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Ano 02 - Edição 45 - 27 de Novembro de 2000
 


POLÍTICA


Montepuez: Reclusos "dizimados" na esquadra da Polícia

Mais de 80 reclusos morreram em três dias, em circunstâncias estranhas, nas celas do Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM), na sede do distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado. Trata-se de pessoas detidas em conexão com o seu envolvimento nas recentes manifestações promovidas pela Renamo-UE. As primeiras notícias falaram de feitiço e deram a culpa aos Naparamas.

Para o esclarecimento do caso, o Governo enviou para Montepuez um equipa composta por médicos, patologistas, especialistas em medicina legal e agentes da PRM para averiguar as causas que originaram a tragédia. Por outro lado, o Governo solicitou apoio à comunidade internacional com vista ao envio a Montepuez de uma equipa técnica autónoma para trabalhar no esclarecimento da situação. Para o efeito, o Primeiro-Ministro reuniu-se com representantes da ONU, União Europeia e um membro da Commonwealth tendo recebido garantias de apoio.

Conclusões preliminares da equipa de médicos indicam que pelo menos 75 pessoas terão morrido vítimas de asfixia. Segundo os médicos, a conclusão é de que as celas onde estavam encarceradas as vítimas têm dimensões pequenas, sete metros de comprimento e três de largura, só possuem duas janelas, uma das quais parcialmente fechada e uma porta blindada. Num desses compartimentos estavam encarceradas 94 pessoas. A fonte médica acrescentou ainda que, das autópsias realizadas em oito corpos, chegou-se à conclusão de que nenhum deles apresentava lesões traumáticas, mas sim sinais de asfixia mista resultantes de associação de confinamento e sufocação indirecta. (Notícias, 24 e 25/11/00)
 


Encontro entre Chissano e Dhlakama é para breve

O Presidente Joaquim Chissano, reconheceu que a situação política em Moçambique não é boa e anunciou que terá em breve um encontro com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para que o país volte à normalidade. O Chefe de Estado revelou esta informação momentos depois de prestar a última homenagem ao jornalista Carlos Cardoso, assassinado esta semana em Maputo.

Chissano, que regressou 5a feira última de uma visita de trabalho à Malásia, confirmou ter recebido uma carta de Afonso Dhlakama, na qual o líder da Renamo aceita o convite para o diálogo. Contudo, acrescentou que terá ainda de ponderar sobre o encontro porque na carta há certos condicionalismos colocados por Dhlakama.

Dhlakama, tinha dito que iria escrever uma carta Chissano, onde especificaria os pontos que considera importantes a discutir num encontro a agendar com o Chefe de Estado. No entanto, escusara-se a comentar os pontos que pretende discutir com Chissano, mas são conhecidas as suas reivindicações, nomeadamente uma partilha do poder, tendo em conta os resultados eleitorais, tidos por este como fraudulentos. (Notícias, 25/11/00)
 


Chissano assina acta da União Africana

O Presidente Joaquim Chissano assinou na 4a feira última, em Adis-Abeba, Etiópia, a acta constitutiva da União Africana, tornando Moçambique no 32o. Estado membro da OUA a assinar este tratado pan-africano. Proposta pela Líbia na última cimeira da OUA, havida no Togo, o projecto da União Africana não havia sido assinado por Moçambique que pretendia reflectir ainda sobre o assunto. Para entrar em vigor, o projecto deverá ser ratificada por pelo menos dois terços dos 53 estados membros da OUA. (Notícias, 25/11/00)
 


Moçambique e África do Sul "discutem" Ressano Garcia

Os Governos de Moçambique e da África do Sul estão a concluir detalhes técnicos com vista à implantação da chamada "fronteira comum" no posto administrativo de Ressano Garcia, província de Maputo, uma iniciativa que visa reduzir os procedimentos actualmente observados na travessia da fronteira rodoviária entre os dois países. As duas partes já iniciaram com o processo de melhoramento de infra-estruturas naquele importante ponto de ligação que é parte integrante do corredor de Desenvolvimento de Maputo.

Presentemente, os utilizadores do posto fronteiriço de Ressano Garcia queixam-se da morosidade que se regista na tramitação actualmente exigida para a travessia de viaturas, razão porque ocorrem sistemáticos congestionamentos. (Notícias, 20/11/00)
 


FADM adquirem carros recondicionados na RAS

A capacidade de locomoção da Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) pelo país foi reforçada, mercê da entrega pelo Ministro sul-africano da Defesa do primeiro lote de um total de 140 viaturas na situação de recondicionadas a serem adquiridas por Moçambique naquele país, num montante de 3,5 milhões USD.

O primeiro lote de camiões, foi entregue às autoridades moçambicanas e custou 900 mil USD. A cerimónia de entrega formal da encomenda teve lugar no Estado-Maior General da FADM em Maputo, num acto protagonizado pelos ministros da Defesa de ambos os países, respectivamente Tobias Dai e Patrick Lekota. Para Dai, a entrega daqueles veículos enquadra-se no âmbito das relações de amizade existentes entre Moçambique e África do Sul, ambos membros da SADC. (Notícias, 25/11/00)

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