Chissano volta a ameaçar: Num comunicado de imprensa, datado de 21 de Setembro, mas divulgado pela imprensa local apenas ontem, o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, acusa a Frelimo e o seu governo de estarem a preparar uma operação, com ajuda da polícia sul-africana, visando objectivos do seu partido nos distritos de Inhaminga e Marínguè e na cidade da Beira. Sem se referir directamente ao comunicado, o presidente Joaquim Chissano disse ontem, em Maputo, que os homens armados da Renamo, "guardas da segurança dos responsáveis e dos objectivos deste partido (...) terão de ser desarmados" no âmbito das operações de desmantelamento de esconderijos de armas, levadas a cabo pela polícia moçambicana em cooperação com a sua congénere sul-africana. Chissano, que falava a jornalistas logo após a cerimónia no Monumento dos Heróis Moçambicanos por ocasião do 25 de Setembro, aparentemente estava a fazer alusão às operações conjuntas de desmantelamento de esconderijos, denominadas "Rachel". Com estas declarações, as tensões a volta das armas na posse da Renamo voltam à tona, após quase um ano de calma. Recorde-se que em Outubro do ano passado a Polícia de Intervenção Rápida assaltou a sede nacional da Renamo na Beira, a residência e o gabinete de Afonso Dhlakama, assim como outras residências de dirigentes da Renamo, alegadamente para confiscar "material bélico". O material apreendido e apresentado posteriormente à imprensa, no entanto, não passava de algumas armas pertencentes aos guardas da Renamo e meia dúzia de pares de botas. Apesar das reacções indignadas na cidade da Beira, onde a acção foi considerada uma provocação desnecessária, a polícia começou a atacar grupos de homens armados da Renamo em Inhaminga e Marínguè. A operação policial foi interrompida, depois de acusações de Chissano de Dhlakama ter dado ordens aos seus homens para abrirem fogo contra os polícias atacantes e depois de Dhlakama ter exigido a criação de uma comissão de inquérito internacional para examinar os acontecimentos. Escondendo-se por detrás de um legalismo conveniente ("A lei não autoriza que partidos políticos estejam na posse de armas," disse o Ministro do Interior, Almerino Manhenje) o Governo da Frelimo continua a não entender que a paz no país passa pela criação de confiança entre as partes envolvidas e insiste na monopolização do uso da violência. A qualquer preço? (Notícias, MOL, 26/09/01) Leia sobre a operação "Rachel" (notícia de 7 de Julho): No Rio de Janeiro: A Universidade Federal do Rio do Janeiro, no Brasil, promove desde ontem um encontro sobre a Ilha de Moçambique. O evento é patrocinado pelo Instituto de Camões e reúne escritores e intelectuais de países de língua portuguesa que debatem a história e a produção artística daquela região insular de Moçambique. Na reunião, o director do Instituto de Camões no Brasil, Rui Rasquilho, vai abordar a importância histórica da Ilha entre os séculos XVI e XVIII, altura em que servia de escala para embarcações que ligavam a Índia à Europa. Por seu turno, o cônsul de Portugal no Rio, Luís Filipe, vai falar sobre as obras literárias dos escritores portugueses que relatam Moçambique. Filipe tem dois poemas sobre a Ilha. Entre muitos outros, participarão no colóquio o historiador moçambicano António Sopa e o autor Nelson Saúte. Em
paralelo ao encontro estão a ser exibidas obras do artista plástico moçambicano Pompílio Gemuce, vídeos sobre a Ilha e apresentados poemas que relatam
as belezas daquele local. (Notícias, 26/09/01) Em oito meses: Os Serviços de Florestas e Fauna Bravia na província da Zambézia arrecadaram, nos primeiros oito meses do presente ano, cerca de 1,5 mil milhão de meticais. A receita é proveniente da exploração da madeira, uma das principais actividades económicas da província. Entretanto, dos 107 pedidos de licenças de exploração remetidos àqueles serviços apenas 48 foram autorizados. Deste número, 12 licenças foram destinadas a exploradores industriais e 36 a semi-industriais, que exploram 23 mil m³ dos 30 mil
autorizados. Das principais espécies de madeira exploradas destacam-se a umbila, pau-ferro e monzo, que são processadas internamente ou exportadas para países como a
África do Sul, Malásia, Hong-Kong e Japão. (Notícias, 26/09/01) Notícias de ontem (25 de Setembro): 25 de Setembro: há 37 anos começou a luta de libertação |