As outras Contas de Siba Siba Enquanto a imprensa veicula a ideia de que Siba Siba teria morrido por causa de um certo Relatório que ele iria entregar ao ABSA, a opinião pública persiste em considerar que a causa da morte se deveu ao facto de o ex-PCA do Banco Austral de ir accionar os devedores. Esta, parece-nos uma hipótese talvez mais plausível do que a do "famoso" relatório. A comunidade internacional exigiu que o Governo de Moçambique liquidasse o Banco e, quanto a nós, não porque quisesse que ficasse escondido tudo o que de fraudulento lá existia, ou que os devedores escapassem. A exigência devia-se a que os credores de Moçambique simplesmente não aceitariam que o Governo de Moçambique colocasse mais dinheiro num Banco que tinha sido roubado, como já tinha acontecido no Banco Comercial de Moçambique, BCM. O Governo conseguiu convencer a comunidade internacional a dar-lhe uma moratória a fim de tentar "reprivatizar" o Banco Austral. Mas aí, a comunidade internacional exigiu que fossem tornadas públicas as listas dos devedores. E o Governo aceitou que Siba Siba as mandasse publicar. Mas que nomes vieram a público? Só aqueles nomes desconhecidos de todos nós, de pessoas que eram, concerteza devedores, mas provavelmente não das grandes quantias que levaram o Banco à falência técnica. Os nomes sonantes da praça não constavam na grande lista mandada publicar. Mas alguns deles vieram depois a reconhecer a sua dívida ou dívidas, pessoais ou através de empresas nas quais são os principais ou grandes accionistas, alegando que já estavam a negociar com o Banco Austral o reescalonamento das mesmas. Porque é que esses nomes não constavam da lista? Será que afinal não havia nomes sonantes da praça como grandes devedores do Banco? Quem acredita nisso, quando, emprivado, alguns referem à boca cheia as dívidas que têm para com o Banco Austral? Segundo informações que temos, apesar dos ditos nomes não constarem na lista publicada nos jornais, Siba Siba preparava-se para dar luz verde ao seu Departamento Jurídico para avançar com acções judiciais contra vários dos grandes devedores com quem não tinha chegado a entendimento sobre o rescalonamento das respectivas dívidas. E terá havido até reunião entre um dos membros do Conselho de Administração provisório do Banco e esses devedores, em que os mesmos foram avisados do que iria acontecer. Essa reunião, ou outra com a mesma agenda, teria tido lugar alegadamente na FACIM e nela se teria decidido o destino do Dr António Siba Siba, segundo corre na cidade. Nem tudo o que se passava no Banco Austral nas últimas semanas era do conhecimento de Siba Siba e do Departamento Jurídico, dizem fontes anónimas no Banco Austral. Antigos auditores, dois pelo menos, deixaram os seus empregos por conta dos quais fizeram auditorias no Banco Austral, e passaram a empregados do Banco, dizem outras fontes anónimas. De resto a Polícia de Investigação Criminal deve já saber isto porque práticamente todos os funcionários do Banco já passaram por lá. Assim, a morte de Siba Siba poderá ter tido como objectivo, não tanto impedir a privatização do Banco Austral, mas simplesmente, primeiro, avisar quem de direito de que não iriam admitir quaisquer acções judiciais; e segundo, se o primeiro aviso não vingasse, ganhar tempo, pois com a morte de Siba Siba esperavam que o início dos respectivos processos judiciais fosse pelo menos adiado. Por isso, a morte de Siba Siba só não terá sido em vão se forem dados a conhecer ao povo moçambicano os nomes dos verdadeiros e grandes devedores do Banco Austral. E daqueles que não sendo devedores, roubaram, também, por qualquer forma, o Banco Austral. Porque quem deve ao Banco Austral, porque quem roubou o Banco Austral, deve ao povo moçambicano, roubou o povo moçambicano. E não nos venham com as histórias do sigilo bancário. O incumprimento dum contrato de acordo mútuo faz com que esse contrato deixe de estar protegido pelo sigilo bancário. No caso de Carlos Cardoso, exigimos justiça, queremos viver sem medo. No caso de Siba Siba, exigimos o mesmo mais a divulgação completa dos
devedores e ladrões do Banco Austral. Exigimos que os mesmos sejam chamados à justiça. Porque só assim acreditaremos que, afinal, o trabalho honesto compensa e
é a única forma correcta de trabalhar. [metical de 11 de Junho: O atribulado Banco Austral] metical - arquivo 2001 |