Caso Montepuez: Ontem foi o último dia do julgamento de 18 pessoas acusadas de terem sido os "cabecilhas" das manifestações de 9 de Novembro na vila de Montepuez. O Ministério Público pediu a absolvição de cinco dos réus - Jaime John, Sumaila Apadre, Alfate Malumia, Silvestre Paulo e Armando Mondlane - por não se reunirem provas suficientes da sua participação. Um dos acusados estava preso na cadeia que foi invadida pelos manifestantes, que libertaram todos os presos. José Pintainho, alegadamente o líder das operações da Renamo naquilo que a acusação considera uma acção planificada para tomar o poder em Montepuez, negou todas as declarações que ele fez durante as investigações preliminares, alegando que essas foram feitas sob tortura. Pintainho tinha dito que a demonstração da Renamo teve por objectivo a ocupação do comando distrital da polícia, da residência do administrador, assim como das instalações do Conselho Municipal de Montepuez. Também teria declarado que Secundino Cinquenta, acusado de ser o principal organisador da demonstração, matou um agente da polícia no comando distrital e queimou o corpo. Mas na sexta-feira da semana passada Pintainho retirou todas as declarações. Na quinta-feita, Rodrigues Bacar confirmou que os manifestantes que invadiram o comando policial de facto arrombaram o paiol donde retiraram "pelo menos 80" armas. Disse que essas armas foram distribuídas entre alguns manifestantes, para executarem um plano feito previamente por Bacar e um grupo de companheiros. As declarações de Bacar contradizem as feitas o dia anterior por Secundino Cinquenta, o primeiro a ser ouvido, que afirmou que todas as armas que estavam nas mãos dos manifestantes foram arrancadas a agentes de polícia que as usavam para disparar contra a multidão. As declarações de todos os réus coincidem no aspecto de que os manifestantes estavam todos desarmados e que foi a polícia quem começou a disparar. Um papel central na argumentação da acusação desempenhou uma agenda, pertencente a Cinquenta, na qual a polícia encontrou apontamentos e esboços que constituiriam um "plano de assalto e ocupação de instituições públicas". Secundino, entretanto, alega tratar-se de um plano feito depois de a manifestação iniciar, para os elementos da segurança da Renamo protegerem os locais vitais da cidade, assim que o caos se instalara com os primeiros disparos da Polícia. Cinquenta não soube explicar a ocorrência na sua agenda da palavra "ataque". A sentença será lida no dia 5 de Julho. (RM, AIM, Notícias 4 a 10/05/01) Leia a notícia de na Matola: As autoridades moçambicanas continuam à procura dos tambores com pesticidas obsoletos, roubados na Estação de Tratamento de lixo tóxico, na Matola, nos princípios do ano. A estação é gerida pela firma dinamarquesa "Monberg and Thorsen". Pius Rafael, técnico do Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), disse ao "metical" que, até segunda-feira, apenas a metade do conteúdo dos tambores roubados tinha sido recuperado. Pius lamentou o facto de os pesticidas recuperados terem sido encontrados fora dos tambores, enterrados no solo. Dado que foram roubados 19 tambores contendo 950 toneladas de substâncias tóxicas, continuam por recuperar 475 toneladas de pesticidas. Um ecologista disse que o facto de os pesticidas terem sido escondidos no solo poderá trazer "consequências graves para a saúde pública", dada a possibilidade de o produto contaminar os lençois freáticos e dado que na Matola existem salinas e zonas onde se tiram mariscos (metical 08/05/01) Leia notícia de 15 de Março: na África do Sul: Pelo menos um moçambicano morreu na sequência de uma explosão que ocorreu terça-feira na mina de ouro "Beatrix", na província sul-africana de Free State. Trata-se de Tody Vudja, natural da província de Sofala, que figura entre os doze mineiros mortos vítimas da explosão, causada por uma concentração de metano. Na altura da explosão encontravam-se em actividade laboral 4 000 trabalhadores a uma profundidade de mais de 800 metros. No ano passado ocorreu outro acidente naquela mesma companhia, propriedade da "Gold Fields", no qual perderam a vida sete mineiros, dos quais dois
moçambicanos. A "Beatrix Mine" emprega pouco mais de 4 000 mineiros, dos quais 1 250 são moçambicanos. (AIM 09/05/01) Cruz Vermelha de Moçambique: A Cruz Vermelha de Moçambique angariou na noite da passada terça-feira, em Maputo, mais de 10 mil dólares, resultantes de um leilão que aconteceu no decurso de um jantar de gala, a favor das vítimas das cheias no centro do país e de crianças órfãs de pais vítimas de SIDA. O montante resultou da venda de quatro quadros fornecidos por Malangatana Valente Nguenha e Noel Langa. Foi igualmente leiloado o fato de treino que a campeã olímpica dos 800 metros, Maria de Lurdes Mutola, teria usado nos jogos olímpicos de Sidney. O jantar realizou-se no âmbito da comemoração do dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, que se assinalou na passada
terça-feira. No âmbito das celebrações, a CVM deverá inaugurar no próximo sábado um centro de saúde em Mucodoene, na
província de Inhambane. A CVM existe desde 10 de Julho de 1981, mas só foi reconhecida pelo Governo e pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha, em Maio e Setembro
de 1988 respectivamente. Tem actualmente cerca de 70 mil membros e mais de 4 mil voluntários. (Notícias, 10/05/01) Notícias de ontem (9 de Maio): Chissano não se recandidata em 2004 |