para depois ser arrastado para o carro da PRM. Durante o tempo que durou a patrulha no bairro, ninguém podia se atrever a se fazer à rua, ainda que tivesse algo de urgente por fazer. Os "detidos" foram levados às celas da Polícia no bairro da Malanga onde foram repartidos em duas celas, uma das quais de 4 metros quadrados aproximadamente. Nesta cela, sem janelas, cerca de 17 "reclusos", com idades compreendidas entre os 13 e os 30 anos, partilharam o exíguo espaço e o cheiro nauseabundo exalado pela sanita na qual estes faziam as suas necessidades. Muitos dos detidos mal podiam respirar e, quando pediram o descongestionamento da cela foi lhes dito, por um agente da PRM, que se eles morressem asfixiados não seria novidade. Depois de cerca de 15 horas de "reclusão", às 12 horas do dia 31 de Março, o chefe das operações foi ouvir os detidos. Depois das audições, uns foram mantidos nas celas, outros foram espancados antes de serem libertos e cerca de cinco foram libertos sem pré-condições. Estas são apenas algumas das terríveis verdades da PRM que neste ano atingiu mortalmente um cidadão em sua casa, no bairro Ferroviário, abateu um estudante de jornalismo e feriu a tiro um taxista de nome Danilo Aboobacar. Há pouco tempo foi reportado o fuzilamento de dois reclusos pelos guardas prisionais da Cadeia Central da Machava. (MOL, 31/03/01) Dhlakama: ou Governadores da Renamo ou eleições antecipadas Na conferência de imprensa que o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, deu ontem à tarde deixou claro que o que o seu partido quer é a nomeação até Maio deste ano de Governadores de sua confiança nas seis províncias onde a Renamo-UE obteve a maioria de votos nas eleições de Dezembro de 1999. Se a Frelimo não aceitar esta exigência, só restará uma única alternativa, de acordo com Dhlakama: eleições antecipadas. Dhlakama, que afirmou que as legítimas aspirações do povo foram defraudadas pela falta de seriedade patriótica do partido Frelimo, responsabilizou o Presidente da República por tudo o que vier a acontecer como consequência da ruptura do diálogo. Todavia, ressalvou que a sua luta pela verdade e democracia não vai parar. Ajuntou que o seu partido demonstrou a necessária paciência, mas não pode enganar o povo moçambicano e particularmente "aqueles que diariamente são mortos porque votaram no seu partido". Disse ainda que o recurso às manifestações, para persuadir o Governo a aceder às suas pretensões, não é a estratégia do seu partido mas tornou claro que uma guerra não é evitada com palavras mas sim com acções concretas. Chissano argumenta que a acomodação das exigências da Renamo-UE exige uma emenda á Constituição da República. Dhlakama ressalvou que uma leitura atenta à Lei fundamental do país permite concluir que o Presidente da República possui poderes para nomear governadores provinciais indicados, neste caso, pela Renamo. O líder da Renamo admitiu a possibilidade de voltar ao diálogo com o Governo, se o Presidente da República o contactar. (Notícias, 31/03/01) Dhlakama rompe com Chissano Centros de acomodação recebem mais bens de socorro Estão a ser transportados, a partir da cidade da Beira, 450 toneladas de géneros alimentares de emergência para o centro de operações de assistência às vítimas das cheias instalado em Caia, distrito de Marromeu. Por outro lado, um barco transportando um total de 100 toneladas de alimentos dirige-se para o Chinde, na província da Zambézia. Estes géneros destinam-se a ser distribuídos ao longo das zonas do baixo Zambeze, nomeadamente Chinde, Luabo, Marromeu e Mopeia. O transporte dos víveres para Caia torna-se possível graças a reabertura do tráfego rodoviário na Estrada Nacional nº 6, troço Mutua-Tica, interrompida há dias devido às inundações. Com a redução dos níveis das águas que se verifica nos últimos dias na bacia do rio Zambeze, o INGC está já a direccionar as atenções para as fases seguintes ao programa de resgate, nomeadamente para a distribuição dos bens de socorro. O director do INGC, Silvano Langa, apontou que os meios aéreos disponíveis, reduzidos com a retirada do contigente sul-africano, são incapazes de transportar cabalmente as ajudas para as zonas afectadas. Actualmente estão disponíveis 14 meios aéreos, dos mais de 20 que existiam há cerca de um mês. Em resposta ao apelo de 30 milhões USD, feito pelo Governo em Fevereiro passado, Langa disse que as contribuições já atingiram cerca de 14 milhões USD. (Notícias, 31/03/01) No centro do país: Níveis dos rios estão a diminuir Preços de combustíveis aumentam Os preços dos combustíveis líquidos a praticar nos postos de venda e de abastecimento do país foram agravados. Os preços máximos a praticar nos postos de abastecimento das cidades de Maputo, Matola, Beira e Nacala, passam a ser de 9 330,00 MT/litro para a gasolina, 5 530,40 MT/litro o Jet AI, 5 040 MT/litro o petróleo de iluminação, 7 440 MT/litro o gasóleo, e 5 160,10 MT o fuel oil. Antes estes custavam 8 800 MT, 4 644 MT, 4 210 MT, 7 080 MT e 5 391 MT o litro, respectivamente. (Notícias, 31/03/01) Notícias de ontem (30 de Março): Dhlakama rompe com Chissano |