AR continua a debater Comissão de Inquérito
O plenário da Assembleia da República ainda não constituiu a comissão de inquérito para averiguar os factos ocorridos no passado dia 9 de Novembro, aquando das manifestações organizadas pela Renamo-UE. Apesar de existir, há mais de cinco dias, consenso quanto à oportunidade e pertinência de se constituir tal grupo - proposto pela bancada da Renamo, os deputados da AR não se entenderam quanto ao texto da resolução a adoptar para a criação desta comissão.
Ontem, após a discussão na generalidade do documento da Renamo-UE, a Frelimo sugeriu a alteração do preâmbulo da proposta base, numa clara alusão de retirá-la e introduzir a da sua bancada. O plenário decidiu constituir um grupo de redacção, composto por cinco deputados, para procederem à harmonização das duas proposições. O resultado deste trabalho deverá ser apresentado na sessão de hoje. Amanhã, o Presidente da República vai ao Parlamento apresentar um informe sobre o estado geral da nação.
No entanto, nas suas inflamadas intervenções fora da ordem do dia, as duas bancadas não deixam dúvidas de que não pretendem esperar o resultado do trabalho desta comissão para formarem as suas respectivas opiniões sobre o que aconteceu na "quinta-feira sangrenta". Com as duas bancandas entrincheiradas nas suas posições opostas, não é de esperar que deixem muito espaço para a comissão trazer elementos novos para uma análise mais isenta. (RM, Notícias, MOL, 06/12/00)
Leia também: notícia de 15 de Novembro:
Prémio Coragem para Carlos Cardoso
Carlos Cardoso foi ontem galardoado, pela primeira vez
postumamente, com o Prémio Coragem em Jornalismo, atribuído pelas
publicações britânicas "Index on Censorship" e "Economist
Magazine". O Index é uma publicação dedicada à promoção da
liberdade de expressão, fundada há 28 anos para publicar artigos
censurados em todo o mundo. O Index considerou que "Carlos
Cardoso, o melhor e o mais respeitado jornalista moçambicano, foi
assassinado a 22 de Novembro em resultado da sua investigação
tenaz à corrupção, cujas raízes assentam no programa de
privatizações apoiado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI)".
A jornalista moçambicana, Teresa Lima, a trabalhar na BBC, foi
quem recebeu o prémio num jantar ontem à noite em Londres. O
prémio é de 1000 libras e deverá ser entregue à viúva de Cardoso,
Nina Berg. (metical, 06/12/00)
Preço da castanha de caju cai em mais de 50%
O preço da compra da castanha de caju junto do produtor/apanhador, pelo menos nas zonas onde a comercialização já começou (Nampula e Zambézia), registou uma queda em mais de 50% em relação aos custos praticados na campanha anterior. No ano passado, naquelas províncias, o preço da castanha de caju situava-se entre os 6 mil e 11 mil meticais por quilograma. Neste momento verifica-se uma descida variando entre os 3000 e os 4.500 meticais o quilograma, preços considerados extremamente baixos em relação aos praticados na última campanha de comercialização.
Até à campanha passada Moçambique conseguia colocar no mercado externo a castanha de caju em bruto por volta dos 700 USD por tonelada. Todavia, neste momento o preço tem-se situado por volta dos 415 USD por tonelada, o que chega a influenciar negativamente o preço pelo qual o comerciante e o exportador vão adquirir o produto junto do apanhador. A queda dos preços da castanha deve-se fundamentalmente ao facto de a Índia, o maior produtor e principal destino da castanha moçambicana, ter quantidades excessivas do produto. (Notícias, 06/12/00)
Serviços de Pecuária incineram carne contaminada
Mais de 500 quilogramas de carne de vaca foram incineradas na última segunda-feira no posto de controlo da Matola, província do Maputo, no quadro das medidas de segurança decretadas desde o passado dia 1 de Dezembro pelos Serviços de Pecuária, que proíbe a importação de bovinos, caprinos, suínos, seus produtos e subprodutos derivados provenientes da vizinha África do Sul e da Suazilândia, em consequência da existência da febre aftosa naqueles países.
De acordo com o chefe dos Serviços de Pecuária em Maputo, Américo Conceição, outras cerca de cinco toneladas de carne de vaca que iam ser introduzidas no país foram interditadas e devolvidas à origem. A febre aftosa foi detectada pela primeira vez este ano na região de Kwazulo-Natal, África do Sul, no passado dia 12 de Setembro, tendo sido declarada a primeira interdição dos produtos provenientes daquele país no dia 18 do mesmo mês. (Notícias, 06/12/00)
Notícias de ontem (5 de Dezembro):
Relatório BCM encobre anos de roubo
|