Simão culpa ocidente pela crise do Zimbabwe O ministro moçambicano de Negócios Estrangeiros e Cooperação, Leonardo Simão, convocou ontem o corpo dipomático acreditado em Maputo, para lhe dar alugumas "explicações" sobre a cimeira extraordinária do SADC, que se realizou a semana passada em Blantyre, no Malawi. O ministro falou dos conflitos em Angola e na República Democrática do Congo. Exortou os países ocidentais a melhor coordenarem as suas diferentes iniciativas de paz. O mundo deve "falar numa mesma voz", disse Simão, como fez no caso de Moçambique em 1992. Simão falou demoradamente da situação no vizinho Zimbabwe e não deixou a mínima dúvida sobre o total alinhamento do governo moçambicano com o do Robert Mugabe. Os problemas no Zimbabwe, disse Simão aos embaixadores, vem de fora. "Não tragam mais violência a África," disse, dirigindo-se aos países ocidentais. O ministro condenou o que chamou a "interferência grosseira nos assuntos internos do Zimbabwe", criticou a "propaganda claramente hostil e aberta contra o governo do Zimbabwe" de alguns países ocidentais e apelou a dois países em particular para que fechem as emissões de rádio feitas a partir dos seus territórios. A sugestão de censura parece dirigir-se a Grã-Bretanha e a Holanda. A "SW Radio Africa" é uma emissora em onda curta, dirigida por zimbabweanos que vivem na Inglaterra, e que transmite informações actuais sobre a situação no Zimbabwe. A outra estação é a "Voice of the People", que usa as antenas da Rádio Holanda para transmitir programas feitos no Zimbabwe - principalmente entrevistas que mostram como a crise no país afecta a vida das pessoas. As rádios livres não são do agrado de Mugabe, que já anunciou que, em retaliação, não aceita observadores ingleses, nem holandeses, durante as eleições de 9 e 10 de Março próximo. Comentário. A vergonhosa demonstração de cumplicidade com um regime dictatorial, que não tem o mínimo de respeito pela liberdade de expressão e pelos direitos fundamentais dos seus cidadãos, que Simão acaba de fazer, tem o mérito de desmascarar definitivamente a aparência de democrata que o ministro ainda mantinha. E, se Simão não for corrigido nos próximos dias, teremos a confirmação de que os "democratas" que governam este país aprovam a aplicação de censura e que as suas simpatias políticas estão do lado de regimes fascistas que incitam ao racismo e à violência. Caíram as máscaras! Machado da Graça, na sua rúbrica habitual "A Talhe de Foice" no Savana da semana passada, reagindo à conferência de imprensa de Joaquim Chissano sobre a cimeira do SADC e sobre a situação no Zimbabwe, perguntou: "Por onde será que Robert Mugabe está a agarrar os dirigentes da região para eles tomarem estas posições aberrantes? Se quem não é parvo se humilha a fazer papel de parvo publicamente, alguma coisa deve existir por detrás. Esperemos que não vamos descobrir o que é quando já for tarde demais." (Savana 18, Notícias 25/01/02, MOL) No site da SW Radio Africa pode ouvir as emissões desta rádio; Apesar do crise no Zimbabwe: O Porto da Beira registou, durante o ano passado, um incremento no seu tráfego de cerca de 8%, comparado a igual período de 2000. Em 2000,
aquele porto manuseou 2 185 500 toneladas de carga global nacional e internacional, enquanto que no ano passado, atingiu as 2 356 100 toneladas. De acordo com o director do Porto,
Chinguane Mabote, o incremento deveu-se sobretudo ao "know-how" introduzido pelo operador privado, a "Cornelder Moçambique", que detém 85% das operações no
porto. Os restantes 15% estão sob a gestão directa dos CFM. O director disse que o aumento teria sido maior ainda se não fosse a grave crise económica que o
Zimbabwe está a atrevessar. (Notícias, 25/01/02) Renamo adia Conselho Nacional para 4 de Fevereiro A Renamo adiou para o dia 4 de Fevereiro a reunião do seu Conselho Nacional, que tinha sido marcado para a próxima semana, na cidade de Quelimane, província da Zambézia. A reunião visa, entre outros assuntos, analisar estratégias relativas às eleições autárquicas e gerais de 2003 e 2004, respectivamente, discutir aspectos da organização interna do partido e empossar o novo secretário-geral do partido, Joaquim Vaz. O secretário-geral cessante, João Alexandre, afirmou que a reunião dará prosseguimento às recomendações do IV congresso do partido, realizado em Novembro, devendo adoptar uma estratégia de divulgação das suas decisões a nível da base. Refira-se que a Renamo e outros partidos da oposição boicotaram as primeiras eleições locais em 1998. (Notícias, 25/01/02) Leia também esta notícia da segunda-feira passada: Defesa interpõe recurso Hassane Abdul, cidadão tanzaniano de 32 anos de idade, foi condenado ontem, pelo Tribunal Judicial da cidade de Maputo, a nove anos de prisão maior, acusado de prática de crimes de falsificação de documentos e encobrimento de crime de furto de veículos. Hassane deverá pagar ainda uma multa diária de 5 mil meticais, durante seis meses, e 800 mil meticais de imposto de justiça. Entretanto, após a leitura da sentença a defesa de Hassane interpôs recurso, aceite pelo tribunal. Segundo o Tribunal, Hassane entrou ilegalmente no país em 1982, fixou-se em Mueda até 1987, para depois mudar-se para Maputo onde se dedicou a negócios ilícitos e à falsificação de documentos. Hassane deixou de ser cidadão livre em Novembro de 1998, quando foi detido pela Polícia na posse de um passaporte, carta de
condução e DIRE não registados. Nas buscas feitas à sua residência, foram recuperados pedras preciosas e semi-preciosas, livretes e títulos de
propriedade de veículos falsos, os quais alegou terem sido deixados por cidadãos sul-africanos que se dedicavam à venda de carros. Dentro de 8 dias a defesa de
Hassane deverá apresentar junto do tribunal as suas alegações, enquanto o réu vai continuar a aguardar em prisão, na BO, pelo desfecho do seu caso.
(Notícias, 25/01/02) Notícias de ontem (24 de Janeiro 2002): Pulverização contra malária decorre em Maputo |