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Notícias do dia 30 de Março 2001

Dhlakama rompe com Chissano

O presidente da Renamo-UE, Afonso Dhlakama, rompeu ontem, em Maputo, o diálogo que vinha mantendo com o Presidente Joaquim Chissano, com vista a sanar a crise decorrente das polémicas eleições gerais de 1999. O rompimento surgiu no decurso do terceiro frente-a-frente entre Dhlakama e Chissano, quando as partes não chegaram a um consenso sobre a exigência da Renamo-UE de o Presidente da República nomear governadores indicados por aquela coligação nas seis províncias onde esta obteve a maioria dos votos nessas eleições.

Dhlakama recusou-se a prestar declarações e abandonou de imediato o edifício da Assembleia da República onde decorreram as conversações. Entretanto, Jafar Gulamo Jafar, porta-voz da coligação, justificou a posição tomada pela Renamo-UE, afirmando que o que se passou nas três rondas de diálogo foi uma tentativa deliberada de se atrasar "a solução de um problema político grande, que começou com a fraude eleitoral em 1999 e se agudizou com os acontecimentos de Montepuez. De seguida abandonou o local onde decorria a conferência de imprensa. Esta tarde está a decorrer na residência de Afonso Dhlakama uma conferência de imprensa.

A Renamo-UE exige uma solução para a alegada crise até Maio, afirmando que as populações das províncias onde obteve a maioria dos votos está ansiosa pela sua governação e não pela da Frelimo. Findo este prazo, e caso não haja resposta favorável às suas exigências, a Renamo-UE ameaça desencadear mais manifestações em todo o país. Quem nomeia os Governadores das Províncias é o Presidente da República e no encontro de 17 de Janeiro, Chissano concordou que haveria consultas com a oposição antes de se nomear administradores ou governadores. No entanto, a Renamo quer Governadores seus até Maio. Chissano disse que a Renamo-UE queria que ainda ontem fosse assinado um acordo para acomodação das suas exigências, apesar de as questões colocadas serem "de índole constitucional".

Hoje, Dhlakama, que falou à RDP-África ao telefone, acusou o Governo de estar a brincar com o povo e acrescentou que, face ao carácter do diálogo, pretendia que a matéria discutida fosse submetida imediatamente ao Parlamento para a sua "ratificação e aprovação", no lugar de esta ser incluída no processo normal de revisão da constituição, pois tal levaria muito tempo. Por sua vez, o Chefe de Estado reiterou a disponibilidade do Governo a dialogar, tanto com a Renamo-UE como com as restantes forças vivas da nação, com vista a encontrar soluções para os diversos problemas que se colocam. (Notícias, 30/03/01)

Leia sobre o encontro de 17 de Janeiro:
Segundo encontro Chissano/Dhlakama não traz novidades

No centro do país:
Níveis dos rios estão a diminuir

O rio Zambeze tende, nos últimos dias, a reduzir progressivamente os seus níveis e caudais ao longo de toda a bacia, devido à redução das descargas da barragem de Cahora Bassa, como também ao abrandamento das chuvas. A mesma tendência regista-se com relação aos rios Búzi, Púnguè, Save e Licungo, cujas cheias são responsáveis pela situação de emergência que afecta cerca de 563 mil pessoas nas províncias do centro do país. Na HCB as cotas mantêm um carácter estacionário em cerca de 228 metros, descarregando um caudal de apenas 5 140 m³/s. Em Manica, a barragem de Chicamba Real, que esteve a descarregar 218 m³/s, fechou a única comporta que estava aberta desde o passado dia 26 de Março. (Notícias, 30/03/01)

Leia a notícia de 28/03:
Melhoria da situação: HCB reduz descargas

Desvio de fundos na reabilitação do edifício da Assembleia da República:
Frelimo rejeita constituição de comissão de inquérito

Através do voto maioritário da Frelimo, a Assembleia da República (AR) rejeitou ontem a proposta da Renamo-UE visando a criação de uma comissão de inquérito para averiguação da utilização dos fundos doados pela Governo da Dinamarca para as obras de reabilitação e ampliação do edifício-sede do Parlamento.

Entretanto, o deputado José Palaço, da Renamo-UE, foi ao pódio acusar, sem citar nomes, altos funcionários do Estado de terem recebido avultadas somas em suborno do anterior empreiteiro da obra, a Edicrel. José Palaço sugeriu a existência de uma ligação entre a suspensão do secretário-geral da AR e o alegado desvio de fundos. Por seu turno, Eduardo Mulémbwè, Presidente da AR, disse que os doadores não entregaram dinheiro à AR e que o mesmo foi gerido pela DANIDA. Para Mulémbwè, a hipótese de dinheiro ter sido desviado pela AR é inexistente, dado que há todos so "dossiers" sobre a matéria, podendo ser consultados pelos deputados.

A Frelimo defendeu uma auditoria externa para se concluir se há ou não necessidade de se avançar para a criação da tal comissão que iria analisar os documentos respeitantes às despesas, tendo em conta o Regimento Interno da AR quanto ao sigilo e segurança do Estado. O funcionamento do aludido grupo de inquérito seria por um período de 90 dias, vencendo os sete membros os mesmos honorários atribuídos aos das comissões de trabalho. (Notícias, 30/03/01)

Notícias de ontem (29 de Março):

Está decidido: Moçambique vai importar retrovirais
Chissano e Dhlakama estão reunidos à porta fechada
Falsa declaração: Alfândegas apreendem mercadorias


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