Polícia assalta gabinete e residências da Renamo na Beira
A Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade da Beira assaltou ontem à tarde a sede nacional da Renamo na Beira, a residência e o gabinete de Afonso Dhlakama, assim como outras residências de dirigentes da Renamo. De acordo com o Comandante da PRM em Sofala, Augusto Mutaca, a operação foi realizada a coberto dum mandato de busca, passado pelo Tribunal Provincial de Sofala. A Polícia declarou que foram confiscadas quantidades não especificadas de armas de fogo e outro tipo de "material bélico".
De acordo com Rahil Khan, deputado da Renamo, que reagiu logo à noite de ontem, o assalto foi realizado pela Polícia de Intervenção Rápida, considerada pela Renamo como a "polícia da Frelimo", usando carros blindados. Numa conferência de imprensa, no final da manhã de hoje, José de Castro, membro da comissão política da Renamo, disse que durante o assalto foram roubados dinheiro, computadores e outros equipamentos.
A Polícia disse hoje que foram confiscadas 15 armas, munições, radios e fardamento. Dois indivíduos foram detidos, sendo um de nome Mariano Jequecene, que possuía três armas de fogo, e o outro Manuel Alfinete. De acordo com José de Castro as armas confiscadas pertenciam aos guardas da Renamo que foram desarmados pela polícia. Castro disse que o acordo geral de paz de 1992 permite que a segurança das instalações da Renamo e das residências dos dirigentes seja garantida por guardas armados.
Enquanto a polícia alega que a operação se enquadra numa estratégia de "combate à criminalidade", na Beira esta acção é considerada uma provocação desnecessária por parte da Frelimo. O Comandante da PRM em Sofala diz que tem recebido muitos telefonemas anónimos com ameaças e insultos. (Notícias, 11/10/00, RM 11/10/00)
Dhlakama não se vai encontrar com Chissano
O chefe da bancada parlamentar da Renamo-UE na Assembleia da República, Ossufo Quitine, disse em Maputo que o seu líder, Afonso Dhlakama, não vai aceitar o convite de Joaquim Chissano para o debate do futuro do país nos próximos 25 anos. Aquele parlamentar afirmou que Dhlakama não vai aceitar o convite porque a Renamo considera-o uma brincadeira do Presidente da Frelimo, quem acusa de estar a "promover o diálogo" para "abafar as pressões" da Renamo sobre a recontagem dos votos das últimas eleições gerais, ganhas pela Frelimo e pelo seu candidato Joaquim Chissano.
Quitine acrescentou que para a Renamo e o seu líder, Afonso Dhlakama, não é prioritário discutir o futuro do país nos próximos 25 anos, pois ainda persistem divergências entre Chissano e Dhlakama em torno dos polémicos resultados eleitorais. O anúncio do convite foi feito pelo Chefe de Estado, Joaquim Chissano, durante a sua visita à província de Cabo Delgado, na semana passada. (Notícias, 11/10/00) Leia também:
O Conselho de Ministros apreciou e aprovou ontem, em Maputo, um decreto que estabelece as normas específicas na prestação de serviços de transporte rodoviário de passageiros, cuja tarifa é fixada por autoridade pública. Reunido na sua 31ª Sessão Ordinária, aquele órgão aprovou também um decreto que cria o regime especial de exigibilidade do IVA nas empreitadas de obras públicas, bem como um outro que regulamenta a utilização de máquinas registadoras para a emissão dos talões de vendas pelos sujeitos passivos do mesmo imposto. O Conselho de Ministros aprovou ainda o decreto que introduz alterações no Código do IVA e legislação complementar. (Notícias, 11/10/00)
Docentes boicotam eleições na UFICS
Ontem, dia 10 de Outubro, realizaram-se eleições para director da Unidade de Formação e Investigação em Ciências Sociais (UFICS) da Universidade Eduardo Mondlane. Por não concordarem com este "simulacro de democracia", os docentes da UFICS decidiram boicotar as eleições, em que o único candidato foi o sociólogo Obede Balói. Dos 35 docentes com direito a voto, apenas 6 votaram, um dos quais se absteve. Dos 373 alunos com direito a voto, votaram 186, dos quais 14 se abstiveram e 4 votaram nulo. Dos 16 funcionários da faculdade, votaram 14.
Recorda-se que o conflito entre a Reitoria da UEM e os docentes da UFICS data de Fevereiro deste ano. Em Março os docentes paralisaram as actividades lectivas na sequência da demissão de Terezinha da Silva do cargo de Directora da UFICS pelo Reitor. Na sequência das negociações que se seguiram, entre o Comité dos Docentes e uma Comissão do Conselho de Directores, que representava o Reitor, foi assinado um acordo, que nunca foi respeitado pelo Reitor, Brazão Mazula. As eleições de ontem realizaram-se quase seis meses depois da data marcada no acordo.
Parte da imprensa nacional, ecoando a posição da Reitoria, escreve que com a eleição de Obede Baloi o conflito teria sido resolvido. Mas tudo indica que este não é o caso. (Notícias, 11/10/00, metical 11/10/00, MOL)
Leia também:
Mais informações sobre o conflito na UEM podem ser encontradas no web site dos docentes da UFICS:
Notícias de ontem (10 de Outubro):
Machaze e Changara estão em emergência
Renamo continuará a boicotar as sessões do parlamento
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