HCB: Caudais afluentes ditam elevação das descargas As cotas de água na albufeira da barragem de Cahora Bassa (HCB) estão a registar uma subida, em virtude do aumento contínuo dos caudais afluentes, desde a última quinta-feira. Neste momento a HCB está a descarregar através das três comportas abertas um caudal de 4 400 m³/s. As cheias que afectam a região centro do país já fizeram pelo menos 81 mortos, cerca de 563 mil afectados, dos quais 35 mil vivem na condição de deslocados. Entretanto, encontram-se já no centro de operações de assistência de Caia 30 camiões que transportam 450 toneladas de géneros alimentares para as vítimas das cheias. (Notícias, 02/04/01) Centros de acomodação recebem mais bens de socorro Dos doadores: O Ministro de Saúde, Francisco Songane, disse a semana passada em Maputo que alguns doadores estão a oferecer ao país medicamentos fora do prazo ou já impróprios para a sua administração em doentes. Songane fez esta revelação depois de ter visitado o departamento de "stocks" de medicamentos do Hospital Central de Maputo (HCM), onde foi confrontado ainda com outras questões, como seja o problema de infiltração da água no armazém de medicamentos e o perigo de incêndios pelo facto de o sector, que se encontra na cave, ser atravessado por condutas que transportam diversos tipos de gases. Sobre a questão dos medicamentos fora do prazo, Songane lamentou o facto e ajuntou que tal é uma violação das directrizes imanadas pela OMS, no que respeita a doação de medicamentos. O Ministro indicou que as ofertas devem ser negociadas directamente com o Ministério da Saúde e tem de haver uma insistência no sentido de o doador indicar taxativamente em que data as quer entregar, fora de ser sujeito a seguir os requisitos da OMS. Refira-se que Songane foi informado que, no armazém do HCM, alguns medicamentos que tinham dado entrada sob forma de donativo, dentro do prazo, ficaram deteriorados devido à má conservação. (Notícias, 02/04/01) Simão ataca campanha de justiça por Cardoso O ministro moçambicano de Negócios Estrangeiros, Leonardo Simão, abriu, em declarações feitas a semana passada em Londres, o ataque contra o movimento que exige justiça no caso-Cardoso. Naquilo que parece ser um "recado" para o Movimento pela Paz e Cidadania, o ministro afirmou que por detrás da campanha, "há actores políticos (...) que não querem apresentar-se como um partido político", que teriam lançado um "ataque concertado" com o objectivo de desacreditar o Governo. Já bastava esta acusação para provar que o ministro se sente pouco à vontade com o exercício da cidadania, mas o digníssimo membro do Governo optou por aplicar mais um golpe abaixo da cintura, acusando o movimento de racismo ("quando é um preto que é assassinado não há tanta alarido"), sugerindo até motivações neo-coloniais (trata-se de "uma acção concertada visando um objectivo já antigo, mas vestido com roupas diferentes"). Simão não é o primeiro membro deste Governo a dar provas públicas de ignorar por completo que contestar as acções do governo - ou a falta delas - é um direito básico do cidadão num Estado de Direito. O movimento de protesto desencadeado pelo assassinato de Cardoso é contra os que roubam e matam impunemente, é contra a corrupção, contra a criminalidade e ilegalidade, contra a manipulação da informação. Não é com golpes baixos que um ministro vai silenciar esta voz da contestação. Ainda não vivemos numa ditadura... A acusação de racismo está a ser usada com muita frequência ultimamente, não pelo cidadão comum, mas sempre por quem teme perder o poder e por falta de argumentos. A acusação de racismo não é um argumento, é o fim de todos os argumentos. É o recado da força: "não vale a pena argumentar, porque nunca terás razão". Que bom seria se vivéssemos num país onde o Presidente da República exigisse, de imediato, que o membro do seu governo se retractasse... Leia: Manifesto do Movimento Pela Paz e Cidadania Mazula obtém apenas um terço dos votos Na sexta-feira passada o Conselho Universitário, órgão máximo da Universidade Eduardo Mondlane, recebeu, com dois dias de atraso, o relatório da Comissão de Selecção com os resultados da "consulta" realizada na passada terça-feira, dia 27. O actual reitor, Brazão Mazula, candidato único à sua própria recondução, conseguiu o voto de apenas 32% dos docentes e dos estudantes e de cerca de 55% do pessoal técnico e administrativo. A abstenção foi na ordem dos 60%, o que é tido como uma vitória do apelo ao boicote feito pelo Sindicato dos Professores da UEM. O Conselho Universitário, composto maioritariamente por amigos e aliados de Brazão Mazula, decidiu - com apenas um voto contra - enviar ao Presidente da República o nome de um único candidato a reitor: Brazão Mazula, ignorando as disposições nos Estatutos da UEM que prescrevem a indicação de três candidatos. O Presidente da República é quem nomeia os Reitores das Universidades públicas. (MOL, metical, TVM) Leia a nossa notícia de 28 de Março: Eleições na UEM marcadas pela abstenção e a de 24 de Março: "Tudo vale" na campanha de Mazula Visite o site dos docentes: Notícias de sábado passado (31 de Março): Políca espanca e detém cidadãos arbitrariamente |