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Ano 03 - Edição 5 - 12 de Fevereiro de 2001
 

POLÍTICA


Ameaça de greve na Mozal

Trabalhadores moçambicanos da recém inaugurada fundição de alumínio Mozal ameaçam entrar em greve a partir da terça ou quarta-feira próxima, caso as suas reivindicações salariais não sejam satisfeitas. A principal razão do conflito é a diferença que separa os salários dos trabalhadores nacionais dos dos estrangeiros.

Em Outubro do ano passado, os trabalhadores exigiram um aumento salarial de 700%. Depois de meses de negociações a MOZAL ofereceu um aumento que varia de 17% para a escalão salarial mais alta a 37% para a escalão mais baixa, entre outras melhoramentos de condições.

Com esta proposta a escalão mais baixa passa para cerca de 8 milhões de meticais ou USD 437 por mês e a escalão mais alto para cerca de USD 2000 por mês, uma tabela salarial considerada das melhores a nível nacional e regional.

A oferta foi rejeitada pelo sindicato e o caso foi entregue a uma comissão de arbitragem, composta por três elementos: um apontado pelo sindicato, um pelo MOZAL e um independente. Esta concluiu que a MOZAL está a operar dentro da legalidade. O sindicato rejeitou a posição da arbitragem e preconiza uma revisão da tabela salarial que elimina a diferença entre estrangeiros e moçambicanos e que parte do princípio "igual salário para igual trabalho".

A MOZAL argumenta que por um lado os moçambicanos, mesmo tendo o mesmo nível académico e categoria profissional, não reúnem ainda a experiência necessária, para fazer funcionar o investimento. Assim ela é obrigada a atrair e contratar quadros estrangeiros no mercado internacional, onde as exigências salariais são outras.

"Não matam a galinha dos ovos de ouro antes de produzir mais ovos", foi o comentário do Primeiro Ministro Pascoal Mocumbi no seu habitual "briefing" à comunicação social. "Que cada um assine o contrato com consciência e cumpra com as suas obrigações - o patronato e o empregado". Sobre a diferença salarial o PM diz: "MOZAL está em território nacional, mas funciona com as regras de uma zona franca. É como tivéssemos um parte do nosso território considerada estrangeira. Em vez de o moçambicano ir às minas do Rand, ele vai às minas de Beluluane."

O Governo, que criou as zonas francas como principal meio de criação de postos de trabalho, teme que uma greve na MOZAL poderá resultar na retracção de outros investimentos. Para ser legal a greve numa zona franca deve ser autorizada por três ministros (Notícias 09/02/01, Domingo 11/02/01, NoTMoC)


Angoche: Delegado da Renamo foi demitido

A Renamo em Nampula demitiu Álvaro Chale das funções de delegado político no distrito de Angoche. Chale, foi um dos principais protagonistas da "desordem pública" registada no ano passado em Aúbe, que culminou em mortes e sua detenção. Issufo Momad, delegado político da Renamo em Nampula, nega, entretanto, que esta demissão esteja ligada ao comportamento controverso de Chale e indica que a mesma se insere num conjunto de medidas que serão tomadas a breve trecho a vários níveis.

Presentemente a representação da Renamo em Angoche é assegurada por uma direcção colegial encabeçada por Alberto Murassane. De acordo com Momad, Chale continua quadro sénior da Renamo e em breve seguirá para Maputo onde irá exercer outras funções. (Notícias, 10/02/01)


Passaram 80 dias e ainda não se sabe quem matou Carlos Cardoso

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Dlhakama não vai à reunião da Internacional Democrática Cristã

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, cancelou, alegadamente por razões familiares, a sua viagem à Roma, onde deveria participar na reunião da Internacional Democrática Cristã (IDC) de que é vice-presidente. Dhlakama será representado no encontro pelo seu assessor para relações exteriores, Chico Francisco.

Na viagem à Roma, Dhlakama tencionava escalar Espanha para um encontro com governantes e membros do Partido Popular. Afonso Dhlakama tem previsto para Março uma digressão pela Europa onde pretende angariar apoios para a sua organização política de Moçambique. (Notícias, 06/02/01)


Congresso da FAP reconduz Palaço à Presidência

No primeiro congresso da FAP, decorrido na cidade da Beira, José Palaço foi reconduzido à presidência daquele partido da oposição. Palaço recandidatou-se ao cargo sem nenhum adversário, e venceu com 45 votos a favor, um contra e dois em branco. Na ocasião foi também reeleito o respectivo Secretário-Geral, Raul da Conceição, ambos vão cumprir um mandato de 5 anos.

A FAP aprovou o plano de actividades para 2001, que incorpora uma cláusula que determina o número de sedes que deverão ser criadas nas províncias em cada ano. Por outro lado, o congresso decidiu adoptar uma "política nacional da juventude", cuja proposta será levada ao Parlamento dado que a FAP faz parte da coligação Renamo-UE. (Notícias, 05/04/01)


Em Japire: Frelimo e Renamo juntas

A Frelimo e a Renamo, na localidade de Japire, província de Nampula, amainaram os desentendimentos ideológicos para priorizar o processo de desenvolvimento sócio-económico da região, uma das mais dilaceradas pela guerra civil. Há cerca de dois anos, as populações não tinham assistência médica e medicamentosa, unidades comerciais e outros benefícios sociais, por impedimento da Renamo que viu isso como manobra dilatória da Frelimo para ganhar hegemonia política, numa região sob sua influência. Actualmente, os cerca de 8 mil habitantes de Japire beneficiam de cuidados médicos, graças à construção de um centro de saúde com capacidade de internamento e assistência às parturientes, entre outros benefícios sociais. (Notícias, 08/02/01)

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