Devido a aumento do preço do pão: Os industriais nacionais de moagem de trigo poderão fechar as portas e despedir os cerca de 2 mil trabalhadores que empregam, caso o Governo decida subsidiar a importação de farinha de trigo do estrangeiro, alegadamente solicitada pelos panificadores. Entretanto, os panificadores afirmam que se o Governo facilitar a importação vai contribuir para o derrube do monopólio que as moageiras detém na distribuição da farinha de trigo, levando à redução dos custos de produção do pão. As moageiras e os panificadores entraram em rota de colisão devido à recente decisão de agravar o preço do pão, proposta pelos panificadores, deliberação justificada pelos sistemáticos e "inexplicados" aumentos do custo da farinha de trigo nas moageiras. Entretanto, estas julgam que o aumento do preço do pão não pode ser exclusivamente fundamentado pela lógica do último aumento do custo de farinha de trigo já que no passado houve outros aumentos que, entretanto, não foram acompanhados por nenhum aumento do preço do pão. Na semana passada as moageiras nacionais dirigiram uma carta ao Ministério do Comércio e Indústria, para informar sobre a estrutura de preços de venda de farinha de trigo e de pão praticados na vizinha África do Sul. No ofício, elas tomam aquele país como ponto de referência para o estabelecimento de preços de venda de vários bens de uso e de consumo vendidos no mercado nacional, uma vez que o seu abastecimento é assegurado por produtos importados da África do Sul. (Notícias, 20/08/01) Leia também a notícia de 6 de Agosto: Fome espreita vários distritos do país Equipas multisectoriais de avaliação da vulnerabilidade, constituída por técnicos da Agricultura, do Comércio e do Instituto Nacional de Gestão das Calamidades Naturais (INGC), deslocam-se a partir de hoje às províncias, para apurar a disponibilidade de alimentos e as estratégias locais de sobrevivência, face aos sinais de alerta sobre uma eventual crise de fome no país. A missão realiza-se habitualmente neste período do ano e tem em vista o apuramento dos resultados e o impacto das colheitas da segunda época da última campanha agrícola. Neste momento há informações dispersas sobre a crise de fome no país, com excepção daquelas zonas tradicionalmente conhecidas, como são os casos de Mabote e Govuro, na província de Inhambane, Chicualacuala, Mabalane e Massangena, em Gaza, Moma e Memba, na província de Nampula. Recentemente, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Hélder Muteia, estimou em 20 os distritos que poderão registar crise alimentar resultante da má segunda época agrícola, durante a campanha transacta, acrescida à situação de emergência criada pelas inundações. O Ministro ajuntou que, para garantir a segurança alimentar às famílias camponesas, o INGC continuará a prestar
assistência alimentar até ao próximo ano. Por outro lado, o Governo já desembolsou os cerca de 300 mil USD que faltavam para a aquisição de
insumos agrícolas para as famílias camponesas em situação difícil, nas regiões centro e sul do país, para fazerem face à campanha
agrícola 2001/2002, que principia em Setembro próximo. (Notícias, 20/08/01) Fotos do cadáver de Siba-Siba: O proprietário e director do semanário sensacionalista "Fim-de-Semana", o jornalista Leandro Paul, foi chamado ao Conselho Superior da Comunicação Social por ter publicado uma foto do corpo do PCA do Banco Austral, António Siba-Siba Macuácua, assassinado no passado dia 11. De acordo com Julieta Langa, presidente do Conselho de Comunicação Social, o Fim de Semana teria violado os princípios da ética comum. "A publicação da fotografia de cadáver em sangue é chocante para qualquer um", acrescentou Langa - como se o assassinato em si fosse menos chocante do que a fotografia. Para Paul, a publicação da reportagem e fotos tinha por objectivo "mais do que informar publicamente sobre a barbaridade ocorrida, fazer sobretudo os nossos leitores reflectirem sobre o grau de impunidade com o qual temos vindo a viver o nosso dia-a-dia, no qual matar e mandar matar está a constituir o pão nosso de cada dia, sem que se encontrem os autores morais e materiais, sem que haja punição por estes crimes, sem que haja justiça". (O Público 18/08/01) A resposta de Leandro Paul ao CSCS está no site do
Fim-de-Semana Em Manhiça: O Governo decidiu envolver cerca de mil soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique nas obras de reabilitação dos diques de protecção de áreas agrícolas no distrito da Manhiça, na província de Maputo. Os trabalhos de reabilitação dos diques, destruídos pelas cheias que no ano passado desvastaram o sul do país, arrancaram no passado sábado e devem durar cerca de duas semanas. O envolvimento do contingente militar nas obras foi anunciado na passada quarta-feira, em Maputo, numa conferência de imprensa dada conjuntamente
pelos Ministros da Defesa Nacional, Tobias Dai, e da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Helder Muteia. Falando na ocasião, Muteia disse que, para além dos militares, o
Governo decidiu envolver também cerca de dois mil camponeses locais que irão beneficiar do projecto. (TVM, 19/08/01, AIM, 15/08/01) Nas principais cadeias do sul: Cerca de dois mil reclusos de algumas cadeias do sul do país estão a beneficiar de um curso de educação sanitária que tem como objectivo minimizar os problemas de má nutrição e saneamento com que se debatem nos centros prisionais. O curso, o primeiro do género no país, é promovido pela Comunidade de Santo Egídio, em parceria com os ministérios da Saúde, do Interior e da Justiça e é financiado pelo Governo irlandês em cerca de 300 mil USD. Lançado na sexta-feira, o curso vai beneficiar a todos os reclusos que se encontram na Cadeia Central, Cadeia de Máxima Segurança
(BO) e Cadeia Feminina da Matola. Assim, textos de educação sanitária em língua portuguesa foram produzidos por uma equipa de médicos da Santo
Egído e estão a ser distribuídos em centros de Saúde, escolas e cadeias moçambicanas. A iniciativa representa o primeiro passo de uma política
que visa a recuperação e reinserção dos reclusos na sociedade. (Notícias, 20/08/01) Notícias de sábado passado (18 de Agosto): Grevistas nos CFM-Sul querem convocar greve geral |