Fusão BIM-BCM: Os accionistas dos dois maiores bancos do país, o Banco Comercial de Moçambique (BCM) e o Banco Internacional de Moçambique (BIM) autorizaram na passada sexta-feira a fusão dos dois. A nova instituição, resultante dessa fusão, denomina-se Grupo BIM e controla 48% do crédito e 52% dos depósitos no sistema financeiro nacional. O Banco Comercial de Portugal (BCP) era antes da fusão o accionista maioritário dos dois bancos, depois de ter adquirido em 2000 o BCM, na sequência duma fusão com o Banco Mello, também português, que na altura detinha 51% das acções do BCM. Desde o ano passado os dois bancos partilham o mesmo sistema informático e o mesmo Conselho de Administração, presidido por Mário Machungo, antigo primeiro-ministro moçambicano. São accionistas do Grupo BIM, o BCP, com 50,4% das acções, o Estado moçambicano, com 23,1%, a International Finance Corporation do Banco Mundial, com 16,5%, a empresa estatal de seguros EMOSE (4,8%), o Instituto Nacional de Segurança Social, INSS (4%) e a Fundação pelo Desenvolvimento da Comunidade, uma ONG moçambicana presidida por Graça Machel (1,2%). A fusão era esperada há algum tempo e é muito criticada em certos círculos nacionalistas. Há duas semanas o semanário Demos entrevistou Prakash Ratilal, que foi Governador do Banco de Moçambique nos anos 80, e este disse que em nenhuma parte do mundo é aceitável que um único grupo financeiro domine o mercado de forma tão absoluta. Ratilal acusa o BCM/BIM de "práticas monopolistas" que teriam efeitos nefastos sobre os mercados monetário e cambial. Sérgio Vieira, que foi Governador do Banco Central antes de Ratilal, também criticou a fusão, dizendo que os bancos dominados pelos portugueses não estão preocupados com os interesses do país e só querem fazer lucro. Vieira disse que isto fica evidenciado no encerramento de filiais no campo e na concentração nos grandes centros urbanos. Para a ex-deputada pela Frelimo, autora e agricultora Lina Magaia, a fusão não passe de mais um passo na "recolonização" do pais. O artigo no Demos não menciona que a perda do controle sobre o sistema financeiro nacional, pelo menos em parte, é a consequência da corrupção e do roubo desenfreado pela elite política deste país. A indignação nacionalista por parte desta mesma elite política soa a falso! (AIM, RTP, TVM, MOL, 14 e 15/10/01) Leia os artigos de Joe Hanlon sobre o roubo nos bancos: Em Ribáuè: A epidemia de meningite meningocóssea que desde a semana passada afecta o distrito de Ribáuè, província da Nampula, já provocou sete óbitos, entre os oito casos oficialmente notificados. Segundo Paulo Rapaz, director da Saúde em Ribáuè, a alta taxa de letalidade até aqui registada deve-se ao facto de a doença ser de fácil contágio. Em Ribáuè, onde o tipo de habitações é de tamanho reduzido, levando a que as pessoas se confinem no mesmo
espaço, a probabilidade de contágio da doença é muito alta. Os focos da doença são as regiões de Iapala, Quitele e a própria sede
do distrito, zonas nas quais se confirma a morte de um número não especificado de pessoas devido, provavelmente, à doença. A rigidez da nuca é um dos
principais sintomas de contaminação com meningite. (Notícias, 15/10/01) Conselho Cristão solicitado a recolher armas em Tete O Conselho Cristão de Moçambique (CCM), que encabeça o projecto de Transformação de Armas em Enxadas (TAE) enviou, para as províncias de Tete e Sofala, equipas especializadas na identificação e desmantelameto de esconderijos de armas, na sequência de uma denúncia feita por antigos militares da Renamo. Segundo Albino Forquilha, coordenador do TAE, antigas patentes da Renamo comunicaram ao CCM sobre a existência de milhares de armas escondidas em Dôa, na província de Tete, e Marínguè, na província de Sofala. Trata-se, alegadamente, de armas pesadas, algumas das quais ainda bem conservadas, rádios de comunicação e outros instrumentos de guerra. Durante a guerra a Renamo possuía uma grande base em Dôa, que era tida como a segunda presidência do então movimento armado,
depois de Marínguè. O CCM, através do Departamento de Paz, Justiça e Reconciliação, dirige o projecto TAE desde 1995, tendo já recolhido
de "mãos alheias" milhares de armas e desmantelado dezenas de esconderijos de material bélico. (Notícias, 15/10/01) Os 15 anos da morte de Samora Machel, o primeiro Presidente de Moçambique, são motivo de todo o tipo de manifestação de saudosismo. O Marechal é evocado todos os dias na Rádio Moçambique e na TVM, através de gravações históricas e de entrevistas com pessoas sobre a vida e a obra de Samora. Samora Moisés Machel morreu a 19 de Outubro de 1986 em Mbuzini, África do Sul, perto da fronteira moçambicana, quando se despenhou o avião no qual viajava. No mesmo acidente morreram também quase todos os membros da comitiva presidencial, incluindo quatro pilotos russos. Vinte músicos moçambicanos gravaram uma colectânia de músicas, repartida em dois volumes, sobre a vida e obra de Samora,
intitulado "Moçambique Canta Samora". Os músicos são, entre outros, Alexandre Langa, Salimo Mohamed, Wazimbo, Xidiminguane, José Guimarães, Lisboa
Matavele, Elsa Mangue e Wizy Massuke. A iniciativa saiu do Comité Central da Frelimo e a edição ficou a cargo da J&B Recording, uma empresa filiada a altas
individualidades do partido Frelimo e conotada com a lavagem de dinheiro. Segundo a J&B, 20% das vendas do álbum irão reverter a favor dos meninos da rua e igual
percentagem destina-se aos antigos combatentes da luta de libertação nacional. Os dois volumes serão lançados no próximo dia 17 de Outubro no Cine
África, em Maputo. (Notícias, MOL, 15/10/01) Distrito de Chibuto sob ameaça de fome Cerca de 50 mil famílias do distrito de Chibuto, província meridional de Gaza, em Moçambique, poderão enfrentar nos próximos tempos carências alimentares, devido ao fraco rendimento agrícola registado na última campanha (2000-2001). O distrito de Chibuto tem neste momento 164 791 habitantes, e estima-se que entre 30 e 35% da população venha a enfrentar carencias alimentares. Estima-se que a área cultivada ao nível do distrito na época passada foi de 30 mil hectares de culturas diversas, como milho,
feijão e amendoim. Tendo como base de sustentação a prática agrícola, muitos camponeses não puderam realizar a segunda capanha da época
passada, a qual tem garantido a reserva alimentar para muitas famílias no distrito. (Domingo 14/10/01) Notícias de sábado passado (13 de Outubro): MOZAL: Direcção e sindicatos continuam divididos; Chissano critica grevistas |