Auditoria mostra desvios no PROAGRI Uma auditoria, feita a pedido dos doadores, do Programa Nacional de Desenvolvimento Agrícola (PROAGRI) revelou que as contas do projecto não são "satisfatórias". Constataram-se "irregularidades na canalização dos fundos para os abrangidos pelo projecto", que se insere no contexto dos esforços para a redução da pobreza no país. Ontem, no decurso da reunião anual de avaliação do PROAGRI, os doadores deixaram, muito diplomaticamente, transparecer que não estão a gostar da roubalheira. Javier Puyol, representante da União Europeia, falando em nome dos doadores, disse que nos últimos 12 meses houve progressos na melhoria da capacidade de gestão financeira, mas que a demonstração financeira não é suficiente. Disse que é necessário um melhor detalhe, como, por exemplo, a comunicação periódica dos balanços. Para facilitar e uniformizar a prestação de contas aos diferentes doadores, foi assinado um memorando de entendimento entre o Governo e os
doadores. O memorando prevê um fluxograma comum para a alocação de fundos, pelos doadores, e mecanismos práticos de avaliação e monitoramento do
seu impacto. (Notícias, 22/05/01) Sob suspeita de fraude: Gilberto Mendes, 34 anos de idade, director da companhia de Teatro Gungu e deputado da Assembleia da República pela Frelimo, foi eleito ontem, num processo polémico, presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ). Mendes foi eleito com 40 votos a favor e 31 contra. O seu opositor, José Pontavida, do grupo "Centro de Convergência" recebeu 31 votos e os restantes foram invalidados devido a irregularidade. O processo de votação contou com a participação de 86 delegados representando todas as províncias e sensibilidades juvenis filiadas no CNJ, criado em 1997. Gilberto Mendes liderava uma lista constituída por Salomão Muchanga, da Fundação Joaquim Chissano, João Paulino Jasse, o deputado Édson Macuácua, Ruth Cangela, Rui Cangela e Jorge Matine, director do jornal "Domingo". Mendes deverá dirigir os destinos do CNJ por um período de três anos. Entretanto, Rui de Sousa, responsável da Liga Juvenil da Renamo, que desistiu de se candidatar para apoiar a candidatura de Pontavida, acusou o
grupo de Gilberto Mendes de manipulação da tendência de voto. Sousa acusa Mendes de ter aliciado os delegados com 70 milhões de meticais para votarem a seu
favor. Por outro lado, Mendes acusou de Sousa de lhe ter telefonado, propondo um pacto coligatório, o que foi recusado. Ele afirma que foi na sequência desta recusa que o
grupo de Rui de Sousa foi apoiar a lista de Pontavida. Entretanto, há informações que indicam que Pontavida teria impugnado as eleições.
(Notícias, 22/05/01) Massacre de Montepuez: O oficial da PRM que comandava as forças policiais em Montepuez, nos dias que se seguiram às manifestações da Renamo, Basílio Guezane, e que é acusado de ter ignorado os pedidos de socorro dos detidos, disse ontem perante tribunal que na corporação há "intocáveis". Ele acrescenta que o problema que o liga ao "caso Montepuez" não poderá ser resolvido sem que os "intocáveis" sejam responsabilizados. Segundo o réu, estes são Juma Macequesse, director da PIC em Cabo Delgado e António Frangulis, director da PIC da cidade de Maputo, sob ordens dos quais decorreu todo o processo de detenções e triagens dos detidos. Aquele oficial recordou que na Polícia existe hierarquia que deve ser respeitada, sendo que numa situação em que existia um Adjunto de Comissário, António Frangulis, e um Adjunto de Superintendente, Juma Macequesse, ambos comandantes de todas as operações, não faz sentido que os subordinados respondam em juízo "apenas por terem cumprido ordens". Guezane é subinspector, a mais baixa patente na classe dos oficiais na PRM. (Notícias, 22/05/01)
Leia também: notícia da semana passadao: Carlos Cardoso assassinado há seis meses Hoje, 22 de Maio, faz exactamente seis meses que foi assassinado Carlos Cardoso, editor do jornal metical. Na semana passada o processo-crime entrou na sua fase de instrução contraditória, na qual a defesa dos seis arguidos, indiciados da autoria material e moral do crime, têm acesso ao processo, tomam conhecimento da acusação e requerem as diligências consideradas úteis para provar a inocência dos seus constituintes. Esta fase segue-se à acusação provisória, efectuada recentemente pelo Ministério Público. O jornal metical apurou que Ayob Satar e o antigo gerente do balcão do BCM de Sommerschield, Vicente Ramaya, foram acusados de autoria moral do assassinato, enquanto sobre Nini Satar, Anibalzinho, Carlitos Rachid e Manuel Fernandes pesa a acusação de autoria material. A instrução contraditória tem a duração de três meses. Depois disso, o Ministério Público e o
acusador particular farão a acusação definitiva, a qual será entregue ao juiz que julgará o processo. A este cabe avaliar se a acusação
definitiva tem pernas para andar num julgamento. Hoje a família, colegas e amigos de Carlos Cardoso vão prestar-lhe homenagem no local do crime. (metical
22/05/01) Notícias de ontem (21 de Maio): Inhambane está às escuras há duas semanas |