Chuvas causam destruição no Norte do país O ano novo trouxe chuvas intensas e tempestades para diferentes regiões do país, deixando um rasto de destruição e o medo que o desastre das cheias e ciclones do ano passado se possa repetir em 2001. Na noite do dia 1 para o dia 2 a zona Sul do país foi fustigada por uma tempestade que arrancou tectos de casas de construção precária, mas que não parece ter causado vítimas mortais. As chuvas e os ventos fortes causaram também estragos na província de Zambézia, onde as populações de várias aldeias ribeirinhas tiveram que ser evacuadas. A situação é agravada pela abertura das comportas da barragem do Karibe, por causa das intensas chuvas que cairam nos últimos dias na vizinha Zâmbia. Os distritos mais ameaçados pela subida do nível das águas do rio Zambeze são os de Chinde, Mopeia e Morrumbala, colocando em perigo a vida de cerca de 150 mil pessoas. Na província de Cabo Delgado, a chuva está igualmente a causar problemas e a vila de Montepuez corre o risco de ficar isolada da capital da província, Pemba, já que uma ponte que permite a ligação corre o risco de ruir. Chuvas intensas na província de Tete interromperam as ligações rodoviárias entre as sedes dos distritos de Zumbo e de Mutarara e a capital provincial. As chuvas levaram pontes na estrada que liga Fíngoè ao distrito de Zumbo e na estrada entre Madamba e Mutarara. Também ficou destruída a ponte sobre o rio Nhamadzi, cortando a ligação entre os distritos de Macanga e Angonia. De acordo com o Director Provincial de Obras Públicas e Habitação de Tete, Paulo Mesquita, que deu essas informações, será difícil a reposição das pontes antes de Março, por falta de dinheiro. (AIM, Notícias 3 e 4/01/01) Dhlakama em entrevista com o Público: Afonso Dhlakama, líder da Renamo, voltou da sua viagem a Montepuez, afirmando que as populações continuam a ser massacradas pela polícia e por membros da Frelimo. "Ainda hoje as pessoas são mortas clandestinamente nas suas aldeias," disse Dhlakama, em entrevista com o jornal português O Público. Indigado sobre quem seria o responsável por essas perseguições, Dhlakama acusou Chissano, dizendo que "não posso acreditar que existam três ou quatro pessoas dentro da Frelimo que estejam a ordenar tudo aquilo sem que Chissano aprove essas acções. O que se está a passar é uma coisa organizada e dirigida a partir de Maputo." Dhlakama disse que a democracia em Moçambique é uma democracia falsa. "Se se avaliar sector a sector, verifica-se que a Frelimo continua a manter a estratégia de partido único. Faz e desfaz, mata e só engana a comunidade internacional." Dhlakama continua a insistir na recontagem dos votos das eleições de Dezembro de 1999 e na nomeação de governadores e administradores da Renamo nas regiões onde este partido ganhou a maioria. "Não é por querermos o poder, é porque, por exemplo, se o administrador de Montepuez fosse da Renamo nada daquilo tinha sucedido". O líder da Renamo disse que o seu encontro com Chissano não significa um reconhecimento deste como Presidente da República. No dia seguinte o porta-voz da Presidência, Bento Baloi, reagiu à entrevista, afirmando que o Presidente teria ficado "espantado" com as afirmações de Dhlakama que seriam "totalmente contraditórias com o que o senhor Afonso Dhlakama disse na reunião que teve com o Presidente e com o que se passou na conferência de imprensa a seguir ao encontro". Baloi não se referiu às acusações de perseguições a membros da Renamo em Montepuez. O secretário-geral da Frelimo, Manuel Tomé, disse que o seu partido já "está habituado" a um discurso de Afonso Dhlakama "que escolhe como estratégia a via da intimidação e da violência verbal e real". (O Público 2 e 3 de Janeiro 2001) Público 2/01/2001: Dhlakama: "A Democracia É Doente e Falsa" Público 3/01/2001: Chissano minimiza acusações de Dhlakama Leia também a notícia de 2000 na indústria do caju: Cerca de 5930 trabalhadores no sector da produção e da venda da castanha de caju perderam o seu emprego em 2000. A província mais afectada foi a de Nampula, onde 3000 trabalhadaros ficaram desempregados. Em Maputo 1200 perderam o emprego e nas províncias de Gaza e Inhambane um total de 1730. Adicionando a esses números os que perderam o emprego entre 1997 e 1999, o total de vítimas da liberalização do comércio do caju atinge os 8800. Esses números foram avançados por Boaventura Mondlane, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria do Caju, SINTIC. Na sequência do que chamou "uma política criminosa e anti-económica defendida pelo Governo desde 1995", praticamente toda a indústria de processamento do caju continua paralisada. De notar que o sindicalista sublinhou o facto de a política de liberalização ter sido sempre "defendida pelo Governo". Já no seu despacho sobre o assunto a agência moçambicana de notícias AIM não menciona esta acusação ao governo, desculpando este por a liberalização do sector do caju ter sido uma imposição do Fundo Monetário Internacional. (metical, AIM 03/01/01) Procurador-Geral da Repúplica afirma: O Procurador-Geral da República, Joaquim Madeira, disse ser ainda prematuro adiantar qualquer informação sobre a morte do jornalista Carlos Cardoso, pois "o segredo é alma do negócio" alegadamente para não perturbar as investigações em curso. Madeira, que falava ao jornal "metical" à margem da tomada de posse dos três novos procuradores-adjuntos da República, no dia 30 de Dezembro passado, sublinhou que Cardoso "era um nacionalista". (metical 2/01/01) Notícias de sábado passado (30 de Dezembro): Tomam posse três Procuradores-Gerais Adjuntos da República |