Greve nos CFM-Sul entra no seu sexto dia Uma locomotiva puxando oito vagões de carga e seis de passageiros, proveniente de Ressano Garcia, descarrilou na manhã de ontem à entrada da cidade de Maputo. A composição descarrilada obstruiu a linha, impedindo a circulação de comboios de e para Maputo, que já era reduzida por causa da greve dos trabalhadores dos CFM-Sul, que entrou hoje no seu sexto dia. Apesar do facto de descarrilamentos não serem acontecimentos raros na linha de Ressano Garcia, é difícil não relacionar o acontecimento à paralisação laboral. Os grevistas, no entanto, rejeitam qualquer responsabilidade pelo sucedido. O Ministro dos Transportes e Comunicações, Tomás Salomão, que está ausente de Maputo, pronunciou-se sobre a greve. Naquilo que parece ser um exemplo de censura (ou será autocensura?) na comunicação social, os noticiários da Rádio Moçambique ontem inicialmente citavam o ministro chamando o movimento grevista de "vandalismo", mas, mais tarde os noticiários da RM davam uma imagem mais moderada das palavras do ministro, que teria apelado ao diálogo e à observância dos procedimentos legais. De acordo com o jornal Notícias de hoje, os trabalhadores teriam acordado, na quinta-feira passada, que o SINPOCAF, sindicato dos trabalhadores ferro-portuários, os representasse no diálogo com a direcção da empresa. Porém, os grevistas condicionam o reinício das negociações à continuidade da greve, a qual só poderá ser levantada quando forem satisfeitas suas reivindicações. Por seu turno, a administração da empresa recusa-se a aceitar as pré-condições e defende que só dialogará com os trabalhadores se estes abandonarem a greve e regressarem aos postos de trabalho. (Notícias, RM, MOL, 11/08/01) Leia também a notícia de ontem No Norte do país: O abastecimento de combustível à zona norte do país, a partir do Porto de Nacala, será em breve normalizado, em virtude da conclusão, na quinta-feira passsada, das obras de correcção do oleoduto que liga o porto aos reservatórios do produto. Neste momento está a decorrer o transporte do combustível, via marítima, rodoviária e ferroviária para os centros de consumo em Quelimane, Nampula, Pemba e Lichinga. A crise de combustíveis no norte eclodiu há cerca de mês e meio, quando a conduta que liga o porto de Nacala aos depósitos de armazenagem foi sabotada pela população, levando a BP sul-africana, a companhia fornecedora dos combustíveis, a suspender a actividade a partir de Junho último. Entretanto, condições de operacionalidade foram repostas e está garantida a segurança ao longo dos 3,5 quilómetros do percurso do oleoduto, afirmou o Ministério de Recursos Minerais e Energia. A crise de carburantes naquela região foi aproveitada por "candongueiros" que misturavam o gasóleo e a gasolina com água, alcatrão ou outros líquidos para vender o "combustível" a preços especulativos. A crise afectou negativamente muitos serviços e paralisou quase por completo todo o transporte nas quatro províncias nortenhas. A cidade de Lichinga ficou às escuras, já que a sua electricidade é gerada por motores a diesel. (Notícias, 11/08/01) Leia também a notícia de Dhlakama termina visita ao centro do país O Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, chega hoje à capital do país depois de cerca de 45 dias de visita de trabalho às províncias do centro do país para "esclarecer as populações sobre a situação política nacional". Em Maputo, Dhlakama vai inteirar-se dos preparativos do congresso do seu partido, que terá lugar em Setembro na província de Nampula, e programar a próxima etapa da sua deslocação às províncias Cabo Delgado, Nampula, Niassa e Zambézia, no norte do país. A visita do líder da Renamo iniciou no dia 29 de Junho e abrangeu vários distritos das províncias de Manica e Tete, onde as
autoridades governamentais acusaram a sua guarda pessoal de espancamento e rapto de funcionários públicos. A Renamo, por seu lado, acusou a Frelimo de ter feito tudo para
fazer com que a sua visita fracasasse. (Notícias, 11/08/01) Notícias de ontem (10 de Agosto): Greve nos CFM-Sul está a prejudicar a indústria; Polícia ocupa recinto ferro-portuário |