Moçambique on-line

Notícias do dia 1 de Fevereiro 2002

Gasoduto Temane-Secunda:
Obras adjudicadas à Aveng

A SASOL seleccionou um consórcio liderado pela Aveng, o maior grupo sul-africano de construção e engenharia, para a construção e exploração do gasoduto entre Moçambique e África do Sul. O contrato é avaliado em 1700 milhões de rands. A Aveng deverá construir os 865 km de gasoduto, com componentes produzidos na África do Sul, no Japão e na Alemanha. O gasoduto pertencerá a uma "joint venture" formada entre a SASOL e os governos moçambicano e sul-africano, devendo o grosso do investimento ser realizado pela SASOL.

Esta empreitada implicará o gasto de 765 milhões USD directamente em Moçambique e a criação de cerca de mil postos de trabalho temporários. Segundo a SASOL, a Aveng foi seleccionada porque "tem capacidade de cumprir o contrato em condições de elevado risco, que incluem a presença de minas, surtos de malária, cheias e o transporte das tubagens para zonas remotas desprovidas de estradas". A Aveng já realizou obras similares no Cazaquistão, Vietname e Botswana. O gás de Temane deverá começar a chegar a Secunda, África do Sul, em 2004 e será transformado em combustível sintético para as fornalhas de aço, substituindo o carvão em numerosas operações da SASOL. Secunda receberá de Temane gás numa quantidade equivalente a 5 milhões de toneladas de carvão. (Notícias, 01/02/02)

Leia mais sobre este tema (notícia de 28 de Setembro 2001):
Construção do gasoduto de Pande vai começar nos princípios de 2002

 

Com a falência da Enron
Já não haverá Fábrica de Aço de Maputo

O governo moçambicano reconhece que com a falência da empresa americana Enron, há o risco de o projecto de ferro e aço de Maputo não ir para frente. O projecto, mais conhecido por MISP (Maputo Iron and Steel Project), previa a construção nos arredores de Maputo de uma fábrica que iria produzir dois milhões de toneladas de lingotes de aço por ano, usando minério de ferro importado da África do Sul e o gás natural da província de Inhambane. A Enron estava ainda à procura de parceiros para ficarem com 50% do empreendimento. Após a falência da Enron em Dezembro do ano passado, nenhuma outra companhia mostrou qualquer interesse no projecto de ferro e aço de Maputo.

Em meados dos anos noventa, a Enron tentou de todas as maneiras ganhar o direito exclusivo sobre os campos de gás em Inhambane. Para pressionar o Governo moçambicano, funcionários da USAID ameaçaram cortar o apoio a Moçambique se a Enron não ficasse com os direitos de exploração do gás. Durante as negociações a Enron lançou o boato de que o então ministro dos Recursos Minerais, John Kachamila, estaria a exigir "luvas" como condição para a assinatura do contrato. O governo acabou por ceder os direitos sobre o campo de Pande à Enron, mas o campo menor de Temane foi alocado à empresa sulafricana SASOL. Em 2000 a Enron retirou-so da produção e do transporte do gás e vendeu os seus direitos à SASOL, que iria construir um gasoduto de Inhambane até às suas instalações na cidade sul-africana de Secunda, com uma ramificação para Maputo para alimentar MISP.

"A falência da Enron compromete a esperança que o governo tinha de ver mais uma indústria de grande envergadura implantada no país, porque, entre outros aspectos, possibilitaria a criação de mais postos de emprego", disse fonte do Ministério dos Recursos Minerais e Energia. A fonte considerou que o projecto poderia trazer benefícios para o país, na medida em que permitiria a utilização do gás natural na indústria nacional. Sem o MISP, a quase totalidade do gás de Inhambane será exportada para a África do Sul.

O Governo não recebeu ainda nenhuma informação da Enron acerca do que esta empresa pretende fazer em relação ao projecto. A posição do Governo é que a Enron é dono da autorização e que ela deve decidir o que vai fazer com ela, pelo menos enquanto durar o prazo de validade desta autorização. De acordo com o vice-ministro da Indústria e Comércio, Salvador Namburete, a Enron, antes de entrar em falência, tinha pedido ao Governo para suspender temporariamente a implementação do projecto, para fazer alguns "acertos" e que avisaria quando ia retomar, facto que não chegou a acontecer. (AIM 28/01, Notícias 01/02/02)

Leia mais sobre este tema (notícia de 23 de Novembro 2001):
Projecto de redução de ferro poderá estar afectado

 

Indiciado de roubo de produtos do PMA:
Banoo já não está na cadeia

O transportador Ismael Banoo, detido na Beira por desvio de 55 toneladas de arroz doadas pelo PMA e cujo destino eram as vítimas das cheias acomodadas no Centro de Chupanga, na província de Sofala, parece estar a beneficiar de um tratamento "VIP" junto da Polícia de Investigação Criminal (PIC) e da Procuradoria Geral da República. Actualmente, Banoo, em vez de estar detido nas celas da PIC, em Sofala, encontra-se "internado" no "hospital policial" local, segundo recomendação médica. Há suspeitas de que a doença seja uma invenção dos médicos daquela unidade sanitária, que alegadamente estarão envolvidos nos "esquemas de corrupção" que pairam à volta do caso.

A suspeita é sustentada pelo facto de encontrarem-se actualmente nos calabouços da PIC pessoas manifestamente doentes e cujo estado de saúde é deplorável, enquanto que para Banoo ser "evacuado" bastou um simples alarme. Recentemente, o governador de Sofala, Felício Zacarias, denunciou à TVM que um procurador da República, na cidade da Beira, teria persuadido a Polícia a libertar Banoo, sob pretexto de que o caso não tinha relevância. (Savana e TVM, 01/02/02)

Leia mais sobre este tema (notícia da segunda-feira passada):
Desvio de ajuda alimentar: 20 mil passam fome em Chupanga

 

Apreendidos 2 mil celulares em Ressano Garcia

As Alfândegas de Moçambique dizem ter apreendido na semana passada, na fronteira de Ressano Garcia, 2 mil aparelhos de telefone celular que haviam sido importados para o país ilegalmente. A consumar-se a fraude, o infractor teria defraudado o Estado em cerca de 2 mil milhões MT. As Alfândegas indicam que a mercadoria é avaliada em 7,5 mil milhões MT, esperando-se que o Estado venha a arrecadar cerca de 4 mil milhões MT de direitos aduaneiros e multas devidas pela tentativa de fuga ao fisco. O infractor declarara tratar-se de acessórios de telemóveis que segundo as normas em vigor no país tem uma taxa situada entre os 7,5 e 17%, contra os 17 a 30% estabelecidos para aparelhos completos. (Notícias, 01/02/02)
 

Notícias de ontem (31 de Janeiro 2002):

INGC "antecipa" calamidades
A partir de amanhã: Telefone 30% mais caro
Com argumento de Leite de Vasconcelos: Anteestreia do "Gotejar da Luz"


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