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O drama das cheias continua ameaçador na bacia do Zambeze, não obstante o INGC ter considerado que a situação tendia a melhorar. A barragem está a descarregar cerca de metade do caudal afluente e, em virtude disso, a cota da albufeira está a cerca de 327 metros, ultrapassando em um metro o nível de pleno armazenamento, situado a 326 metros. Entretanto, na província de Sofala, foi restabelecido o trânsito rodoviário no troço Mutua-Tica, interrompido na sequência da subida do caudal do rio Púnguè. As obras de reparação de emergência dos 21 quilómetros de percurso foram executadas pela empresa ECMEP da Beira. (TVM e Notícias 22/03/01) A solidariedade continua Em auxílio dos desalojados, a Cruz Vermelha da Espanha doou ao centro de Chupanga 487 tendas familiares, 997 kits de cozinha e seis tanques de água, além de equipamento para o tratamento desta, avaliados em 37 mil USD. As cerca de 25 mil pessoas acomodadas nos centros de Doa e Nhamayábue receberam apoio em alimentos do PMA. A Liga e a Comunidade muçulmanas na província da Zambézia e a Africa Muslim Agency doaram alimentos, calçado e vestuário e a Telecomunicações de Moçambique entregou à Cruz Vermelha de Moçambique um cheque no valor 250 milhões de meticais e mil camisetes para a campanha de combate à cólera. A província da Zambézia necessita de 1500 toneladas de cereais para alimentar as pessoas acomodadas nos centros de acolhimento nos próximos trinta dias. Devido às cheias, a província da Zambézia conta com 107 mil deslocados, entre malawianos e moçambicanos. Prevê-se ainda que cheguem ao país dentro das próximas duas semanas, sementes no valor de 1,7 milhão USD, importadas pelo Governo para acudir as necessidades das mais de 55 mil famílias afectadas pelas cheias na região centro do país. Com estas sementes, cujas quantidades não foram especificadas, será possível cobrir uma área estimada em 42 mil hectares, cujas culturas foram perdidas nas províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia. Em auxílio aos afectados, o Japão entregou ao Governo um donativo constituído por tendas e geradores de corrente eléctrica, entre outros bens, avaliado em 75 mil USD. Entretanto os Governos de Moçambique e deste país assinaram, em Maputo, um acordo de cooperação que formaliza a entrega de um donativo em arroz avaliado em cerca de 5 milhões USD. O donativo é parte dos 30 milhões USD que o Governo nipónico prometeu na conferência Roma para a reconstrução pós-cheias em 2000. O Governo japonês assinou ainda um acordo de assistência alimentar com o PMA no valor de 300 milhões de ienes e doou 76,5 mil milhões de meticais em apoio às vítimas das cheias do ano passado. ((TVM, 21/03/01 e Notícias, 21 e 23/03/01) FUNDO CARLOS CARDOSO Apoie a Liberdade de Imprensa e Clique aqui para maiores informações Renamo-UE quer saber dos barcos de socorro A Renamo-UE questionou o parlamento quanto ao paradeiro dos barcos oferecidos pela comunidade internacional, no ano passado, para socorro às vítimas das cheias. Os deputados daquela coligação chegaram mesmo a afirmar que estes foram vendidos pois "não se terão deteriorado". Refira-se que, aquando das cheias no ano passado, diversos bens de socorro como barcos, tendas, produtos alimentares e outros, terão sido desviados por pessoas alegadamente próximas do partido no poder, a Frelimo. Na ocasião, a Renamo-UE exigiu a constituição de uma comissão "ad-hoc" para o acompanhamento das acções de assistência às vítimas das cheias, uma exigência que foi prontamente "chumbada" pela Frelimo, por considerar que o assunto era da exclusiva competência da Comissão dos Assuntos Sociais, do Género e Ambientais. (TVM e Notícias, 22 e 23/03/01) Esboça-se reassentamento da população A situação primária de emergência em vários distritos assolados pelas cheias e inundações nas províncias de Tete e Zambézia está ultrapassada sendo agora a prioridade o reassentamento das pessoas em locais seguros que disponham do mínimo para a sobrevivência. Em Tete, a Help Age disponiblizou-se a construir duzentas casas para igual número de famílias no distrito de Changara. A Associação Muçulmana da África do Sul prontificou-se a construir cem casas em Moatize, onde mais de 3 400 pessoas se encontram isoladas sem nenhuma ajuda, desde Fevereiro passado. O Governo vai abrir, na mesma região, dois furos de água, para além de providenciar outras infra-estruturas sociais. Nos centros de acomodação encontram-se cerca de 30 mil pessoas. Na província da Zambézia, uma subcomissão do Conselho Técnico de Gestão das Calamidades está a trabalhar no sentido de urbanizar as novas zonas de reassentamento. Com efeito, decorrem trabalhos de demarcação de talhões onde serão reassentadas as pessoas e erguidas as infra-estruturas básicas tais como escolas, postos de saúde e água. Informações preliminares indicam que as cheias na Zambézia, que afectaram 250 mil pessoas, colocaram cerca de 5 329 alunos sem aulas, porque as escolas estão submersas ou inundadas. A Fundação para Desenvolvimento da Comunidade (FDC) entregou 62 casas a igual número de famílias no Bairro de Magoanine, na cidade de Maputo. O projecto, que a organização vem desenvolvendo com o Conselho Municipal no âmbito do reassentamento dos desalojados pelas enxurradas do ano passado, prevê construir 355 casas evolutivas, sendo 71 habitações do tipo I e as restantes do tipo II, para famílias com maior agregado familiar. Actualmente, o bairro possui 2040 famílias. (Notícias, 23/03/01) Caso Cardoso: Irmãos Satar e Ramaya legalmente detidos O Tribunal Judicial de Maputo legalizou a detenção dos irmãos Momad Abdul Assif e Ayob Abdul Satar, assim como a de Vicente Ramaya, antigo gerente do balcão do BCM de Sommerschield, onde foram roubados 144 mil milhões de meticais, por ter concluído que há indícios de que os réus são cúmplices do crime de homicídio qualificado contra o jornalista Carlos Cardoso e o de homicídio frustrado contra o advogado Albano Silva. Foi igualmente legalizada a detenção de Fernando Magno, outro indiciado de envolvimento na morte de Cardoso. Após a formalização destas detenções, o "dossier" sobre a morte de Carlos Cardoso e da tentativa de assassinato de Albano Silva foi enviado para a Polícia de Investigação Criminal, onde irá prosseguir a instrução preparatória do processo. (Notícias, 23/03/01) Apenas 35% da população consome água potável O Ministro das Obras Públicas, Roberto White, revelou que em Moçambique cerca de 65% da população não tem acesso à água potável e 72% não gozam de condições de saneamento adequado. Falando por ocasião do Dia Mundial da Água, celebrado sob o lema "Água e Saúde", disse que no país as práticas higiénicas são bastante deficitárias, o que agrava o número de mortes devido às doenças de origem hídrica. No país, morrem por dia mais de 50 crianças com menos de cinco anos, devido a doenças diarreicas tais como a cólera e outras relacionadas com a malária. Para Roberto White, a insalubridade que se verifica nas cidades contribui para o agravamento e perenidade dessas enfermidades. O Governo está a desenvolver esforços para que, em cinco anos, se possa elevar os níveis de cobertura em 45% no acesso ao abastecimento de água e 50% no acesso ao saneamento, tanto em zonas urbanas bem como em zonas rurais, com especial atenção para as zonas peri-urbanas. (Notícias, 24/03/01) Vistos para África do Sul mais caros A África do Sul anunciou que vai agravar, a partir de 1 de Abril próximo, as tarifas dos seus serviços consulares. Com efeito, o visto de entrada naquele país, que custa actualmente 300 randes, passará a custar 390 randes, cerca de 730 mil meticais. O agravamento das tarifas será aplicado em todos os Alto-Comissariados, embaixadas e consulados da África do Sul por todo o mundo. (Notícias, 23/03/01) Guardas "executam" reclusos na Cadeia Central Dois reclusos perderam a vida e um outro ficou gravemente ferido, depois de terem sido atingidos a tiro na cabeça, durante a noite, por guardas prisionais da Cadeia Central da Machava, em Maputo. Este incidente foi denunciado ao jornal "Savana" por um ex-recluso que voltou a ser detido, alegadamente para explicar a informação que passou ao jornal em alusão, segundo justificou o director da penitenciária, Luís Alberto. Sobre o incidente, o director da cadeia alegou que os dois reclusos abatidos, bem como o que foi ferido, estariam a tentar fugir à noite. A execução de reclusos nas cadeias moçambicanas tem sido reportada um pouco por toda a parte, sem contudo haver esclarecimentos palpáveis por parte das autoridades do Governo. (Savana, 23/03/01) |
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