Greve parcial na Mozal

Parte dos trabalhadores moçambicanos da fundição de alumínio Mozal, sediada em Beluluane, na província de Maputo, entrou em greve hoje às 6 horas da manhã. Entre os vários pontos apresentados como protestos pelos trabalhadores figuram as largas diferenças salariais que separam os técnicos moçambicanos dos estrangeiros com a mesma formação académica e sujeitos ao mesmo tipo de trabalho.

A direcção da Mozal considera a greve ilegal, afirma que os seus líderes serão responsabilizados pelos acontecimentos e ameça rescindir os contratos de todos os grevistas. O Governo parece apoiar esta posição do patronato, baseando-se no carácter excepcional que têm as zonas francas industriais. Se nas zonas francas, por um lado, os salários são bem mais altos do que na maior parte das empresas normais, por outro a legislação laboral normal fica praticamente toda ela suspensa.

Não concordam com esta posição o sindicato SINTIME e os seus juristas, que argumentam que deve prevalecer o princípio "trabalho igual, salário igual", consagrado na Lei de Trabalho. Apesar de garantido por lei, este princípio, mesmo fora das zonas francas, é raramente posto em prática. O sindicato e o patronato estavam reunidos até ontem à noite, sem conseguirem alcançar um acordo. (Notícias, RM 13/02/01)

Treze mortes em mais um acidente de viação

Em resultado de uma colisão, ocorrida ontem na Machava, nos arredores da cidade de Maputo, entre uma carrinha de transporte semi-colectivo de passageiros, vulgo "chapa 100", e um autocarro dos Transportes Públicos de Maputo (TPM-EP), 13 pessoas - quatro das quais membros da mesma família - perderam a vida e outras 19 contraíram ferimentos, quatro das quais em estado grave. Testemunhas afirmam que o acidente ocorreu quando o motorista do chapa decidiu empreender uma ultrapassagem a um outro veículo, numa altura em que o autocarro dos TPM vinha em sentido contrário. Os mortos e a maior parte dos feridos viajavam no "chapa 100", uma Isuzo de caixa aberta, enquanto no autocarro dos TPM ficou gravemente ferido o motorista e cinco passageiros contraíram ferimentos ligeiros.

O número de acidentes graves nas estradas moçambicanas tem vindo a aumentar drasticamente, o que tem levado a críticas cada vez mais duras à falta de iniciativas por parte das autoridades para estancar esta tendência. A polícia de trânsito não cumpre o seu papel disciplinador, por estar corroída pela corrupção, mas este facto é negado pelo Governo que prefere bater na tecla de "falta de condições". Nesta perspectiva, em Maputo, a Polícia anunciou a introduçao ainda este mês de exames do nível de alcool no sangue dos motoristas. Uma boa parte dos acidentes de viação é causada pela embriaguez dos motoristas. O programa "Linha Directa" da Rádio Moçambique do próximo sábado (dia 17 de Fevereiro) será dedicado ao tema "segurança nas estradas". Perguntas e contribuições podem ser enviados através do e-mail linhadirecta@teledata.mz. (Notícias, RM 13/02/01)

No Banco Austral em Nacala:
Sumiram 8 milhões de contos

Dos cofres da agência do Banco Austral em Nacala, província de Nampula, desapareceram mais de 8 mil milhões de meticais. O facto levou à detenção, na semana passada, do tesoureiro da instituição, J. Ussene, indiciado de ser o principal autor material do desfalque. A Polícia confirmou a detenção de Ussene mas não revelou pormenores.

Fontes próximas do detido referem que o desfalque resultou de um sistema montado e que tinha como base o pagamento de cheques sem provisão em Nacala-Porto, emitidos em nome de firmas de renome da cidade de Pemba, província de Cabo Delgado. Nestas operações ilegais terá havido conivência de quadros seniores do banco, pois a confirmação do provimento dos cheques ora pagos era feita com base numa consulta a agência do Banco Austral em Pemba. (Notícias, 13/02/01)

Internacional Democrata Cristã apela:
"Libertem os presos políticos"

O "bureau político" da Internacional Democrata Cristã (CDI-IDC), reunida em Roma, emitiu uma resolução na qual apela para a libertação de todos os detidos em conexão com as manifestações de 9 de Novembro. A resolução considera os detidos de "presos políticos que se manifestaram contra o Governo" de Moçambique e solicita que aguardem julgamento em suas casas. A resolução foi elaborada a pedido de Chico Francisco, responsável pelas relações internacionais da Renamo, que representou nesta reunião o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

Chico Francisco asseverou que os detidos, a continuarem na prisão, correm o risco de morrer ou por fome ou por maus tratos. Na resolução assinada em Roma, a IDC apoia o que considera de esforços da Renamo e do conjunto das forças políticas e sociais de Moçambique que lutam pelo aperfeiçoamento e o fortalecimento das instituições democráticas. (Notícias, 13/02/01)

Notícias de ontem (12 de Fevereiro):

HCB está a fazer descargas com contenção
Funcionários do INGC a contas com a Procuradoria
Tráfico de drogas atingiu níveis alarmantes
"Armas por Enxadas" expande-se para o norte