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Notícias do dia 21 de Agosto 2001

Ainda exigindo os seus subsídios:
Regressados da ex-RDA manifestam-se

Os regressados da antiga República Democrática Alemã (RDA) passaram, a partir de ontem, a manifestar-se defronte do Ministério do Trabalho, em Maputo, munidos de dísticos, e objectos sonoros tais como tambores, batuques, apitos, para persuadirem o Governo a "pagar o que lhes deve". A jornada de ontem, a primeira no âmbito da nova estratégia, decorreu das 9 da manhã até às 17 horas, e as outras que seguirão deverão obedecer o mesmo horário.

O grupo, que espera pela resolução do problema há mais de 11 anos - quando a reunificação da Alemanha, em Outubro de 1990, os obrigou a regressar ao país - alega que está cansado das "manobras dilatórias" do Governo na resolução do problema. Na altura o Governo alemão transferiu para Moçambique o dinheiro a que os trabalhadores moçambicanos tinham direito no quadro dos acordos assinados em 1979 entre os Governos de Moçambique e da RDA. Os trabalhadores alegam que os subsídios que receberam não correspondem às contribuições que fizeram enquanto trabalhavam naquele país.

O Governo afirma que não deve nada aos trabalhadores. Em Fevereiro deste ano, o Ministro do Trabalho, Mário Sevene, considerou que o movimento estava a ser vítima de uma "campanha de desinformação". O Executivo, no entanto, reconhece o abandono a que esses cidadãos estão condenados, ao afirmar que está a busca de subsídios que possam garantir a reintegração sustentável do grupo, criando oportunidades para o auto-emprego. Ao princípio da tarde de ontem, Sevene disse estar disposto a receber um grupo representativo dos manifestantes. (Notícias, 21/08/01)

Leia também a notícia de 2 de Setembro de 2000:
Alemanha só paga quem voltou depois de 1990
 

Aos 16 dias de paralisação nos CFM-Sul:
Grevistas denunciam "isca" do patronato e continuam a greve

Com a greve nos CFM-Sul a entrar na sua terceira semana, as relações entre grevistas, sindicato e administração tornam-se cada vez mais tensas. Ontem o SINPOCAF, sindicato dos trabalhadores ferro-portuários, dialogou com os grevistas, sob forte vigilância da Força de Intervenção Rápida, para apresentar uma proposta de regresso ao trabalho a partir de hoje, dia de pagamento dos salários ao pessoal afecto à direcção ferroviária. O sindicato afirma que o ideal seria que os grevistas voltassem ao trabalho, de onde "o movimento seria novamente accionado com a estrita observância da lei, ao contrário do que acontece com o actual movimento". A direcção da empresa teria assegurado que nenhum trabalhador que abandonar a greve e regressar ao trabalho sofrerá represálias.

Entretanto, os trabalhadores, depois de se terem reunido a sós para avaliar o conteúdo da proposta, concluíram que se trata de uma "isca" para silenciar o movimento. Com efeito, a liderança da greve alertou aos trabalhadores que o melhor era continuar com a paralisação porque a direcção não quer colaborar. Com efeito a greve continua. Os poucos comboios que circulam na região sul fazem-no com forte protecção, assegurada por um contigente armado de homens de segurança da empresa.

Ontem a Polícia de Intervenção Rápida voltou a escorraçar os grevistas de lugares públicos. Com carros blindados e cães a polícia desalojou os grevistas dos diversos lugares onde se encontravam pacificamente. Ontem também os grevistas receberam a informação que os seis trabalhadores que a polícia prendeu na sexta-feira passada estão a ser acusados de terem causado os descarrilamentos de diversos comboios que ocorreram desde o início da greve. Os grevistas negam ter qualquer responsabilidade pelos descarrilamentos. No entanto, de acordo com a edição de hoje do jornal mediaFAX, são três os grevistas detidos pela Polícia. Conforme os grevistas, as detenções em causa foram efectuadas nas suas residências, sem qualquer mandato de busca e captura e durante a madrugada da sexta-feira passada. (RM 20, Notícias 20 e 21, mediaFAX, 21/08/01)

Leia também a notícia de sábado passado:
Grevistas nos CFM-Sul querem convocar greve geral
 

Termina hoje a reexportação das 900 toneladas de pesticidas obsoletos

O último lote de contentores carregados de pesticidas obsoletos vai embarcar hoje, no Porto de Maputo, para a Holanda e Alemanha. A operação irá marcar o fim de um processo de reexportação daquelas substâncias tóxicas, recolhidas em diversos pontos do país, ao abrigo de um projecto do Governo financiado pelo Reino da Dinamarca.

Inicialmente era suposto que o barco carregado dos referidos pesticidas largasse ontem mas tal não aconteceu devido a atrasos registados no processo de organização do embarque. Até finais de Julho passado, seguiram para aqueles destinos 56 contentores a partir do Porto de Maputo. Na altura remanesceram 32 contentores no Porto de Maputo, 7 no da Beira e cinco no Porto de Nacala, remessa cuja reexportação deverá acontecer hoje.

Segundo as projecções do Governo, o processo de reexportação das 900 toneladas de pesticidas devia ser concluído em Outubro próximo mas, em virtude da dinâmica imprimida na operação, o processo termina hoje. Entretanto, o Executivo está a busca de financiamento para custear um inventário nacional destinado a localizar e determinar a quantidade de pesticidas obsoletos ainda existentes no país. (Notícias, 21/08/01)

Leia também a notícia de 25 de Julho passado:
Está em curso reexportação dos pesticidas obsoletos
 

Em Kampala:
Lançada Agência Noticiosa Alternativa

Chefes de Estado de seis países africanos e três primeiros-ministros, participam na estância turística de Munyonyo, nos arredores de Kampala, Uganda, no V Diálogo Internacional sobre Parceria Inteligente. A delegação moçambicana é chefiada por Joaquim Chissano e integra, entre outros, Eneas Comiche, Leonardo Simão e Francisco Sumbana. O encontro - que é coordenado pelo "inventor" da parceria inteligente, o primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad - debruça-se sobre temas tão diversos como o investimento directo estrangeiro, o papel da comunicação social, o comércio internacional e a educação.

Foi lançada a African Trade Insurance Agency (ATIA) - uma nova agência de seguros que deverá facilitar o comércio com e dentro do continente africano. A agência oferecerá a investidores em África seguros contra o risco de perturbações de ordem política e de fluctuações da moeda. A agência conta com financiamento de 105 milhões de dólares do Banco Mundial. A iniciativa visa estimular o investimento directo estrangeiro no continente.

Vários participantes afirmaram que a falta de investimento nos países africanos (o continente recebe menos que 5% de todo o investimento directo estrangeiro no mundo) em parte se deve ao quadro negativo que os meios de comunicação social pintam da realidade nos países africanos, o que desencoraja os investidores. O jornalista da TVM, Simão Anguilaze, moderador de um tema sobre o papel dos "media", defendeu que não é papel da imprensa dar uma boa impressão do país, e que, se os governos fizerem um bom trabalho, este será reflectido nos "media".

No entanto, foi lançada em Kampala a SNNi (Smart News Network international), uma agência noticiosa "on-line", na qual participam a Malásia e sete países africanos, entre os quais Moçambique. O site, que pretende trazer um noticiário "exacto, equilibrado e inteligente" deverá constituir uma alternativa pelas agências noticiosas ocidentais. Da parte moçambicana participa no empreendimento a Agência de Informação de Moçambique (AIM) a agência noticiosa pública. Na página da SNNi, no entanto, ainda não há nenhuma informação sobre Moçambique. (RM, 20 e 21/08/01)

O Quarto Diálogo sobre Parceira Inteligente decorreu em Maputo há um ano:
21 de Agosto: "Diálogo inteligente" já arrancou
22 de Agosto: O diálogo não chega à base
23 de Agosto: Parceiros tem de agir em bloco

Visite o site da Smart News Network:
clique na imagem ao lado
SNNi SNNi
SNNi

Notícias de ontem (20 de Agosto):

Moageiras e panificadores de costas voltadas
Fome espreita vários distritos do país
CSCS critica publicação de fotos do cadáver de Siba-Siba
Soldados reabilitam diques de protecção em Manhiça
Reclusos nas principais cadeias do sul recebem educação sanitária


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