Perturbação tropical provoca luto em Nampula

Pelo menos duas pessoas morreram e uma ficou gravemente ferida na sequência das intensas chuvas acompanhadas de ventos fortes que desde a passada quarta-feira até à tarde de ontem fustigaram a costa da província de Nampula e a respectiva cidade capital. Dezenas de embarcações ficaram destruídas, outras são dadas como desaparecidas, casas desabaram e várias vias de acesso ficaram cortadas.

A perturbação tropical que está a fustigar a província de Nampula está deslocar-se no sentido sul-sudoeste, em direcção à Zambézia à velocidade de 16 km/h com ventos periféricos do núcleo de 58 km/h. Brevemente poderá afectar ainda as províncias de Sofala e Inhambane. As mortes, uma por electrocussão e outra devida ao desabamento de um muro, verificaram-se na cidade de Nacala-Porto, onde uma pessoa ficou gravemente ferida por uma chapa de zinco que se desprendeu de uma moradia. Vinte residências daquela cidade perderam a cobertura. A navegação marítima não é permitida.

Enquanto isso, a situação na bacia do Zambeze tende a estabilizar-se. O rio Zambeze apresenta em alguns casos a redução dos níveis de caudal. Em Zumbo, porém, foi registada uma pequena subida. As cotas da barragem de Cahora Bassa estão a reduzir ligeiramente em virtude da redução das afluências e ao aumento das descargas desde o passado dia 6.

Em Sofala, os níveis do caudal do rio Púnguè estão a reduzir, mas no troço Mutua-Tica a Estrada Nacional nº 6 continua alagada. Por causa da subida das águas, o trânsito rodoviário neste troço está interditado desda a manhã de hoje, interrompendo a ligação da Beira com o resto do país e com o Zimbabwe. Os CFM introduziram um comboio especial diário para transportar passageiros e viaturas ligeiras entre Beira e Tica.

Para a concertação de ideias sobre a gestão das águas do rio Zambeze, tem lugar hoje na vila do Songo, província de Tete, uma reunião entre a Direcção Nacional de Águas e o Conselho de Administração da HCB. As plataformas a traçar nesse encontro, serão levadas para a reunião de Harare, Zimbabwe, na próxima semana, que envolverá os países banhados pelo rio Zambeze. Pretende-se que sejam definidas nessa reunião as modalidades de descargas nas barragens de Kariba, Zâmbia, e Murungushi, no Zimbabwe, por forma a não obrigar a tomada de medidas de recurso pela HCB. (Notícias, RM, 09/03/01)

Procurador Geral apresentou informe anual à AR

O Procurador-Geral da República, Joaquim Madeira, apresentou ontem ao Parlamento o seu informe anual. Madeira disse que os esforços para o combate à corrupção começaram por dentro do próprio sistema judicial, com a implantação da transparência no seio dos serviços. Disse que nesse contexto foram efectuadas algumas sindicâncias em várias províncias, que culminaram com processos disciplinares que levaram à expulsão de alguns juizes e outros funcionários ligados ao sector da justiça. Madeira disse defender a tese de que "não se pode combater a corrupção com corruptos" e definiu como principal prioridade a transparência no funcionamento do sistema judicial.

O informe do PGR abordou o ponto de situação sobre o que Madeira chamou de "casos mais mediatizados", sem, no entanto, fornecer dados novos. Fez uma crítica implícita aos que exigem a justiça no caso do assassinato do Cardoso, dizendo que "às veementes e justas reacções da sociedade repudiando o assassinato do jornalista Carlos Cardoso e exigindo que se faça justiça, contrapõe-se um silêncio quase sepulcral da mesma sociedade perante o atentado contra um Procurador Geral adjunto..."

Falando sobre o "caso Montepuez", Madeira reconheceu que as detenções que se seguiram às manifestações da Renamo de 9 de Novembro "assumiram cariz retaliatório". Depois de a PGR ter desautorizado as detenções, "na calada da noite elas continuavam", o que superlotou a cela de prisão preventiva da PRM local. Daqui resultou "a pior tragédia provocada por homens no país", depois do fim da guerra. Quanto às manifestações, Madeira reconheceu que o direito à manifestação se enquadra nos direitos e liberdades fundamentais e que "não carece de qualquer autorização". Mas, acrescentou, as manifestações de Montepuez, "tal como decorreram", violaram a lei e a Constituição. E é esta a razão do procedimento criminal contra os dirigentes e organizadores.

Os deputados da Renamo, contra aquilo que tinham anunciado, seguiram atentamente a apresentação do PGR e prometeram fazer perguntas na próxima semana. (Notícias, metical, 09/03/01)

Formação profissional conta com apoio do Japão

O Governo de Moçambique assinou na passada quarta-feira, em Maputo, com o centro de formação agrícola, Agricultura Global do Japão (GAEC), um memorando de entendimento com vista à criação de centros de formação profissional agrários e de empregos no país. No quadro deste memorando serão criados nas cidades de Maputo, Beira e Nampula, centros de formação profissional na área de agricultura que deverão beneficiar directamente, numa primeira fase, cerca de três mil jovens.

Para a concretização do projecto, avaliado em 2,5 milhões USD, o Governo deverá disponibilizar, em cada uma das três regiões do país, uma área de 50 hectares para a construção de centros de formação profissional, nos quais os jovens a serem formados irão desenvolver acções práticas. A GAEC é uma organização envolvida na formação na área de agricultura, treinamento de jovens agrários nas zonas rurais, negócios na agricultura internacional, produção de fertilizantes orgânicos e venda dos seus produtos. (Notícias, 09/03/01)

Notícias de ontem (8 de Março):

Cheias: Governo solicita meios de grande porte
Perturbação tropical poderá agravar a situação
Katupha "insulta" Dhlakama: Renamo exige explicações