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Caso Carlos Cardoso: o mistério desvenda-se A Polícia moçambicana deteve, sob suspeita de terem sido os autores morais do assassinato de Carlos Cardoso, os irmãos Satar e Vicente Ramaya. Momad Abdul Assif Satar, e Ayob Abdul Satar, são proprietários de uma cadeia de casas de câmbio - Unicâmbios e Vicente Noratam Ramaya é o antigo gerente da dependência do Banco Comercial de Moçambique (BCM) na qual, em 1996, foram roubados 144 biliões de meticais, cerca 12 milhões de Dólares Americanos. Os três juntam-se a outros cinco já detidos que terão sido contratados para assassinar Carlos Cardoso. Segundo a Polícia, este é o mesmo grupo que se envolveu no atentado contra a vida do assistente jurídico do BCM, o advogado Albano Silva. Carlos Cardoso investigou o caso BCM, tendo-se batido para que o caso fosse levado a julgamento e publicou no seu jornal, "Metical" os nomes dos principais suspeitos, incluindo Ramaya e vários membros da família Satar. À altura do seu assassinato, em Novembro do ano passado, Cardoso preparava-se para apresentar ao X Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República, para a qual havia sido convidado, um informe resultante de uma investigação por ele efectuada no caso BCM. O processo sobre o "caso BCM" não chegou ao fim devido à "vulnerabilidade" de alguns investigadores e magistrados envolvidos no caso. Diamantino Santos, o representante do Ministério Público que na altura esteve à frente do processo, foi indiciado de ter deliberadamente desorganizado o processo e de ter omitido algumas provas. Contra o aludido magistrado, cujo paradeiro é desconhecido, foi emitido um mandato de captura. (Notícias, 14/03/01) PGR prova que ninguém está acima da lei No âmbito do debate em torno do seu informe ao Parlamento, apresentado a 8 de Março, o Procurador-Geral da República (PGR), Joaquim Madeira, apelou à denúncia de todos os actos ilegais, sobretudo quando cometidos por qualquer agente ligado à administração da justiça no país. Madeira, que reiterou que ninguém está acima da lei, revelou, sem detalhes, que há procuradores e um ministro que estão a ser processados por terem "pisado o risco". No ocasião, Madeira rejeitou a hipótese de que os mais de 80 reclusos de Montepuez tenham morrido devido a envenenamento, reiterando que morreram asfixiados. Acrescentou que dos 12 detidos em conexão com o "massacre", 5 indivíduos já foram acusados, enquanto os restantes 7 foram absolvidos. O PGR disse que há um juiz de causa que se ocupa exclusivamente do caso BCM. Sobre os casos "Trevo" e outros casos "quentes", o PGR não avançou dados novos. Para David Aloni, deputado da Renamo-UE, o informe de Madeira "foi evasivo e omisso", o PGR escamoteou a verdade e traiu a justiça e o povo, que querem ver esclarecidos alguns casos tais como o roubo dos 144 biliões do BCM, as 40 toneladas de haxixe apreendidas em Maputo e outras 12 em Quissanga, os numerosos casos de assassinatos, entre outros. Por seu turno, Cornélio Quivele, um dos deputados a ser ouvido pela PGR indiciado de práticas ilícitas durante as manifestações de 9 de Novembro, negou que tenham morrido apenas 80 pessoas em Montepuez. Na sua óptica morreram 200 pessoas vítimas de envenenamento e não de asfixia. (Notícias, 14/03/01) FUNDO CARLOS CARDOSO Apoie a Liberdade de Imprensa e Clique aqui para maiores informações AR: Frelimo e Renamo-UE não chegam a consenso O plenário da Assembleia da República não chegou a consenso quanto à aprovação, na generalidade, da proposta de revisão do Regimento Interno e do Estatuto do Deputado. Durante os debates prevaleceram as incongruências entre as bancadas da Frelimo e da Renamo-UE, o que levou ao adiamento da deliberação para a próxima terça-feira. A Frelimo defendia a aprovação da proposta na generalidade, e a Renamo-UE era pela procura de assentimentos sem os quais não iria aprovar o documento e muito menos iria cumprir com a deliberação que eventualmente se viesse a tomar com recurso ao voto da maioria. Ante o impasse, o deputado Máximo Dias, da Renamo-UE, propôs que as chefias das duas bancadas se encontrassem para, num período de 48 horas, procurarem posições mais consensuais em torno dos pontos divergentes. Esta proposta foi acolhida e, as chefias das bancadas vão tentar harmonizar o texto com vista à sua apresentação ao plenário. A proposta ora apresentada contém 132 artigos, dos quais 21 não reúnem consenso. (Notícias, 15/03/01) Dhlakama está "louco": Katupha refuta acusações Reagindo às alegações que lhe foram imputadas pelo deputado Luís Boavida, da Renamo-UE, Mateus Katupha, deputado pela bancada parlamentar da Frelimo e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República, negou ontem em Maputo que no programa radiofónico "Linha Directa", de 3 de Março, tenha dito que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, estava clinicamente maluco. Katupha reafirmou, entretanto, que o que disse no referido programa foi que Dhlakama, está, no mínimo, psicologicamente doente e que a crise do país por ele evocada está no seio da Renamo. Entretanto, escutadas as cassetes em plenário da Assembleia da República, em nenhum momento Mateus afirma categoricamente que Dhlakama está clinicamente maluco. Ussufo Quitine, chefe da bancada parlamentar da Renamo-UE, duvida da autenticidade das cassetes que contêm tais gravações, extraídas da Rádio Moçambique. (Notícias, 13/03/01) Na Zambézia: Renamo ameaça "segundo" Montepuez O substituto do delegado da Renamo na Zambézia, Bonifácio Nicasse, disse que o seu partido poderá levar a cabo uma manifestação com consequências mais graves que as de Novembro último, caso o Governo não satisfaça as suas exigências apresentadas no quadro das comissões de trabalho formadas pelo Governo e pela Renamo. Nicasse acrescentou que a província da Zambézia poderá ser "o segundo Montepuez", porque "o povo pretende a recontagem dos votos e a nomeação dos governadores da Renamo nas províncias onde esta obteve a maioria de votos, nas eleições gerais de 1999". (Notícias, 16/03/01) Dhlakama diz que acordo político será este mês O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, reiterou a sua vontade de chegar a um acordo político com o Presidente Chissano, para pôr termo à crise política no país, antes do final do corrente mês. Dhlakama, que terminou uma visita de trabalho a Londres, diz possuir duas propostas a colocar em consideração ao Chefe do Estado no próximo encontro, nas quais irá propor a nomeação, por parte da Renamo-UE, de governadores nas seis províncias onde esta obteve a maioria dos votos nas eleições de 1999 ou a realização de eleições gerais antecipadas, cuja data deixou em aberto. No último encontro Chissano/Dhlakama ficou acordado que, na reunião seguinte a ter lugar na segunda quinzena de Março, seriam analisadas as conclusões dos seis grupos de trabalho constituídos para assessorarem tecnicamente as questões levantadas pela Renamo à volta do "dossier" eleições. (Notícias, 12/03/01) |
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