Moçambique on-line

Notícias do dia 25 de Janeiro 2002

Simão culpa ocidente pela crise do Zimbabwe
e apela à censura

O ministro moçambicano de Negócios Estrangeiros e Cooperação, Leonardo Simão, convocou ontem o corpo dipomático acreditado em Maputo, para lhe dar alugumas "explicações" sobre a cimeira extraordinária do SADC, que se realizou a semana passada em Blantyre, no Malawi. O ministro falou dos conflitos em Angola e na República Democrática do Congo. Exortou os países ocidentais a melhor coordenarem as suas diferentes iniciativas de paz. O mundo deve "falar numa mesma voz", disse Simão, como fez no caso de Moçambique em 1992.

Simão falou demoradamente da situação no vizinho Zimbabwe e não deixou a mínima dúvida sobre o total alinhamento do governo moçambicano com o do Robert Mugabe. Os problemas no Zimbabwe, disse Simão aos embaixadores, vem de fora. "Não tragam mais violência a África," disse, dirigindo-se aos países ocidentais. O ministro condenou o que chamou a "interferência grosseira nos assuntos internos do Zimbabwe", criticou a "propaganda claramente hostil e aberta contra o governo do Zimbabwe" de alguns países ocidentais e apelou a dois países em particular para que fechem as emissões de rádio feitas a partir dos seus territórios.

A sugestão de censura parece dirigir-se a Grã-Bretanha e a Holanda. A "SW Radio Africa" é uma emissora em onda curta, dirigida por zimbabweanos que vivem na Inglaterra, e que transmite informações actuais sobre a situação no Zimbabwe. A outra estação é a "Voice of the People", que usa as antenas da Rádio Holanda para transmitir programas feitos no Zimbabwe - principalmente entrevistas que mostram como a crise no país afecta a vida das pessoas. As rádios livres não são do agrado de Mugabe, que já anunciou que, em retaliação, não aceita observadores ingleses, nem holandeses, durante as eleições de 9 e 10 de Março próximo.

Comentário. A vergonhosa demonstração de cumplicidade com um regime dictatorial, que não tem o mínimo de respeito pela liberdade de expressão e pelos direitos fundamentais dos seus cidadãos, que Simão acaba de fazer, tem o mérito de desmascarar definitivamente a aparência de democrata que o ministro ainda mantinha. E, se Simão não for corrigido nos próximos dias, teremos a confirmação de que os "democratas" que governam este país aprovam a aplicação de censura e que as suas simpatias políticas estão do lado de regimes fascistas que incitam ao racismo e à violência. Caíram as máscaras!

Machado da Graça, na sua rúbrica habitual "A Talhe de Foice" no Savana da semana passada, reagindo à conferência de imprensa de Joaquim Chissano sobre a cimeira do SADC e sobre a situação no Zimbabwe, perguntou: "Por onde será que Robert Mugabe está a agarrar os dirigentes da região para eles tomarem estas posições aberrantes? Se quem não é parvo se humilha a fazer papel de parvo publicamente, alguma coisa deve existir por detrás. Esperemos que não vamos descobrir o que é quando já for tarde demais." (Savana 18, Notícias 25/01/02, MOL)

No site da SW Radio Africa pode ouvir as emissões desta rádio;
tem também uma boa colecção de links com informações sobre o Zimbabwe.

Leia também esta notícia de 16 de Janeiro:
SADC rejeita aplicação de sanções

 

Apesar do crise no Zimbabwe:
Tráfego no porto da Beira aumentou 8%

O Porto da Beira registou, durante o ano passado, um incremento no seu tráfego de cerca de 8%, comparado a igual período de 2000. Em 2000, aquele porto manuseou 2 185 500 toneladas de carga global nacional e internacional, enquanto que no ano passado, atingiu as 2 356 100 toneladas. De acordo com o director do Porto, Chinguane Mabote, o incremento deveu-se sobretudo ao "know-how" introduzido pelo operador privado, a "Cornelder Moçambique", que detém 85% das operações no porto. Os restantes 15% estão sob a gestão directa dos CFM. O director disse que o aumento teria sido maior ainda se não fosse a grave crise económica que o Zimbabwe está a atrevessar. (Notícias, 25/01/02)
 

Renamo adia Conselho Nacional para 4 de Fevereiro

A Renamo adiou para o dia 4 de Fevereiro a reunião do seu Conselho Nacional, que tinha sido marcado para a próxima semana, na cidade de Quelimane, província da Zambézia. A reunião visa, entre outros assuntos, analisar estratégias relativas às eleições autárquicas e gerais de 2003 e 2004, respectivamente, discutir aspectos da organização interna do partido e empossar o novo secretário-geral do partido, Joaquim Vaz.

O secretário-geral cessante, João Alexandre, afirmou que a reunião dará prosseguimento às recomendações do IV congresso do partido, realizado em Novembro, devendo adoptar uma estratégia de divulgação das suas decisões a nível da base. Refira-se que a Renamo e outros partidos da oposição boicotaram as primeiras eleições locais em 1998. (Notícias, 25/01/02)

Leia também esta notícia da segunda-feira passada:
Renamo quer revisão da lei eleitoral ainda este ano

 

Defesa interpõe recurso
Hassane apanha nove anos

Hassane Abdul, cidadão tanzaniano de 32 anos de idade, foi condenado ontem, pelo Tribunal Judicial da cidade de Maputo, a nove anos de prisão maior, acusado de prática de crimes de falsificação de documentos e encobrimento de crime de furto de veículos. Hassane deverá pagar ainda uma multa diária de 5 mil meticais, durante seis meses, e 800 mil meticais de imposto de justiça. Entretanto, após a leitura da sentença a defesa de Hassane interpôs recurso, aceite pelo tribunal. Segundo o Tribunal, Hassane entrou ilegalmente no país em 1982, fixou-se em Mueda até 1987, para depois mudar-se para Maputo onde se dedicou a negócios ilícitos e à falsificação de documentos.

Hassane deixou de ser cidadão livre em Novembro de 1998, quando foi detido pela Polícia na posse de um passaporte, carta de condução e DIRE não registados. Nas buscas feitas à sua residência, foram recuperados pedras preciosas e semi-preciosas, livretes e títulos de propriedade de veículos falsos, os quais alegou terem sido deixados por cidadãos sul-africanos que se dedicavam à venda de carros. Dentro de 8 dias a defesa de Hassane deverá apresentar junto do tribunal as suas alegações, enquanto o réu vai continuar a aguardar em prisão, na BO, pelo desfecho do seu caso. (Notícias, 25/01/02)
 

Notícias de ontem (24 de Janeiro 2002):

Pulverização contra malária decorre em Maputo
Expansão da Mozal: Governo contribui com 16 milhões USD
Fernando Lima eleito PCA da Mediacoop


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