Manifestações e repressão policial:
Linha do Limpopo já reabriu
A linha férrea do Limpopo, interrompida ao tráfego internacional desde o passado mês de Fevereiro, reabriu no passado dia 9, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, Pascoal Mocumbi. A reabertura desta via férrea, que liga Moçambique ao Zimbabwe, segue-se a obras de emergência levadas a cabo com fundos próprios dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), do Canadá e dos EUA, avaliados em cerca de 7,5 milhões USD.
No seu percurso de cerca de 522 quilómetros a linha atravessa várias obras de arte e muitas delas, até ao quilómetro 224, ficaram danificadas. Os cerca de nove meses de paralisação da linha da Limpopo criaram aos CFM um prejuízo estimado em 14 milhões USD - uma perda diária na ordem dos 50 mil USD - devido à paralisação do tráfego internacional. Uma vez concluídas as obras de emergência deverá arrancar a fase de reconstrução definitiva, que está avaliada em 55 milhões USD já garantidos pela USAID. (TVM 10/11/00)
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Moçambicanos chocados com imagens de brutalidade exibidas pela SABC
Moçambicanos e sul-africanos assistiram na noite da passada terça-feira à transmissão de imagens severamente chocantes de agentes da polícia a treinarem cães na arte de atacar e capturar fugitivos, utilizando como "isca" três prisioneiros que se supõe serem imigrantes ilegais moçambicanos. As imagens, transmitidas no programa "Special Assignment", no canal 3 da televisão pública SABC, foram captadas por uma "fonte anónima", que as cedeu à estação há cerca de 10 dias, e retratam o que parece ser uma sessão de treino em 1998, decorrida numa área deserta, em terrenos mineiros, na zona de Springs, a leste de Joanesburgo.
Nas imagens pode-se ver seis polícias de raça branca, afectos à unidade de treino de cães da região do East Rand, a incitarem cães a atacarem prisioneiros negros, ao mesmo tempo que gritam "slogans" ofensivos de carácter racista. Durante a "sessão de treino", que se arrasta por mais de uma hora, os três presos são severamente mordidos pelos cães, sendo visíveis, em númerosos grandes planos das vítimas, feridas e lacerações profundas provocadas pelos ataques dos animais.
O Governo moçambicano condenou a atitude brutal da Polícia sul-africana contra imigrantes moçambicanos. O Ministro do Trabalho, Mário Sevene, disse que as imagens reportadas são abomináveis, horríveis e atentam contra os direitos humanos. Para Sevene é "incomprensível e inaceitável" uma situação destas numa altura em que já não existe "apartheid" na África do Sul, que se possa ainda ter agentes da polícia a agirem daquela maneira. No entanto, o Ministro da Protecção e Segurança da África do Sul, Steve Tshwete, ordenou a detenção imediata dos seis polícias.
Refira-se que no próximo dia 1 de Dezembro, agentes policiais em número não especificado irão ao tribunal por terem cometido actos idênticos em Agosto último, em Nelspruit. No incidente, um moçambicano foi espancado até a morte e agentes policiais largaram cães para um outro que, entretanto, sobreviveu. (Notícias e TVM, 10/11/00)
Notícias de 8 e 9 de Novembro:
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