Moçambique on-line

Notícias do dia 14 de Fevereiro 2001

Na Zambézia:
INGC sem combustível e sem parafusos...
Número de mortes chega a 26

As operações de assistência alimentar e sanitária às populações que se encontram isoladas na província da Zambézia, em consequência das cheias que assolam a região centro do país, poderão ficar comprometidas devido à falta de combustível. Ontem só estavam disponíveis 200 litros para garantir a movimentação de meios aéreos e marítimos e o Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC) já esgotou os fundos que tinham sido alocados para a aquisição de reservas de combustível.

Entretanto, a montagem de uma ponte metálica que deveria restabelecer a ligação rodoviária entre Macuze e Namacurra foi interrompida por que os parafusos necessários para a montagem não existem em toda a província de Zambézia. No distrito de Namacurra há várias localidades sem ligação com a sede. Informações provenientes do distrito de Mocuba dão conta de pelo menos 8 mortes e mais de 500 pessoas afectadas. Nos distritos de Mocuba e Lugela várias estradas ficaram intransitáveis por causa das chuvas. O número de mortes em toda a província é de pelo menos 26. (Notícias, RM 14/02/01)

Nível do Zambeze continua a subir

A barragem de Cahora Bassa cancelou por completo as suas descargas por forma a minimizar a situação de cheias à jusante. No entanto os afluentes do rio Zambeze continuam a descarregar muita água em consequência das chuvas. No distrito do Chinde seis pessoas morreram, cerca de 500 casas ficaram destruídas e 32 mil hectares de culturas estão perdidos.

Alimentos estão a ser transportados por via aérea pelo PMA para o distrito de Caia onde, em Murraça e Sena, há cerca de 2500 pessoas afectadas pelas inundações. A estrada Caia-Sena está inundada, impossibilitando o acesso à ponte Dona Ana sobre o rio Zambeze. Todo o trânsito rodoviário entre Sofala e Zambézia ficou interrompido porque o batelão de Caia está novamente parado.

A sede do distrito de Tambara ficou isolada do resto do país. Nas vilas de Chemba e Marromeu alguns bairros estão inundados. Em Mutarara, o administrador do distrito alertou para o facto de os barcos adstritos às operações de socorro serem insuficientes para cobrir as necessidades. Na localidade de Inhangoma continua a haver pessoas refugiadas em cima de árvores. Devido às inundações, 27 escolas estão encerradas na província de Tete, afectando cerca de oito mil alunos. Mesmo nos subúrbios da cidade de Tete muitas pessoas tiveram que abandonar as suas casas inundadas.

As chuvas intensas que continuam a cair no centro do país estão a afectar também as províncias de Manica e Sofala. Devido à subida dos rios, o distrito de Mossurize ficou isolado do resto da país; a ligação Mossurize-Chimoio é feita via Zimbabwe. No distrito de Nhamatanda 1500 alunos ficaram sem aulas devido ao aumento do caudal do rio Púnguè e dos seus afluentes. A ligação rodoviária Tica-Buzi, assim como a ligação de Machanga com a EN 1, continuam interrompidas. Muita chuva caiu também em Vilanculos, no norte da província de Inhambane. O nível do rio Save tem estado a subir. (Notícias, RM 14/02/01)

Trabalhadores da Mozal suspendem greve

Ontem foi um dia muito movimentado na fundição Mozal. Às seis da manhã os cerca de 200 trabalhadores moçambicanos afectos aos sectores de manutenção e operações entraram em greve. A direcção começou a anunciar o despedimento de todos os grevistas por considerar a greve ilegal. Aos trabalhadores que estavam concentrados fora da fundição foram distribuídos panfletos dando conta da sua suspensão imediata do trabalho, por violação dos seus contratos. No entanto continuaram as tentativas de se encontrar um entendimento. Foram vistos no terreno da fábrica representantes do sindicato, três ministros (Carlos Morgado, da Indústria e Comércio, Mário Sevene, do Trabalho, e Castigo Langa, dos Recursos Minerais e Energia) e alguns representantes da empresa Billiton, a maior accionista da Mozal, que vieram da África do Sul para tentar resolver o conflito.

Pouco antes das 16 horas os trabalhadores decidiram suspender a greve, depois de o patronato, os trabalhadores e o governo terem chegado a um acordo quanto à necessidade de revisão da recente sentença do comité de arbitragem criado para dirimir o desacordo entre as partes quanto à revisão da tabela salarial e ajustamento de níveis hierárquicos. A revisão da sentença visa encontrar uma solução mais clara do problema; caso isso não acontece, o assunto será remitido a um tribunal judicial.

Independentemente desta revisão, a Mozal anunciou que irá aplicar as novas tabelas salariais, de acordo com a proposta apresentada pelo patronato. As novas tabelas prevêem um acréscimo de 50% ao salário básico, para trabalhadores da categoria mais baixa, passando estes a auferir cerca de 8 milhões de meticais contra os anteriores 3,5 milhões de meticais. Estes salários começam a ser pagos no mês em curso, com efeitos retroactivos a partir de Janeiro último. Antes da greve a Mozal estava a obrigrar os trabalhadores a assinarem um papel no qual declaram que aceitam as novas tabelas salariais. Até ontem, do total dos trabalhadores abrangidos apenas 30% tinha aceite as novas condições propostas pelo patronato. (Notícias, metical 14/02/01)

Leia também:
notícia de ontem: Greve parcial na Mozal
notícia de 8/02: Há conflito na Mozal
artigo no NoTMoC de 12/02: Ameaça de greve na Mozal
 

PGR exonera e movimenta procuradores provinciais

O Procurador Geral da Repúlica, Joaquim Madeira, exonerou os procuradores chefes e seus substitutos em sete províncias do país. Cessaram funções os procuradores de quatro províncias: Niassa, Zambézia, Tete e Sofala. O procurador de Nampula foi transferido para Sofala, o de Cabo Delgado foi transferido para Maputo, o de Gaza para Inhambane e o de Manica para a Cidade de Maputo. (Notícias, 14/02/01)

Comércio livre na SADC: África do Sul dá o exemplo

Sifio Ngwenya, do Departamento do Comércio e Indústria da África do Sul (RAS), anunciou que seu país vai tornar-se no primeiro estado membro da SADC a aplicar o acordo de comércio livre assinado em Maseru, Lesotho, em 1996. Ngwenya, afirmou na quarta-feira, que a partir de Setembro próximo, a RAS deixará de cobrar 76% de todas as taxas alfandegárias dos produtos transaccionados com países da SADC.

Ajuntou que em 2006 o seu país terá liberalizado 97% de todo o seu comércio com a região. O protocolo de comércio livre, assinado em 1996 e que lança as bases para a criação de uma zona atractiva para o investimento estrangeiro, foi apenas ratificado pela RAS em 1999, dado que, segundo Ngwenya, os sul-africanos pretendiam "afinar" certos pontos da agenda, designadamente o tratamento diversificado a ser dado a alguns produtos como o café, chá, plásticos, maquinaria, equipamento fotográfico e médico e veículos automóveis. (Notícias, 14/02/01)

Leia também: notícia de 17 de Agosto 2000:
Moçambique não aplicará protocolo comercial até 2001
 

Notícias de ontem (13 de Fevereiro):

Greve parcial na Mozal
Treze mortes em mais um acidente de viação
Sumiram 8 milhões de contos no Banco Austral em Nacala
Internacional Democrática Cristã apela: "Libertem os presos políticos"


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