Moçambique on-line

Notícias do dia 21 de Novembro 2001

Vítima de baleamento:
Músico Pedro Langa assassinado

Pedro Langa, um dos principais vocalistas da banda musical Ghorwane, foi assassinado a tiro na madrugada de ontem na sua residência, em Maputo, por indivíduos desconhecidos. Após ter sido baleado, o músico foi levado, ainda com vida, para o Hospital Central de Maputo, donde foi transferido, depois de receber cuidados intensivos, para a Clínica da Sommerschield, onde faleceu. Para entrarem na casa do malogrado os indivíduos arrombaram as grades e serviram-se da janela da casa de banho.

Segundo a polícia, que considera tratar-se de uma tentativa de assalto, os malfeitores usaram uma pistola Makarov. "A mulher foi a primeira a aperceber-se que havia estranhos na casa, chamou o marido, e quando este se aproximou da cozinha, os assassinos abriram fogo, tendo o atingido em partes vitais", disse o porta-voz da polícia, Jacinto Cuna. Pedro Langa, de 42 anos de idade, foi um dos fundadores do "Ghorwane", um agrupamento moçambicano de renome internacional. Há cera de dez anos foi morto Zeca Alage, outro músico dos "Ghorwane", em circunstâncias ainda não esclarecidas. (Notícias, 21/11/01)
 

Polícia acusa Justiça:
Tribunais soltaram 80 assaltantes em Maputo

Cinco pessoas foram assassinadas nos últimos dez dias em Maputo e foram registados vários assaltos à mão armada. Segundo a Polícia, o recrudescimento da criminalidade é a consequência da libertação nos últimos meses de pelo menos 80 perigosos assaltantes à mão armada - "ninjas" - que se encontravam detidos na cadeia de máxima segurança da Machava, em Maputo. O porta-voz da Polícia, Abílio Quive, disse dispor de dados que comprovam a libertação de 80 "ninjas" em Setembro e Outubro, e acusa os tribunais de terem ordenado essas solturas durante a fase de legalização da prisão, quer por caução, quer por outra alegação.

Desde o mês de Outubro que a Polícia vem desencadeando em Maputo uma operação que tem em vista "varrer" a cidade, face à aproximação da quadra festiva, afirma Quive. Por exemplo, só na semana passada a Polícia diz ter recolhido à cadeia 35 assaltantes à mão armada. Entretanto, apesar de os tribunais libertarem, em várias ocasiões, arguidos com argumentos pouco convincentes, sabe-se também que a Polícia tem realizado várias detenções ilegais e infundadas. (Notícias, 19/11/01)
 

Manica e Sofala:
Recuperado milhão de contos em direitos aduaneiros

As Alfândegas de Moçambique, em colaboração com a Polícia de Protecção, recuperaram mais de um milhão de contos (cerca de 44 000 USD) em direitos aduaneiros, numa operação de localização e apreensão de mercadoria contrabandeada que teve lugar de 5 a 16 de Novembro, nas províncias de Manica e Sofala. Além dos direitos, as multas a serem aplicadas podem chegar a 12 milhões de contos.

A operação foi levada a cabo por cerca de 180 homens das Alfândegas, da Polícia de Protecção e da Polícia de Intervenção Rápida, auxiliados por uma brigada canina e consistiu basicamente em buscas em armazéns, estabelecimentos comerciais e residências, para além da montagem de postos de controlo ao longo dos principais "corredores" de escoamento de mercadorias. A operação culminou com a apreensão de cerca de 100 toneladas de açúcar, grandes quantidades de cimento, bebidas alcoólicas, leite condensado e outros produtos.

Segundo as Alfândegas, a operação insere-se num esforço visando melhorar a imagem da instituição na região centro, acção que começou com a substituição total do pessoal alfandegário afecto à fronteira de Machipanda e à Delegação Aduaneira de Manica, por envolvimento em actos de corrupçao. No entanto, de acordo com um artigo no Diário de Moçambique de sábado passado, as quantidades apreendidas são muito aquém do esperado, aparentemente porque muitos proprietários de estabelecimentos comerciais na cidade da Beira tinham sido avisados previamente sobre a operação. (Diário 17, AIM 19/11/01)

Leia esta notícia de 19 de Outubro:
Alfândegas substituem agentes em Machipanda

 

Processo de reassentamento de vítimas das cheias debatido na AR
Morosidade do reassentamento preocupa deputados

A morosidade que se regista no processo de reassentamento das populações vítimas das cheias que em 2000 e 2001 afectaram o sul e centro de Moçambique, está a inquietar os deputados da Assembleia da Repúbica. Esta preocupação foi expressa na plenária da V Sessão ordinária do parlamento, quando os deputados debatiam o Relatório da Comissão dos Assuntos Sociais, do Género e Ambientais, que visitou 14 distritos em quatro províncias do centro de Moçambique, tendo constatado que há um atraso na execução de projectos de parcelamento, falta de água nos novos sítios de reassentamento e de pessoal para os serviços sociais. O relatório aponta que "o processo de reassentamento está em curso, mas de forma muito lenta".

Recentemente, o jornal Notícias revelou que no distrito de Mutarara, das 59 mil pessoas vítimas das cheias do primeiro trimestre do presente ano, nove mil continuam a aguardar pelo seu ressentamento. As autoridades distritais admitem a morosidade do processo e afirmam que algumas destas pessoas já estão a retornar às zonas onde habitavam antigamente, com todos os riscos daí resultantes.

Durante o debate no parlamento, o Presidente da Assembleia da República, Eduardo Mulembwe, foi acusado de ter-se deslocado ao distrito do Lago, na província do Niassa, onde teria distribuído produtos de emergência aos seus familiares. Mulembwe negou as acusações, que foram feitas por Hilário White, deputado da Renamo pela província do Niassa, que não chegou a apresentar qualquer evidência para fundar as suas afirmações. (Notícias 17, AIM 20/11/01)
 

Itália e IFAD contribuem para o PROAGRI

O governo italiano e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrário (IFAD) juntaram-se ontem, em Maputo, aos onze parceiros internacionais que financiam o Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário (PROAGRI). A integração destes dois parceiros foi feita com a assinatura de um memorando de entendimento, no decurso da reunião anual de avaliação do PROAGRI, que termina hoje. Falando após a assinatura do memorando, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Hélder Muteia, disse que a Itália vai investir quatro milhões de dólares na produção agrícola, extensão rural, irrigação e investigação agronómica e florestal.

O memorando ora assinado prevê uma maior flexibilidade e mecanismos práticos de avaliação e monitoramento do impacto do PROAGRI, definindo e clarificando as responsabilidades de cada um dos intervenientes. O esquema contempla um comité de gestão financeira constituído por técnicos do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Plano e Finanças e doadores, que têm a responsabilidade global pela gestão financeira do programa. Os outros onze parceiros de cooperação já tinham assinado o mesmo compromisso, numa reunião idêntica havida no ano passado. (Notícias, 21/11/01)
 

Notícias de ontem (20 de Novembro):

Aumenta número de casos de cólera em Maputo
Confiança dos doadores: PROAGRI vai continuar
Agressão contra moçambicanos ilegais: Polícias sul-africanos declaram-se culpados
Japão doa 4 mil toneladas de alimentos para Centro e Sul


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