Parceiros internacionais, representados por agências bilaterais e multilaterais, prometeram 722 milhões de dólares em ajuda internacional para garantir o funcionamento da economia durante o próximo ano. Deste montante, 80% será alocado em forma de donativos e os restantes 20% como empréstimos. O apoio foi anunciado ontem, em Maputo, no final da reunião do Grupo Consultivo sobre Moçambique, que é coordenado pelo Banco Mundial. O valor, que inclui parte dos compromissos assumidos em Julho numa conferência sobre a reconstrução após as cheias deste ano e que ainda não foram cumpridos na sua totalidade, é acima dos cerca de 600 milhões USD solicitados pelo Governo. Estas contribuições juntam-se ao alívio da dívida que foi concedido ao país no quadro da iniciativa HIPC. A conferência decorreu à porta fechada, mas tudo indica que os doadores se mostraram preocupados com a falta de transparência nas despesas do Governo, com a corrupção generalizada e com as enormes perdas dos dois bancos privatizados, o BCM e o Banco Austral, nos quais o Estado é sócio. Outra preocupação dos participantes foi a independência da Justiça no país. O Governo prometeu um programa ambicioso de reforma legal e judicial, com o objectivo de melhorar a capacidade e a eficiência do sistema judicial. De acordo com o comunicado de imprensa no final do encontro, o Governo se comprometeu também a implementar um programa "agressivo" de recuperação de créditos e a combatar as actividades ilegais no sector financeiro. Depois da reunião, o director do Banco Mundial para Moçambique, Darius Mans, disse que os compromissos assumidos no encontro "reflectem a confiança da comunidade internacional no governo moçambicano e nos seus planos para reduzir a pobreza". Vários delegados indicaram que a sua ajuda ao país poderá assumir cada vez mais a forma de apoio orçamental, desde que haja um melhoramento adequado na gestão das finanças públicas. De acordo com Darius Mans, 50% do apoio do Banco Mundial já vai directamente para o Orçamento do Estado. (AIM, Notícias, TVM, 26 e 27/10/01) Leia também a notícia de ontem: Corrida à presidência da Renamo: Agostinho Murrial, natural de Inhambane, e Manuel Pereira, da Zambézia, ambos deputados pela Renamo na Assembleia da República, são os dois adversários de Afonso Dhlakama na corrida à presidência daquele partido, cujo IV congresso terá início segunda-feira próxima, na cidade de Nampula. José de Castro, chefe do gabinete central de preparação do congresso, disse à imprensa que a candidatura dos dois "não representa nenhuma afronta" a Dhlakama, porquanto, o partido entende que é preciso "dar espaço para outros membros se candidatarem". O actual presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, disse ontem em entrevista ao jornal Notícias que do Congresso sairá uma Renamo
renovada, uma maior transparência e democratização das estruturas partidárias. Acrescentou que, caso perca a corrida para continuar na presidência do
partido, está preparado para "felicitar e aconselhar o vencedor". Entretanto, nem dentro, nem fora da Renamo há quem acredite que as duas candidaturas possam constituir
alguma ameaça para Dhlakama e muitos acham que o lançamento, à última hora, de dois "adversários" não passa de uma tentativa de mostrar ao
mundo que há democracia na Renamo. Ao congresso da Renamo foram convidados todos os partidos políticos, incluindo a Frelimo. (AIM, Notícias, TVM, 26 e
27/10/01) Chissano em Madrid: O Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, disse que a sua experiência política provou que um povo faminto e privado de outros
bens básicos não pode assegurar o desenvolvimento democrático, "porque a democracia traduz-se na satisfação plena das aspirações das
pessoas". "A nossa curta experiência em Moçambique ensinou-nos que a democracia é sobre as aspirações de pessoas, e não simplesmente sobre
instituições e modelos", disse Chissano, durante o discurso que pronunciou em Madrid na Conferência Internacional, organizada pela Fundação Gorbatchev
e a organização espanhola FRIDE, que tenta identificar ameaças aos processos de transição democráticas. (AIM 26/10/01) Notícias de ontem (26 de Outubro): Iniciou reunião do Grupo Consultivo |