Moçambique on-line

Notícias do dia 10 de Novembro 2001

Cólera alastra-se pelo país e já matou mais de 50

O surto de cólera que eclodiu há três meses na província da Zambézia está a alastrar-se pelo pais e já ceifou mais de 50 vidas. A província da Zambézia continua a ser a mais afectada: dos 1 623 casos notificados naquela província, com 27 óbitos, 445 registaram-se na capital provincial, Quelimane, com 7 vítimas mortais. Sete dos 17 distritos da Zambézia foram afectadas, nomeadamente Mocuba, Mopeia, Milange, Lugela, Inhassunge, Morrumbala e a cidade de Quelimane.

Na província de Sofala os dois distritos mais afectados são Chemba e Caia, onde houve 240 casos notificados e 23 óbitos, desde Junho último. A doença também atingiu as províncias nortenhas da Niassa e de Nampula, embora em números mais baixos. Na cidade de Maputo, onde há cerca de três anos a cólera fez muitas vítimas, foram registados até à última quinta-feira 9 casos. A razão da persistência da doença relaciona-se com as dificuldades de abastecimento de água potável, o que obriga as pessoas a recorrerem a fontes alternativas, e com as deficientes medidas de higiene pessoal e colectiva. (Notícias, AIM, 8 e 10/11/01)

Leia também esta notícia de 20 de Setembro:
Cólera está a estabilizar-se em Mocuba

 

Repleta de lixo:
Maputo faz 114 anos

A capital do país, Maputo, celebra hoje 114 anos da sua elevação à categoria de cidade. Conhecida em velhos tempos como a "cidade das acácias", Maputo é hoje a "capital do lixo". Com o lixo espelhado por todas as esquinas, é cada vez mais evidente a falta de capacidade de gestão da cidade de Maputo. O eterno argumento de falta de fundos é cada vez menos convincente.

Na quinta-feira passada, o vereador da área de salubridade e cemitérios, Yok Chan, não compareceu na sessão da Assembleia Municipal para participar no ponto da agenda referente à "limpeza da cidade", aparentemente por medo das críticas. Na semana passada Yok Chan anunciou que a empresa que vinha fazendo a recolha do lixo numa parte da cidade, a Interwaste, rescindiu unilateralmente o seu contrato com o Conselho Municipal por falta de pagamento. Desde então, o lixo vai se acumulando nas ruas da cidade. O Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Artur Canana, limita-se a repetir que a solução para a gestão do lixo é a privatização, que ele afirma estar prevista para Março do próximo ano.

Nada podia ilustrar melhor a desorganização no Município do que o letreiro afixado nos "Paços do Município"; no dia em que a cidade faz 114 anos, o letreiro afixado pela edilidade festeja os 112 anos da cidade! (AIM, Notícias, 10/11/01, metical 09/11/01)

Leia também esta notícia de 29 de Setembro:
Município de Maputo: Informe do Conselho não satisfaz Assembleia

 

Por "difamação"
Nyimpine Chissano processa Marcelo Mosse

Nyimpine Joaquim Chissano, filho mais velho do Presidente da República, decidiu processar o jornal metical e o jornalista Marcelo Mosse por causa de um artigo publicado no metical e outro, publicado no jornal português Expresso. Os dois artigos referem-se a uma notícia veiculada em Fevereiro pela imprensa sul-africana, de acordo com a qual Nyimpine teria ficado detido durante algumas horas na África do Sul. Os artigos mencionam ainda o facto que Nyimpine é conhecido em Maputo pela sua arrogância e que existem muitas dúvidas sobre a origem do seu capital.

O filho do Presidente alega que os artigos "afectaram profunda e gravemente a honra e consideração do queixoso e da sua família, com graves repercussões também para as suas actividades empresariais". Assim sendo, Nyimpine pretende que o jornalista seja "criminalmente responsabilizado, chamando-se igualmente à demanda a empresa editora metical que, nos termos do artigo 41 da Lei de Imprensa, deverá ser solidariamente condenada a pagar uma indemnização". A indemnização exigida é de 1800 milhões de meticais, o que corresponde a quase 80 000 dólares norte-americanos. O juiz Wilson Dambo, do Tribunal Judicial do Distrito Urbano nº 1, marcou para o dia 26 de Novembro o julgamento do jornalista. (mediaFAX 09/11/01)

Leia também estas notícias relacionadas:
notícia de ontem: Sobrevivência do jornal "metical" em causa
20 de Julho: Medo domina as redacções moçambicanas
artigo no metical de 22 de Fevereiro: Quem pagou a caução de Nhimpine?
no metical de 30 de Março: reacção do advogoado de Nyimpine
artigo no Expresso de 17 de Março: Os filhos rebeldes do Senhor Presidente
no Expresso de 21 de Abril: reacção do advogoado de Nyimpine

 

Moçambique repatria 120 zimbabweanos ilegais

As autoridades moçambicanas deportaram recentemente 120 zimbabweanos que se encontravam na cidade da Beira, sem a devida documentação. O repatriamento segue-se a uma operação levada a cabo pela polícia, iniciada na segunda-feira passada. Além dos 120 cidadãos zimbabweanos já repatriados, através da fronteira de Machipanda, outros 35 estrangeiros encontram-se nas mãos da polícia. Entre eles contam-se 20 cidadãos do Malawi, cinco da Tanzania, quatro do Senegal, dois da China, e ainda um cidadão de cada um dos países que seguem: Nigéria, Zâmbia, Portugal e Angola.

O Diário de Moçambique, editado na Beira, entrevistou alguns dos estrangeiros detidos. O português afirma que está a viver no país há 37 anos e que simplesmente se esqueceu de renovar a sua autorização de residência. A loja "Mubeira", que vende roupas, sapatos e utensílios domésticos no centro da Beira, fechou as portas porque os seus dois gestores chineses estão presos. A polícia não nega que alguns dos detidos têm os seus vistos de entrada em ordem, mas, esclareceu, quem entrou no país como turista não pode trabalhar. (AIM 09/11/01)

Leia também esta notícia de 25 de Outubro:
Zimbabwe repatria mais de 250 moçambicanos

 

No bairro da Benfica:
Incêndio devora loja da "Pep"

Um incêndio de grandes proporções destruiu totalmente, na madrugada de ontem, uma loja do grupo "Pep", no bairro de Bagamoyo, mas conhecido pelos seu nome colonial, Benfica, na cidade de Maputo. O fogo terá começado por volta da uma hora de madrugada, na parte interna do edifício, presumindo-se que tenha sido provocado por um curto-circuito. As lojas "Pep" vendem produtos diversos, incluindo vestuário e calçado. O incêndio foi participado aos bombeiros por um grupo de cidadãos que vive nas redondezas da loja e guardas de um estabelecimento comercial vizinho. A intervenção tardia dos bombeiros não evitou que o fogo destruísse o edifício e os respectivos produtos, cujos danos ainda não foram calculados.

Este é pelo menos o quarto incêndio que se regista na cidade de Maputo e arredores em menos de duas semanas. Num dos incêndios, duas crianças de dois e quatro anos de idade, respectivamente, morreram carbonizadas no interior de um quarto e num outro uma criança de três anos perdeu a vida e centenas de pessoas ficaram sem abrigo, no bairro Luís Cabral. O terceiro deu-se no Município da Matola, quando um reservatório gigante foi reduzido a cinzas pelo fogo. (Notícias, 10/11/01)

Leia também esta notícia de quarta-feira passada:
Reservatório na Matola continua a arder

 

Notícias de ontem (9 de Novembro):

Parlamento aprova Lei sobre Lavagem de Dinheiro
Caso INGC: Langa absolvido, Minstério Público inconformado
Sobrevivência do jornal "metical" em causa
Inhambane: Iniciou Conferência de Investidores


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